
Divulgação/Netflix
O que chega em streaming: 30 estreias da semana para assistir em casa
Estreias incluem os filmes "Caramelo e "A Mulher na Cabine 10" na Netflix, a série "A Última Fronteira" na Apple TV+ e mais uma leva de animes na Crunchyroll
A programação de streaming desta semana destaca filmes recém-saídos do cinema em Vod e lançamentos inéditos na Netflix. A lista de inéditos inclui o suspense “A Mulher na Cabine 10” e o brasileiro “Caramelo”, enquanto os títulos das locadoras digitais são o reboot de “Corra que a Polícia Vem Aí”, o thriller de ação “Anônimo 2” e os terrores “Juntos” e “Faça Ela Voltar”. Entre as séries, as estreias trazem “A Última Fronteira” na Apple TV+, “Boots” e “O Plano de Ressurreição” na Netflix,e mais uma leva de animes na Crunchyroll.
tem quantidade e variedade. O tom sombrio se sobressai com “Monstro: A História de Ed Gein”, nova temporada da antologia sobre assassinos infames dos EUA, desta vez focando o psicopata que inspirou “Psicose”, “O Massacre da Serra Elétrica” e “O Silêncio dos Inocentes”.
O terror também se manifesta na nova série juvenil brasileira “Vermelho Sangue”, em que lobimoça vira lobo-guará, e em filmes como “Extermínio: A Evolução”, “O Ritual” e “M3GAN 2.0”. As opções incluem produções inéditas com vencedores do Oscar, como os dramas “O Ônibus Perdido” com Matthew McConaughey e “Steve” com Cillian Murphy.
Entre as séries, chamam atenção a comédia “Chad Powers: O Quarterback” com Glen Powell e a elogiada atração policial “Dark Winds”, com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. Os destaques incluem ainda muitas animações, de longas infantis como “Os Caras Malvados 2” e “Patos!” à dezenas de animes para adolescentes e adultos, refletindo o começo da temporada de outono no Japão. Ao todo, são 50 títulos peneirados entre os lançamentos que chegam nas principais plataformas até domingo, dia 5 de outubro. Confira a seleção.
AGORA
🎞️ CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ! | VoD*
A clássica franquia de comédia pastelão ganha uma nova versão nos cinemas, agora sob direção de Akiva Schaffer (do grupo cômico The Lonely Island, diretor de “Popstar: Never Stop Never Stopping”). O reboot traz de volta o humor absurdo de paródias policiais que fez sucesso nos anos 1980, desta vez com Liam Neeson (“Busca Implacável”) assumindo o papel de Frank Drebin Jr., filho do icônico detetive interpretado por Leslie Nielsen nos filmes originais. Combinando nostalgia e renovação, o longa também conta com a presença de Pamela Anderson (série “Baywatch”) como femme fatale e participação criativa de Seth MacFarlane (“Ted”) na produção.
Na trama, o atrapalhado detetive Frank Drebin Jr. precisa liderar a lendária unidade policial dos filmes anteriores enquanto investiga uma conspiração tecnológica que ameaça a cidade. Ao lado do parceiro interpretado por Paul Walter Hauser (“Cruella”), Frank enfrenta um vilão do Vale do Silício vivido por Danny Huston (“Succession”) e lida com a possível desativação de sua divisão policial. O roteiro faz humor autorreferencial ao introduzir filhos de outros personagens clássicos e ainda satiriza temas contemporâneos, de carros autônomos a inteligência artificial.
Cenas de ação exageradas e gags visuais remetem diretamente ao estilo dos criadores originais, Jerry Zucker, Dave Zucker e Jim Abrahams, ao mesmo tempo em que atualizam o contexto para o público contemporâneo. Com ritmo acelerado e piadas visuais a cada cena, “Corra que a Polícia Vem Aí!” busca honrar o legado da franquia, que começou como uma série fracassada (“Esquadrão de Polícia”) cancelada após apenas seis episódios em 1982. Fãs do estilo consagrado pelos Zuckers e Abrahams, diretores-roteiristas que revolucionaram o cinema de comédia com paródias a partir de “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu” (1980), tem tudo para se divertir com a produção, que destaca o desempenho cômico de Neeson — conhecido por papéis dramáticos — como um ponto alto do filme, trazendo a mesma postura séria em meio ao absurdo que consagrou Leslie Nielsen.
🎞️ JUNTOS | VoD*
A elogiadíssima estreia do diretor australiano Michael Shanks, com 90% de aprovação no Rotten Tomatoes, é um body horror romântico, estrelado e produzido pelo casal da vida real Alison Brie (“Glow”) e Dave Franco (“Truque de Mestre”). Ambientada em uma zona rural isolada, a história acompanha Tim e Millie, companheiros de longa data que acabam de se mudar da cidade para reavivar a relação e buscar uma vida tranquila. O que começa como um drama intimista de relacionamento logo assume contornos perturbadores de sobrenatural, com eventos estranhos afetando o corpo e a psique do casal – recurso que tem rendido comparações a clássicos do terror metafórico.
No desenrolar da trama, Tim (Franco), um músico frustrado, e Millie (Brie), uma professora dedicada, veem sua rotina pacata ser abalada por uma presença misteriosa na casa de campo onde passam a morar. Manifestações inexplicáveis e transformações físicas passam a ocorrer, testando os limites do amor e da identidade de ambos. Conforme os dias avançam, o casal experimenta sensações de fusão corporal e sonhos compartilhados, em um processo que expõe a codependência emocional sob forma literal. Esse elemento de body horror – executado com efeitos práticos e visuais impressionantes – serve para simbolizar os desafios e sacrifícios intrínsecos de uma relação duradoura.
O roteiro equilibra momentos de humor negro e ternura genuína em meio ao surreal, criando uma atmosfera tão inquietante quanto emocionalmente autêntica. Isto porque, além do aspecto horror, o longa funciona como um drama de relacionamento agridoce e aborda temas de individualidade versus união conjugal. Causando frisson desde sua première mundial no Festival de Sundance, “Juntos” é uma das experiências cinematográficas mais singulares do ano, ao explorar até onde duas pessoas podem ir para permanecerem juntas.
