“Três Graças”: Trama de falsificação de remédios é baseada em crime real

Trama aborda falsificação de medicamentos

“Três Graças”, nova novela das 9 da Globo, mergulha em um tema delicado: a falsificação de remédios distribuídos a populações carentes. Na história, os vilões Santiago Ferette (Murilo Benício) e Arminda (Grazi Massafera) comandam uma fundação que recebe verbas milionárias para comprar e distribuir medicamentos gratuitos. No entanto, eles substituem os remédios por placebos feitos de farinha e desviam o dinheiro público.

Inspiração em casos reais e crítica social

Em entrevista ao Gshow, o autor Aguinaldo Silva explicou que a trama reflete situações já registradas na vida real. “O noticiário fala de casos assim, de remédios falsificados, de apreensão, de ação policial contra fábricas clandestinas. É um assunto grave. Já houve casos no Brasil em que pessoas foram enganadas ao tomar medicamentos placebo, que não fazem efeito”, afirmou.

Apesar de ficcional, a novela faz referência a um escândalo que chocou o país em 1998. Na ocasião, a farmacêutica alemã Schering, posteriormente adquirida pela Bayer, fabricou lotes de anticoncepcionais Microvlar sem hormônios — apenas com farinha — para testar novas máquinas de embalagem. O material, que deveria ser destruído, acabou extraviado e chegou a farmácias, provocando centenas de gestações indesejadas.

O caso das pílulas de farinha em 1998

A fraude veio à tona após a divulgação de uma reportagem da Folha de S. Paulo que apresentou “o primeiro bebê da pílula de farinha”. A servidora pública Dalva Alves Ferreira, então com 32 anos, contou que tomava o anticoncepcional desde 1990 e descobriu que as pílulas compradas pelo marido em 11 de fevereiro daquele ano não continham hormônios. Ela relatou que precisou passar por uma cesariana e optou por ligar as trompas “para evitar problemas”.

O autor lembra que o episódio serviu como inspiração direta. “Lembro do caso de mulheres que engravidaram por causa de pílulas anticoncepcionais feitas de farinha, isso em 1998, e ficaram anos buscando reparação. Nessa novela, a fábrica chama-se ‘casa de farinha’, porque os ‘medicamentos’ são feitos dessa matéria-prima”, disse Aguinaldo Silva.

Quem desmascara o golpe na novela?

Na ficção, a personagem Gerluce (Sophie Charlotte) descobre o crime após perceber que sua mãe, Lígia (Dira Paes), que sofre de hipertensão arterial pulmonar, piora ao tomar os falsos remédios. A história expõe como o grupo liderado por Santiago e Arminda manipula o sistema e explora populações vulneráveis.

Mensagem moral e estreia na Globo

Segundo o autor, a novela busca provocar reflexão sobre a desigualdade e a corrupção. “A mensagem que queremos passar com essa trama é a confrontação que existe na sociedade brasileira entre as pessoas que trabalham e dão tudo de si, e pessoas muito egoístas que só visam o dinheiro e pouco se importam com quem está sendo prejudicado pelo mal que praticam”, afirmou.

“Três Graças” vai ao ar de segunda a sábado, às 21h20, na Globo.