Guitarrista dos Titãs é melhor romancista do Brasil

Tony Bellotto vence prêmio de melhor romance do Brasil

O guitarrista e escritor Tony Bellotto, integrante dos Titãs, foi eleito o melhor romancista do Brasil no Prêmio Jabuti 2025, com o livro “Vento em Setembro”. A obra superou concorrentes de peso como Chico Buarque, Jeferson Tenório, Marcelino Freire e Alberto Mussa.

Qual é a história premiada?

Bellotto, que se divide entre a música e a literatura desde os anos 1990, confirmou com o prêmio sua consolidação como romancista, dois anos após ter vencido na categoria de romance de entretenimento com “Os Perigos do Imperador”.

Seu novo livro, “Vento em Setembro”, alterna passado e presente para entrelaçar mistério e crítica social. No interior paulista dos anos 1970, o jovem Alexandre desaparece durante uma festa organizada por seu pai, um fazendeiro poderoso, para celebrar sua “iniciação” sexual — um evento que deixa marcas profundas. Décadas depois, o escritor Davi, em Ouro Preto, investiga pichações enigmáticas em igrejas históricas que parecem se conectar àquele desaparecimento e à obra barroca de Aleijadinho. Misturando elementos de thriller e drama existencial, Bellotto constrói um romance sobre culpa, poder e o impacto do passado nas ruínas do presente.

Ruy Castro vence Livro do Ano

Organizado pela Câmara Brasileira do Livro, o Jabuti é o principal prêmio literário do país e distribui R$ 5 mil aos vencedores de cada categoria e R$ 70 mil ao vencedor de livro do ano, além de uma viagem à Feira do Livro de Londres.

A cerimônia deste ano, que aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, celebrando os 40 anos do prêmio, foi bastante musical. O troféu destacou o escritor e colunista Ruy Castro, o grande nome da noite, que conquistou a categoria de livro do ano por “O Ouvidor do Brasil: 99 Vezes Tom Jobim”, coletânea de textos sobre o compositor Tom Jobim. “Eu não sou um escritor, só acredito em fazer perguntas e tomar notas. O Rio é inesgotável e tem muitas histórias que precisam ser contadas”, disse o autor de 77 anos, ao receber o prêmio.

Outras categorias

Entre os premiados da noite também estiveram Rafael Zoehler na categoria de romance de entretenimento por “As Fronteiras de Oline”, que superou favoritos como Raphael Montes, autor de “Uma Família Feliz”, além de Vera Iaconelli, vencedora em saúde e bem-estar com “Felicidade Ordinária”, e Adilson José Moreira, vencedor em educação com “Letramento Racial”.

Na poesia, o prêmio foi concedido postumamente a Armando Freitas Filho, por “Respiro”. Sua viúva, o filho e a editora Alice Sant’Anna receberam o troféu — ela própria premiada na categoria de capa por “Acrobata”.

O escritor indígena Daniel Munduruku venceu em livro infantil com “Estações” (Moderna), enquanto o ilustrador Nelson Cruz recebeu o troféu por “Bento Vento Tempo” (Companhia das Letrinhas). Já em livro juvenil, o vencedor foi André Kondo com “O Silêncio de Kazuki”.

Predominância masculina e homenagens especiais

A lista de finalistas em 23 categorias foi marcada por predominância masculina — em romance literário, todos os indicados eram homens. O grupo Companhia das Letras liderou as premiações, seguido por Record, Todavia e Planeta.

Além dos premiados por obras recentes, a edição homenageou Ana Maria Machado, reconhecida por sua trajetória com mais de cem livros e pelo Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante da literatura infantil mundial.