🎞️ ANÔNIMO 2 | VoD*
Bob Odenkirk (da série “Better Call Saul”) tira férias como Hutch Mansell na continuação do thriller de ação de 2021. Agora sob direção do indonésio Timo Tjahjanto (do ultraviolento “A Noite nos Persegue”), o ex-assassino viaja como pai de família comum até que seu passeio com a esposa (Connie Nielsen, de “Mulher-Maravilha”) e os filhos é interrompido por um confronto acidental com o crime organizado local. A premissa leva Hutch de volta à violência de seu passado secreto após um gângster ameaçar sua família, forçando-o a revelar suas habilidades letais mais uma vez. O elenco ainda traz a veterana Sharon Stone (“Instinto Selvagem”) como vilã, ao lado dos retornos de RZA (“Problemista”) e Christopher Lloyd (“De Volta para o Futuro”), ampliando a galeria de personagens envolvidos no caos desencadeado pelas férias “frustradas” do protagonista.
A sequência mantém a estética brutal e bem-humorada do original, intensificando as cenas de combate corpo-a-corpo e tiroteios coreografados, agora com o toque estilizado de Tjahjanto – que imprime um tom de “pastelão violento” e não poupa gore na ação. Uma diferença interessante é que Hutch enfrenta gangsters implacáveis em cenários que vão de um parque de diversões a estradas ensolaradas, contrastando com o clima urbano sombrio do primeiro filme. A fotografia assume cores mais vivas do verão e o ritmo é acelerado, enquanto o protagonista tenta proteger sua família em sequências de pancadaria criativa.
Na linha dos filmes de “um homem contra o mundo”, popularizada por “John Wick”, o longa entrega ao público exatamente o que promete: uma catarse de violência frenética com toques de humor ácido e espírito de verão.
SEGUNDA
📺 A MANGAKA’S WEIRDLY WONDERFUL WORKPLACE | Crunchyroll
A indústria dos mangás serve de cenário para esta comédia metalinguística adaptada do mangá de Kuzushiro. Produzida pelo estúdio Voil, a série satiriza os bastidores do mundo dos quadrinhos japoneses com humor ácido e conhecimento de causa. A protagonista Futami Nana, jovem autora em início de carreira, está prestes a publicar sua primeira série – uma comédia romântica ambientada no universo do shogi – mas logo descobre que a vida de mangaká está longe de ser glamourosa. Sob direção de Kaoru Suzuki (“Mergulho!”), o anime explora o dia a dia caótico de Futami enfrentando prazos insanos, noites em claro e a pressão constante por resultados, tudo isso enquanto lida com crises de criatividade e problemas de saúde decorrentes do estresse.
A rotina frenética leva Futami a delírios cômicos e situações absurdas na convivência com seu editor insistente e uma assistente desajeitada. Entre dores de estômago, lanches noturnos que lhe rendem alguns quilos a mais e prazos estourados, a aspirante a mangaká questiona se conseguirá realizar seu sonho sem perder a sanidade. O anime oferece um olhar sincero e divertido sobre os bastidores dos mangás, do ponto de vista de uma novata apaixonada e exausta, mostrando os sacrifícios e as pequenas vitórias de quem sonha viver de arte no competitivo mercado editorial japonês.
📺 MY STATUS AS AN ASSASSIN OBVIOUSLY EXCEEDS THE HERO’S | Crunchyroll
O isekai de aventura traz um toque sombrio e vingativo ao gênero de “heróis convocados”. Adaptada da light novel de Matsuri Akai (ilustrada por Tōzai), a série é animada pelo estúdio Sunrise (celebrado por “Cowboy Bebop” e “Gundam”) e acompanha um grupo inteiro de estudantes transportados magicamente a um reino de fantasia, com clichês que lembram “Failure Frame: I Became the Strongest and Annihilated Everything with Low-Level Spells” e “The Rising of the Shield Hero” antes da saga se perder. Em um dia comum na escola, Akira Oda e toda a sua turma são invocados para um mundo de espada e feitiçaria, recebendo a missão típica de derrotar o mal daquele lugar. Cada aluno ganha um poder especial grandioso – exceto Akira, a quem o ritual atribui apenas o suposto ofício medíocre de “Assassino”. Ridicularizado e subestimado em comparação ao colega que foi exaltado como o “Herói” da profecia, Akira logo descobre que as aparências enganam: suas habilidades de assassino, discretas porém letais, rapidamente se provam mais eficazes do que as do vaidoso herói do grupo.
Conforme Akira começa a desconfiar das intenções do rei que os convocou, uma conspiração palaciana coloca a culpa de um crime terrível em seus ombros, fazendo dele um bode expiatório. Traído e perseguido pelos próprios colegas e autoridades do reino, Akira é forçado a fugir e abraçar o lado sombrio de seu novo papel. Com inteligência tática e furtividade, ele usa suas técnicas – venenos, assassinatos silenciosos e golpes críticos – para desmantelar nas sombras um regime corrupto, ao mesmo tempo em que ajuda secretamente pessoas oprimidas pelo reino. O contraste irônico entre o “herói” oficial (celebrado mas incompetente) e o assassino renegado (difamado porém eficaz) traz críticas sutis à ideia de destino e mérito. Em seu caminho, Akira faz aliados improváveis, incluindo uma misteriosa espírito guardiã e até alguns ex-colegas que começam a ver a verdade por trás das mentiras. Dirigida por Ayumu Watanabe (“Ilha das Sombras”), a animação equilibra cenas de ação sombria com drama adolescente.
📺 PLUS-SIZED MISADVENTURES IN LOVE! | Crunchyroll
Representatividade e reviravoltas marcam o drama romântico investigativo baseado no mangá de Mamakari – uma obra josei elogiada por abordar positivamente questões de autoestima. A série é animada pelo estúdio Marvy Jack (que colaborou em “Spice and Wolf”). A protagonista é Yumeko Koda, uma jovem que sempre teve muitos complexos em relação ao seu peso e aparência, sentindo-se inferior, especialmente por se apaixonar por um garoto bonito. Seu cotidiano solitário vira de cabeça para baixo após um acidente quase fatal. Ao despertar do coma, Yumeko surpreende a todos com uma nova personalidade vibrante e destemida. Sofrendo de amnésia retrógrada, ela não se lembra por que vivia tão deprimida e decide recomeçar do zero, abraçando uma autoconfiança inédita. Seus colegas de trabalho mal reconhecem a “nova” Yumeko: ela passa a se vestir como quer, a expressar suas opiniões sem medo e até a flertar, irradiando carisma e alegria de viver.
Enquanto redescobre prazeres e paixões que antes se negava, Yumeko também se vê no centro de um mistério intrigante. Há lacunas nebulosas em torno do acidente que a transformou, e pistas sugerem que talvez não tenha sido tão acidental assim. Armada de bom humor e audácia, ela decide investigar o que realmente aconteceu, contando com a ajuda de Keisuke, um policial que sempre admirou sua essência (mesmo quando estava escondida sob camadas de insegurança). Sem moralizar sobre peso ou aparência, o anime dirigido por Toshihide Masudate (“TenPuru”) destaca que amor-próprio é a chave para enfrentar qualquer adversidade.
📺 RANMA 1/2 | Netflix
O remake do anime inspirado no clássico mangá de Rumiko Takahashi retorna em sua 2ª temporada com mais combates, confusões românticas e caos transformista. A série mantém o conflito que tornou o título um marco: Ranma vive sob uma maldição que o transforma em garota ao ser molhado com água fria, voltando ao normal com água quente — um embaraço constante que alimenta boa parte das situações cômicas. O mais curioso é que sua noiva adolescente enfezada prefere ele como menina, já que não suporta homens.
A produção segue sob a batuta do estúdio MAPPA, que atualiza o universo de “Ranma ½” com animação moderna e humor fiel à obra original. Ranma Saotome e Akane Tendo seguem noivos e se odiando, enquanto enfrentam novos rivais e velhos dilemas. Entre as novidades destacam-se Mousse, que tenta conquistar Shampoo, a assassina apaixonada por Ranma, enquanto Ukyo Kuonji, amiga de infância do protagonista, chega para complicar ainda mais o triângulo amoroso.
📺 SANDA | Prime Video
Baseado no mangá homônimo de Paru Itagaki (autora de “Beastars”), o anime se passa em um futuro próximo, onde a baixa natalidade criou uma sociedade em que as crianças têm status especial, e onde o Natal se tornou um mito perigoso. O protagonista é Kazushige Sanda, um estudante de 14 anos que descobre ser descendente direto do lendário Papai Noel quando a colega Shiori Fuyumura quebra um selo mágico que o impedia de se transformar no bom velhinho. Só que esse Papai Noel é musculoso e pode ajudar a dupla a encontrar uma amiga desaparecida, enfrentando uma conspiração de adultos. Mais tarde, Sanda descobre que pode voltar à sua forma de estudante comendo jujubas e se transformar novamente em Papai Noel vestindo vermelho.
A estética combina humor sombrio e drama emocional, características do estúdio Science SARU (“Dan Da Dan”), responsável pela animação. A direção é de Tomohisa Shimoyama (“Scott Pilgrim: A Série”).
📺 PARALLEL ME | Paramount+
A minissérie híbrida entre fantasia e drama acompanha Toni Falk, uma mulher de 30 anos que enfrenta uma crise pessoal. Depois de ser demitida em Dubai e retornar para Berlim, ela percebe que muita coisa mudou em sua ausência, incluindo a transformação de seu antigo quarto na casa dos pais. No meio desse colapso, Toni conhece Ariadne, uma figura quase divina que lhe dá um lenço mágico que a transporta para diversos universos paralelos onde vive diferentes versões de si mesma — hoje advogada, amanhã cantora, em outra realidade mãe ou vivendo em outro país — numa busca por sentido e identidade. A série explora temas como identidade, escolhas e segundas chances, misturando realismo urbano, fantasia poética e humor.
A narrativa explora a multiplicidade de escolhas, consequências e a tensão entre quem somos e quem poderíamos ter sido. Conforme o lenço vai “desfiando”, Toni percebe que cada realidade alternada carrega riscos e revelações. Criada pela roteirista alemã Jana Burbach (“Tribos da Europa”), a produção destaca Malaya Stern Takeda (“A Avaliação”) no papel de Toni, além de David Kross (“King’s Man: A Origem”), Maria Schrader (“Deutschland 83”), Ulrich Noethen (“Furia”) e Caroline Peters (“Andando Sobre as Águas”).
🎞️ READING LOLITA IN TEHRAN | Prime Video
A adaptação cinematográfica do best-seller homônimo acompanha Azar Nafisi, professora de literatura que retorna ao Irã em 1979 com esperança de contribuir para um novo começo do país. Mas conforme a região mergulha em turbulência após a revolução islâmica, ela se vê obrigada a abandonar seu cargo na universidade, passando a reunir secretamente seis alunas em sua casa para ler obras ocidentais proibidas.
Enquanto o governo impõe censura, frequentes revistas policiais e restrições à liberdade, as jovens mulheres expõem suas angústias, desejos e resistência. Ao lerem “Lolita”, “O Grande Gatsby” e as obras de Jane Austen — entre outros textos — elas traçam paralelos entre a opressão literária e suas vidas, fortalecendo-se umas às outras com debates sobre identidade, gênero e escolha.
A direção de Eran Riklis (“Os Árabes Também Dançam”) traça um panorama íntimo e político: cenas que retratam a cidade sob vigilância contrastam com o interior silencioso das reuniões literárias, buscando equilibrar o peso histórico com momentos de afeto e afronta intelectual.
O elenco é liderado por Golshifteh Farahani, dissidente cultural que se rebelou contra o regime iraniano. A estrela do cultuadíssimo “Procurando Ely” (2008) se tornou exilada após criticar as restrições impostas às mulheres pelo Estado islâmico e escandalizar o Irã ao posar nua para a revista francesa Madame Figaro em 2012. Desde então, tem trabalhado no exterior, inclusive em Hollywood, onde atuou em “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” (2017), “Resgate” (2020) e na série “Invasão”, atualmente em sua 3ª temporada na Apple TV+.
TERÇA
🎞️ FAÇA ELA VOLTAR | VoD*
Após o sucesso internacional de “Fale Comigo” (2022), os irmãos australianos Danny e Michael Philippou reafirmam seus talentos em um novo e impactante terror sobrenatural. A trama acompanha os meio-irmãos Andy (Billy Barratt, de “Invasão”) e Piper (a estreante Sora Wong), adolescentes que acabam de perder o pai de forma trágica. Ao irem morar numa propriedade rural isolada com a nova tutora legal, a enigmática Laura (Sally Hawkins, de “A Forma da Água”), os jovens pouco a pouco percebem que por trás da fachada gentil da mulher existe um plano sombrio: obcecada pela memória da filha biológica que morreu afogada, ela pretende realizar um ritual ocultista para trazê-la de volta à vida, envolvendo perigosamente Piper nesse propósito macabro.
A narrativa evolui numa atmosfera de tensão crescente, conforme Andy alimenta sua suspeita sobre as estranhas atividades na casa. Laura usa sua astúcia para manipular emocionalmente Andy e minar sua sanidade, tentando convencê-lo de que ele é incapaz de proteger a irmã, enquanto eventos inquietantes se acumulam: ruídos inexplicáveis nos cômodos, comportamentos bizarros e visões aterradoras, que sugerem uma presença maligna na casa. Quando Andy finalmente desvenda que Laura planeja repetir em Piper as circunstâncias da morte da própria filha, inicia-se uma corrida desesperada contra o tempo. O clímax envolve possessões, sacrifícios e luta feroz, resultando em sequências de horror visceral e emocional.
Aclamado como um dos filmes mais perturbadores do ano, “Faça Ela Voltar” consolida os irmãos Philippou como expoentes da nova geração do terror do século 21.
📺 RED ALERT | Paramount+
A minissérie israelense tenta dramatizar em tempo quase real os ataques do Hamas em 2023 — o dia mais letal para judeus desde o Holocausto – , com lançamento no aniversário de dois anos da tragédia. Muito próxima da data real para evitar uso político, a produção chama atenção justamente pela escolha declarada de não abordar política ou dar contexto ao conflito – o que é uma decisão política em si por transformar o inimigo em terror puro.
Apesar do conteúdo historicamente sensível, a série criada por Lior Chefetz (“A Protetora”) e Ruth Efroni (“Take a Number”) transforma o massacre de 7 de outubro em um thriller de ação típico, focando em quatro histórias de heroísmo individual: um policial que tenta salvar a esposa no festival Nova, uma aposentada que improvisa uma ambulância, um palestino que se esconde com o filho e uma família confinada num kibutz. O enredo mais eficaz é o da família Yahalomi, especialmente pela atuação intensa de Rotem Sela como a mãe que precisa tomar decisões extremas para proteger os filhos. Entretanto, a produção opta por não mostrar a violência de forma crua e adota um tom “limpo e palatável”, mais próximo de videogame do que de tragédia.
O ponto mais polêmico, porém, é o texto final, que informa o desfecho positivo dos personagens reais, e pode ser encarado como insensível diante do saldo atual da guerra — cerca de 70 mil palestinos mortos e milhões deslocados em Gaza.
📺 OZZY: NO ESCAPE FROM NOW | Paramount+
O documentário retrata os últimos meses de vida de Ozzy Osbourne em meio à luta contra problemas de saúde e ao desejo de se despedir dos palcos. Dirigido por Tania Alexander, produtora do The Kerrang Awards, e produzido com o aval da viúva Sharon Osbourne, o filme acompanha o roqueiro desde a recuperação da queda sofrida em 2019, que agravou seu estado físico e interrompeu sua turnê final.
A obra registra sua rotina de tratamentos, o processo criativo do álbum “Patient Number 9” e o esforço de Ozzy para se despedir de forma apropriada, revelando os bastidores do derradeiro show em Birmingham, cidade natal do artista, que reuniu grandes nomes do rock mundial. Inicialmente planejado como um relato sobre superação, o longa acabou se tornando um tributo póstumo após a morte do músico, em julho de 2025, enquanto a produção ainda estava sendo editada. Por conta das circunstâncias, o lançamento virou uma despedida póstuma do cantor do Black Sabbath, oferecendo tanto um retrato íntimo quanto uma homenagem à sua devoção à música.
📺 CAMPFIRE COOKING IN ANOTHER WORLD WITH MY ABSURD SKILL | Crunchyroll
O aclamado isekai culinário retorna em sua 2ª temporada animada pelo estúdio MAPPA (famoso por “Jujutsu Kaisen” e “Chainsaw Man”). Dirigida novamente por Kiyoshi Matsuda, a série continua a adaptar a light novel de Ren Eguchi, trazendo de volta o protagonista Mukouda Tsuyoshi – um assalariado japonês transportado a um mundo de fantasia – e sua habilidade única: acessar um supermercado online do Japão moderno para preparar iguarias deliciosas em outro mundo. Após conquistar pela barriga o lendário lobo Fenrir (Fel) e a adorável slime Sui na temporada anterior, Mukouda segue explorando reinos distantes em busca de ingredientes exóticos, transformando aventuras perigosas em banquetes memoráveis ao redor da fogueira.
Nesta nova fase, um novo companheiro se junta ao grupo, trazendo desafios e sabores inéditos para o cardápio. Mukouda continua a encantar deuses e monstros com pratos como karê, tempura e outros quitutes japoneses, mas agora também precisa lidar com ameaças que nem seus temperos podem evitar. Conspiradores do reino e criaturas mágicas perigosas cruzam seu caminho, testando a engenhosidade do “chef” improvável. Felizmente, com Fel e Sui lhe protegendo (e sempre implorando por mais petiscos), ele segue confiante, achando que uma boa refeição pode resolver quase todos os problemas. Misturando aventura leve e slice-of-life gastronômico, a 2ª temporada mantém o clima da série, celebrando a amizade e o prazer da culinária compartilhada mesmo em um mundo de fantasia.
QUARTA
🎞️ CARAMELO | Netflix
Um dos filmes brasileiros mais esperados da Netflix em 2025 traz Rafael Vitti como Pedro, um jovem chef de cozinha, que se prepara para abrir o próprio restaurante quando um diagnóstico inesperado transforma sua vida. Nesse momento difícil, ele encontra em Amendoim, um vira-lata caramelo, uma nova forma de enxergar o mundo. A relação entre homem e cachorro se torna o eixo da narrativa, retratando o afeto e a cumplicidade típicos dessa amizade.
A presença do cão caramelo, figura popular e querida no imaginário brasileiro, ganha contornos emocionais e simbólicos na trama. Mas o público já avisou à Netflix que irá boicotar a plataforma se algo acontecer com o cachorro na história. Será que Elon Musk se adiantou ao saber de algo que os brasileiros ainda não sabem?
Com direção de Diego Freitas, o longa marca a terceira colaboração do cineasta com a Netflix, após “Depois do Universo” (2022) e “O Lado Bom de Ser Traída” (2023). O elenco inclui Arianne Botelho, Noêmia Oliveira, Ademara, Kelzy Ecard, Bruno Vinicius, Roger Gobeth, Olívia Araújo, Cristina Pereira e Carolina Ferraz, além da participação especial da chef Paola Carosella.
📺 NÉRO | Netflix
Ambientada na França renascentista, a minissérie “Néro” mistura aventura e drama histórico em torno de um assassino letal que é convocado por um antigo amigo a ajudar sua filha perdida, que cresceu acreditando ser órfã. Com comportamento impulsivo e rebelde, ela cruzou com quem não devia e agora é caçada por forças poderosas.
Os episódios acompanham a tentativa do protagonista de se redimir enquanto enfrenta caçadores de recompensas, nobres corruptos e conspirações religiosas para proteger a filha que não conhecia. Com fotografia marcada por tons sombrios e locações em castelos e vilarejos medievais, a produção é liderada por Pio Marmaï (“Os Três Mosqueteiros: Milady”), Olivier Gourmet (“Chocolate”), Alice Isaaz (“Elle”) e Camille Razat (“Emily in Paris”).
📺 THE DARK HISTORY OF THE REINCARNATED VILLAINESS | Crunchyroll
Brincando com os clichês de “vilã reencarnada” que se popularizaram nos últimos anos, o anime oferece uma abordagem cômica e autoconsciente do subgênero. A protagonista, Konoha Satou, é uma jovem ordinária do mundo real que, na época de colégio, tinha um hobby secreto e um tanto embaraçoso: ela escrevia – só para si mesma – uma elaborada fanfic de fantasia sombria, repleta de tramas dramáticas e personagens exagerados, como forma de escapismo. Anos depois, tentando levar uma vida normal e enterrar esses escritos juvenis, Konoha sofre um acidente repentino… e acorda justamente dentro da história que ela mesma criou na adolescência! Pior: ela reencarnou como Iana Magnolia, a vilã cruel do seu antigo diário fantasioso.
Agora Konoha (no corpo de Iana) precisa sobreviver dentro de um mundo regido pelos clichês exagerados que ela concebeu. Ela sabe exatamente como a trama deveria se desenrolar – incluindo o destino trágico que aguarda a vilã no final. Determinada a evitar sua morte horrível, Konoha/Iana tenta usar seu conhecimento prévio do enredo para mudar o curso dos acontecimentos. Entretanto, lembrar cada detalhe do melodrama gótico que ela escreveu anos atrás se torna literalmente uma questão de vida ou morte, onde qualquer esquecimento pode desencadear um evento catastrófico que a condene. Cenas que deveriam ser épicas tornam-se cômicas quando ela sabota planos diabólicos que ela mesma criou anos atrás, deixando os outros personagens confusos, especialmente o “herói” e o “par romântico” de sua história, que Iana precisa conquistar com simpatia, refreando os instintos malignos de sua personagem.
A série do estúdio DEEN (conhecido por clássicos como “Fruits Basket” e “Fate/Stay Night”) adapta o mangá de Akiharu Tōka com direção de Hiroaki Sakurai (“The Demon Girl Next Door”) e uma mistura de humor metalinguístico, que satiriza os clichês de vilã isekai o mesmo tempo em que apresenta um arco de redenção pessoal.
🎞️ CIDADE DAS ILUSÕES | HBO Max
O clássico dirigido por John Huston (“Annie”) em 1972 é um dos primeiros filmes estrelados por Jeff Bridges, logo após seu estouro em “A Última Sessão de Cinema” (1971), e rendeu a Susan Tyrrell (“Cry Baby”) indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. O papel principal, porém, é de Stacy Keach (“Prison Break”) como Billy Tully, um ex-boxeador que vive o desgaste dos anos, tentando reviver sua carreira em um cenário de desilusões pessoais e econômicas. Ele encontra no jovem lutador Ernie Munger (Bridges) alguém com potencial — e senão esperanças, pelo menos companhia para lutar contra a estagnação. Além de confrontar seus demônios internos, Tully enfrenta dilemas afetivos: convive com Oma (Susan Tyrrell) em uma relação marcada pela dependência, e presencia Ernie lidar com pressões externas, como casamento forçado e responsabilidades inesperadas.
Huston captura com realismo a vida da classe trabalhadora e apresenta personagens complexos, distantes do estereótipo típico de filmes sobre boxe. A estética aposta em tons sóbrios e realismo cru, refletidos nas locações ao ar livre e na ambientação de ringues humildes, bares e moradias simples. A música “Help Me Make It Through the Night”, de Kris Kristofferson, completa a atmosfera melancólica do filme, que explora temas como esperança, fracasso e as dificuldades da vida, utilizando o boxe como metáfora para essas questões.
QUINTA
📺 BOOTS | Netflix
A dramédia ambientada nos anos 1990 acompanha Cameron Cope (Miles Heizer, “13 Reasons Why”), um adolescente gay, vítima de bullying, que decide entrar para o Corpo de Fuzileiros dos EUA por impulso, para acompanhar o melhor amigo. A série aborda o conflito entre identidade e conformismo, enquanto eles enfrentam os desafios implacáveis do boot camp.
Criada por Andy Parker (roteirista de “Crônicas de San Francisco”) a produção se inspira no livro de memórias “The Pink Marine”, de Greg Cope White, e mescla temas sensíveis como aceitação, masculinidade e amizade em um ambiente rigoroso e ultraconservador. O elenco também destaca Vera Farmiga (“Invocação do Mal”) como mãe do protagonista e Liam Oh (“Algo Sobre Harry”) como o melhor amigo.
📺 O PLANO DE RESSURREIÇÃO | Netflix
A série taiwanesa mistura thriller de vingança e mistério sobrenatural. A trama gira em torno de três mães, interpretadas por Shu Qi (“A Assassina”), Angelica Lee (“The Eye – A Herança”) e Alyssa Chia (“Amor Aqui e Agora”), devastadas pelo rapto e tortura de suas filhas, encontradas em coma ou traumatizadas. Sem aceitar a execução rápida e indolor do culpado, elas decidem recorrer a métodos extremos: usar o ocultismo para ressuscitá-lo por sete dias num ritual, buscando se vingar e descobrir a verdade.
O plano que parecia desesperado logo revela segredos ainda mais sombrios — conspirações internas, traições e revelações dolorosas ameaçam ofuscar a linha tênue entre justiça e crime. Escrita por Yang Shen (“Nosso Próximo Verão” ), a série tem direção de Leste Chen e Chao-jen Hsu (ambos de “The Bionic Life”).
🎞️ LIÇÕES DE LIBERDADE | Prime Video
O drama biográfico franco-hispano-britânico dirigido por Peter Cattaneo (“Ou Tudo ou Nada”) se baseia nas memórias do professor inglês Tom Michell sobre sua experiência na Argentina dos anos 1970. Ambientado em 1976, no começo da ditadura militar argentina, o filme narra como Tom Michell vai lecionar em um colégio exclusivo de meninos e acaba resgatando um pinguim ferido encontrado na praia.
A relação inesperada entre o professor solitário e o animal carismático, apelidado de Sir Nils, traz lições de empatia e esperança em meio ao cenário político conturbado da época. Com humor sutil e emoção, a produção explora os desafios pessoais e o despertar humano do protagonista ao lado dos estudantes, que se interessam pelo animal. O elenco principal traz Steve Coogan (“Philomena”) como Tom Michell e Jonathan Pryce (“Game of Thrones”) como o severo diretor Buckle, retratando o choque cultural do professor britânico e a resistência silenciosa sob o regime militar, enquanto as ruas são tomadas por desaparecimentos e paranoia.
SEXTA
📺 A ÚLTIMA FRONTEIRA | Apple TV+
Jon Bokenkamp, criador de “The Blacklist”, une forças com o roteirista Richard D’Ovidio (“Chamada de Emergência”) em uma nova série de ação ambientada nas paisagens geladas do Alasca. “A Última Fronteira” combina perseguição criminal e suspense ao acompanhar Frank Remnick, delegado vivido por Jason Clarke (“Planeta dos Macacos: O Confronto”), que é o único responsável por uma área imensa e isolada do estado.
A rotina tranquila do policial muda quando um avião que transportava presos cai na região, libertando dezenas de criminosos perigosos. A situação empurra Remnick para uma caçada humana enquanto tenta restaurar a ordem no território congelado.
A chegada de uma agente da CIA, interpretada por Haley Bennett (“Borderlands”), adiciona intriga e mistério à trama. O delegado passa a suspeitar que o acidente foi, na verdade, parte de uma conspiração, e a situação se agrava ainda mais quando sua esposa é sequestrada pelo fugitivo mais violento entre os foragidos.
O elenco conta ainda com Dominic Cooper (“Agente Carter”), Simone Kessell (“Yellowjackets”), Dallas Goldtooth (“Reservation Dogs”), Tait Blum (“Time do Coração”) e Alfre Woodard (“Luke Cage”). A direção é de Sam Hargrave (“Resgate”), que também assina a produção executiva ao lado de Bokenkamp e D’Ovidio.
🎞️ A MULHER NA CABINE 10 | Netflix
Keira Knightley (“Black Doves”) interpreta Lo, uma jornalista que embarca em um iate de luxo para cobrir uma viagem exclusiva e se vê no centro de um mistério mortal. O passeio, que deveria render uma matéria de entretenimento, toma um rumo sombrio quando ela testemunha uma mulher ser atirada ao mar durante a noite.
A bordo, ninguém confirma o ocorrido. O dono do superiate (Guy Pearce, “O Brutalista”) e os demais passageiros — vividos por Kaya Scodelario (“Predadores Assassinos”), Hannah Waddingham (“Ted Lasso”), David Morrissey (“The Walking Dead”), Daniel Ings (“Magnatas do Crime”), Art Malik (“Homeland”) e Gugu Mbatha-Raw (“Superfície”) — negam ter visto algo. A única pessoa disposta a ouvi-la é o fotógrafo que a acompanha, interpretado por David Ajala (“Star Trek: Discovery”). Mas ao persistir no assunto, ela coloca sua própria vida em risco, transformando uma viagem aparentemente tranquila em uma jornada perigosa em alto-mar.
Baseado no best-seller de Ruth Ware, o filme dirigido por Simon Stone (“A Escavação”) resgata o estilo dos suspenses psicológicos clássicos, lembrando “A Dama Oculta” (1938), de Alfred Hitchcock, ao trocar o trem por um iate e preservar a tensão entre a percepção feminina e o descrédito dos que a cercam.
🎞️ A SUBSTÂNCIA | HBO Max
O terror que venceu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes 2024 e ganhou a fama de ser completamente insano segue Elizabeth Sparkle (Demi Moore, “Striptease”) após ser demitida de seu cargo como apresentadora de um programa de exercícios diurnos. Sua trajetória de ex-atriz vencedora do Oscar com estrela na Calçada da Fama de Hollywood não é suficiente para mantê-la no programa “Sparkle Your Life”, pois o responsável pela produção (Dennis Quaid, de “Juntos para Sempre”) está determinado a substituí-la por uma estrela mais jovem e bonita, refletindo a crueldade da indústria televisiva.
Elisabeth recorre a um programa chamado “A Substância”, que permite às pessoas clonarem versões mais jovens de si mesmas. As regras são claras: os clones alternam suas rotinas entre um estado de coma e atividade a cada sete dias. Elisabeth e sua versão mais jovem, chamada de Sue (Margaret Qualley, de “Pobres Criaturas”), inicialmente seguem as regras, mas logo entram em conflito. Sue prospera, ganhando a atenção do produtor e seu próprio programa de exercícios, enquanto Elisabeth enfrenta a invisibilidade e o declínio. Quando Sue se mostra tão ambiciosa quanto Elisabeth, o body horror explode literalmente.
O segundo longa-metragem da cineasta francesa Coralie Fargeat explora a descartabilidade das mulheres em uma sociedade sexista, tema que Fargeat já tinha abordado em seu thriller de 2017, “Vingança”, e transforma em terror a maneira como convenções sociais colocam mulheres contra si mesmas. Demi Moore entrega uma performance visceral, destacando a angústia e o desespero de sua personagem, que serve sob medida para o estilo visual hiperativo da diretora, cheio de ângulos ultra-wide, closes e uma paleta de cores vibrantes.
🎞️ OS REJEITADOS | Netflix
O drama premiado de Alexander Payne (“Nebraska”) é uma história ambientada no final de 1970 em uma escola interna na Nova Inglaterra. Paul Giamatti (“Billions”) interpreta Paul Hunham, um professor de história rigoroso, desdenhado tanto pelos estudantes quanto pelos colegas. Com um conjunto de problemas pessoais, incluindo uma condição rara chamada de Síndrome do Odor de Peixe, Paul é forçado a permanecer na escola durante as férias de Natal com alunos que não têm para onde ir.
Entre os alunos, destaca-se Angus Tully (interpretado pelo estreante Dominic Sessa), um jovem inteligente, mas problemático, que se torna o último a permanecer no colégio, junto com Mary Lamb, a cozinheira da escola (Da’Vine Joy Randolph, de “Meu Nome é Dolemite”), que está de luto pela morte do filho no Vietnã. A trama explora as tensões e a evolução do relacionamento entre Paul, Angus e Mary, abordando temas como solidão e perda, bem como a complexidade das relações entre professores e alunos.
O longa é marcado por performances intensas, especialmente de Giamatti e Da’Vine, que venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante no ano passado. A colaboração entre Giamatti e Payne ainda representa um reencontro significativo, após os dois trabalharem juntos anteriormente no aclamado “Sideways”, lançado em 2004, que rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado para o cineasta. Em “Os Rejeitados”, a habilidade de Payne em criar narrativas profundamente humanas e a capacidade de Giamatti de retratar personagens complexos e emocionalmente ricos provam-se uma combinação perfeita para retratar os desafios e as nuances da experiência humana.
🎞️ LIMPA | Netflix
O drama chileno adapta o romance homônimo de Alia Trabucco Zerán, que acompanha Estela, uma mulher que deixa a vida comum na zona rural do Chile para trabalhar como empregada doméstica na capital Santiago, e Julia, uma menina de seis anos que ela cuida na casa dos patrões. Ao longo do caloroso período de convívio, cria-se entre as duas uma relação marcada por afeto e tensão, enquanto as barreiras sociais e psicológicas que as separam permanecem latentes.
A jornada delas transita entre o cuidado, a dependência e o embate de poder simbólico: Estela assume responsabilidades que extrapolam seus deveres profissionais, e Julia age com um misto de docilidade infantil e reclamação silenciosa. O que parecia um contrato de trabalho se torna palco de disputas emocionais e morais.
O filme segue a mesma estrutura narrativa do livro, que é construída de forma circular, começando pelo fim e depois revisitando os eventos passados que levaram ao desfecho. A obra utiliza esse recurso para intensificar o impacto emocional do percurso da protagonista e a tragédia da história. Essa escolha narrativa permite que seu ponto de vista domine a história, aproximando o público da experiência subjetiva da personagem principal. A experiência a faz refletir sobre perdas, relações de classe e a vida invisibilizada das domésticas em um contexto social complexo.
“Limpa” tem recebido atenção significativa em festivais e se tornou um dos destaques do cinema latino-americano em 2025. A direção é de Dominga Sotomayor (“Tarde para Morrer Jovem”), com María Paz Grandjean (“Ninguém Sabe que Estou Aqui”) no papel principal.
📺 LOS 39 | Prime Video
A série espanhola histórica narra a saga dos 39 homens que Cristóvão Colombo abandonou na ilha de La Española em 1492. O enredo explora esse episódio pouco conhecido da história, ao mostrar não apenas as dificuldades de sobrevivência no ambiente hostil, mas também os conflitos humanos, as relações entre o grupo, seu contato com as tribos taínas que habitavam a ilha e a construção do Fuerte Navidad, a primeira obra ocidental no continente americano.
A série foi idealizada por Roberto Serrano (“Bajo un Volcán”) e reúne Hugo Silva (“Marbella”), Pablo Derqui (“As Linhas Tortas de Deus”), Víctor Rebull (“A Rainha do Tráfico”), Diego Vásquez (“Herói por Encomenda”), Daniel Grao (“Mão de Ferro”), Cristóbal Pinto (“Hierro”) e Ángela Cano (“O Sequestro do Voo 601”).
📺 NOTÍCIAS FRESQUINHAS | Netflix
A comédia japonesa acompanha Shinoda Hinako, jovem jornalista de uma grande editora que se vê transferida para o setor de reportagens de uma revista sensacionalista, último lugar onde gostaria de trabalhar. Ao assumir o cargo na revista Shuukan Sengoku, ela precisa aprender a lidar com escândalos, denúncias de corrupção e pautas que misturam glamour e tragédia. Entre matérias sobre cirurgias estéticas malsucedidas, mortes suspeitas e segredos de celebridades, Hinako descobre o lado mais humano — e perigoso — do jornalismo, onde a busca pela verdade pode custar caro.
A série combina drama de redação e humor ácido, expondo os bastidores da mídia e as pressões éticas do ofício. O elenco é liderado por Aoi Okuyama (“Giri/Haji”) e a direção é de Junichi Ishikawa (“Renai Mangaka”), conhecido por equilibrar leveza e crítica social em seus dramas televisivos.
SÁBADO
📺 GNOSIA | Crunchyroll
Baseado no aclamado RPG de dedução desenvolvido pelo estúdio indie Petit Depotto, o thriller de ficção científica claustrofóbico mantém a atmosfera tensa do jogo original, convidando o espectador a bordo de uma nave espacial à deriva onde reina a paranoia. Uma entidade alienígena misteriosa conhecida como “Gnosia” assumiu forma humana e infiltrou-se entre a tripulação. Incapazes de distinguir amigo de inimigo, os sobreviventes adotam uma medida desesperada: a cada ciclo diário, votam para colocar em sono criogênico o membro mais suspeito, na esperança de neutralizar o impostor antes que seja tarde. A ação é centrada em Yuri, que se vê em um loop temporal inexplicável: não importa que decisões tome, sempre que a situação a bordo culmina em tragédia, desperta novamente no primeiro dia daquele pesadelo.
Conforme os eventos se repetem, Yuri alia-se a outros tripulantes atentos para buscar pistas e padrões através das múltiplas iterações. Cada novo “loop” revela segredos sobre os passageiros e suas verdadeiras personalidades – afinal, qualquer um pode ser o Gnosia. Com roteiro de Jukki Hanada (“Steins;Gate”) e direção de Kazuya Ichikawa (“Romantic Killer”), a produção do estúdio Domerica chama atenção pelo belíssimo visual, numa trama que mescla suspense psicológico e ficção científica de maneira envolvente.
📺 KURUKSHETRA | Netflix
A animação indiana adapta um dos textos fundadores da literatura indiana, o “Mahabharata”, epopeia que moldou a filosofia e a identidade espiritual do país. A produção de Anu Sikka (“Sammy e Raj: Viajantes do Tempo”) parte do ponto culminante dessa narrativa ancestral — a guerra entre os clãs Pândava e Kaurava — para recontar, em tom moderno, o conflito que dividiu famílias, deuses e reinos. Com foco nas batalhas que duram dezoito dias, a série destaca não apenas os confrontos físicos, mas também o embate moral travado dentro de cada guerreiro. A escolha dos roteiristas foi dar voz a dezoito personagens, explorando o que os leva a lutar e como justificam suas ações diante da destruição inevitável. A guerra de Kurukshetra é travada porque o “dharma” — a ordem justa e moral do mundo — foi rompido.
O “Mahabharata” é considerado o maior poema épico do mundo, com mais de 200 mil versos compostos há cerca de 3 mil anos. Sua trama abrange política, filosofia, teologia e drama humano, culminando no “Bhagavad Gita”, o diálogo entre o príncipe Arjuna e o deus Krishna — momento central em que se discute a natureza do dever, da moral e do livre-arbítrio.
A produção aposta em estética sombria estilizada, mesclando elementos de mitologia e tragédia histórica. A direção procura equilibrar grandiosidade visual e reflexão espiritual, evocando o peso simbólico de um conflito que, segundo o próprio texto sagrado, define o destino do mundo.
DOMINGO
📺 LI’L MISS VAMPIRE CAN’T SUCK RIGHT | Crunchyroll
Misturando comédia escolar e sobrenatural, o anime baseado no mangá de Kyōsuke Nishiki acompanha Luna Ishikawa, uma aluna nova que rapidamente se torna a garota mais admirada do colégio graças à sua beleza pálida e aura de mistério. No entanto, um colega perfeitamente comum – Tatsuta Ohtori – descobre por acidente o segredo por trás do charme de Luna: ela é uma vampira de verdade… que não sabe morder pescoços direito! Desastrada em sua natureza sanguinária, Luna falha miseravelmente em obter sangue de suas “vítimas”, gerando situações hilárias que abalam seu orgulho de criatura das trevas.
Ao contrário do esperado, Ohtori não foge apavorado – em vez disso, ele oferece ajuda a Luna para que ela aprenda a ser uma “vampirinha” competente. A partir daí, os dois desenvolvem uma amizade inusitada: entre sessões de treinamento pouco convencionais (como aulas de mordida em frutas e almofadas) e desculpas improvisadas para os colegas sobre os hábitos estranhos de Luna, cresce uma cumplicidade cômica entre a vampira atrapalhada e o garoto gentil. Masaki (Tatsuta) Ohtori, que antes se considerava um figurante em meio à vida escolar, de repente se vê protagonista ao lado da menina mais popular – e peculiar – da classe. Enquanto a confiança entre eles floresce, “Li’l Miss Vampire Can’t Suck Right” também insinua um romance doce: Luna luta contra sua sede de sangue e sua timidez adolescente, ao passo que Ohtori descobre qualidades encantadoras naquela garota tão diferente – que vira uma criancinha ao tentar sugar sangue. A animação é realizada pelo estúdio feel. sob a direção de Sayaka Yamai, respectivamente estúdio e animador dos filmes de “Evangelion”.
📺 ONE-PUNCH MAN | Crunchyroll e Netflix
O super-herói mais forte (e mais entediado) dos animes está de volta na aguardada 3ª temporada, após um hiato de nada menos que seis anos. A série retorna sob a produção do estúdio J.C.Staff (que animou a 2ª temporada) e direção de Shinpei Nagai (“Food Wars”), adaptando um dos arcos mais explosivos do mangá original de ONE e Yusuke Murata: a guerra total contra a Associação de Monstros. Saitama, o protagonista careca de capa que derrota qualquer inimigo com um único soco, encontra-se agora no centro de um conflito de proporções inéditas. De um lado, a Associação de Heróis mobiliza seus melhores combatentes de Classe S – como Genos, Tatsumaki e outros – para enfrentar ataques coordenados de monstros gigantes e criaturas misteriosas que emergem por toda a cidade. Do outro lado, vilões clássicos retornam e novos surgem, todos ansiosos para testar a força lendária de Saitama.
Esta temporada foca principalmente a ascensão de Garou, o autointitulado “Caçador de Heróis”, cuja cruzada violenta contra os heróis o torna uma ameaça cada vez mais ambígua – ora vilão, ora anti-herói. Paralelamente, conhecemos Orochi, o autoproclamado Rei dos Monstros, que prepara um combate apocalíptico para destruir a humanidade. Porém, em meio ao caos, Saitama permanece… bem Saitama: impassível e distraído, mais preocupado com as promoções do mercado do que com o destino do mundo. A frustração de Saitama por não encontrar adversário à altura segue rendendo momentos hilários, e as situações absurdas decorrentes de sua força descomunal continuam a satirizar os clichês de shounen. Entre piadas metalinguísticas e sequências de ação espetaculares, a nova temporada caminha para o aguardado confronto entre Saitama e Garou. Será que o herói mais forte do mundo finalmente encontrará um desafio que o faça usar dois socos? Ou a vida de Saitama seguirá monótona (para sorte da humanidade)? Os fãs podem esperar uma mistura empolgante de humor e adrenalina.