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James Gunn explica final de “Pacificador” e conexão com “Superman: O Homem do Amanhã”
Diretor comentou que a 2ª temporada da série introduz dois pilares da próxima fase do DCU — a agência Xeque-Mate e o planeta-prisão Salvação
Como “Pacificador” prepara terreno para o novo DCU?
O lançamento de “Superman” em julho marcou a estreia cinematográfica do novo Universo DC, sob o comando dos copresidentes do DC Studios, James Gunn e Peter Safran. Mas, segundo o próprio Gunn, a 2ª temporada da série “Pacificador”, encerrada na quinta-feira (9/10), é que realmente estabelece as bases narrativas da nova fase. O episódio final introduziu dois elementos centrais dos quadrinhos: a agência secreta Xeque-Mate (Checkmate, no original) e o planeta-prisão Salvação.
“Tudo está conectado”
Em coletiva virtual mediada pela revista Variety, Gunn explicou que Salvação será peça-chave em “Superman: O Homem do Amanhã”, previsto para 2028, mas que tanto ele quanto Xeque-Mate estarão presentes em outras produções, como a próxima série “Lanternas”. “Pode não parecer de início, mas tudo está conectado”, afirmou o diretor.
Gunn revelou ainda que planejava usar os conceitos de Xeque-Mate e Salvação antes mesmo de assumir o comando do estúdio. “Eles sempre foram fundamentais na história maior que quero contar dentro do DCU”, disse.
Xeque-Mate: a nova agência secreta do universo DC
O grupo surge no episódio final de “Pacificador”, escrito e dirigido por Gunn, quando os personagens Adebayo (Danielle Brooks), Adrian/Vigilante (Freddie Stroma), Economos (Steve Agee) e Harcourt (Jennifer Holland) decidem abandonar as instituições oficiais e fundar uma organização própria. Com a ajuda de Judomaster (Nhut Le) e dos agentes dissidentes Fleury (Tim Meadows) e principalmente Sasha Bordeaux (Sol Rodriguez), eles formam a Xeque-Mate, uma agência privada de combate ao crime.
A inspiração de Gunn foi a equipe homônima criada nos quadrinhos da DC em 1988, que já teve o Pacificador e o Vigilante entre seus membros e se tornou sinônimo de Sasha Bordeaux, após a ex-guarda-costas de Bruce Wayne ser recrutada e assumir seu comando. A ligação com Batman foi eliminada na aparição da personagem, introduzida em live-action como uma agente da A.R.G.U.S..
“Eu sempre quis incluir a Xeque-Mate no DCU”, contou Gunn. “É o verdadeiro resultado da trajetória dos protagonistas de ‘Pacificador’ e do desejo deles de fazer o bem. Eles serão muito bons no que fazem. Quando os virmos novamente, estarão em uma fase bem diferente da atual.”
O planeta-prisão Salvação
A outra grande revelação da temporada envolve Rick Flag Sr. (Frank Grillo), chefe da A.R.G.U.S., que usa o portal dimensional de Chris Smith/Pacificador (John Cena) para encontrar um universo paralelo habitável. Após várias tentativas desastrosas, a equipe localiza o planeta ideal — batizado de Salvação — , que ele pretende transformar numa prisão para abrigar metahumanos incontroláveis.
A ideia é de ninguém menos que George R. R. Martin, o criador do universo de “Game of Thrones”. Ele sugeriu a premissa materializada na minissérie “O Planeta dos Condenados”, publicada em 2007 e 2008, na qual Amanda Waller e Rick Flag usam o Esquadrão Suicida para capturar os supervilões mais perigosos do mundo e deportá-los para milhares de anos-luz de distância, no planeta Salvação. Hoje, essa tática ganhou ainda mais ressonância, devido à política migratória do governo Trump, que detém imigrantes ilegais nos Estados Unidos para deportá-los sem a necessidade de um processo legal.
“A parte que realmente me tocou é o começo, quando Rick Flag e Amanda Waller [disseram]: ‘F*da-se. Meta-humanos são um pé no saco. Eles continuam escapando. Vamos nos livrar deles para sempre.’ E, claro, há uma série de repercussões sobre enviar um bando de vilões para outra dimensão. Neste caso [‘Pacificador’], a única pessoa lá agora é um mocinho que precisa sobreviver sozinho.”
Superman e a expansão do DCU
Gunn afirmou que Salvação será parte essencial de “Superman: O Homem do Amanhã”, mas garantiu que quem não assistiu à série entenderá tudo apenas com o filme. “Não espero que o público chegue ao cinema sabendo o que é Salvação. O filme explicará tudo o que for necessário.”
Segundo ele, o objetivo é integrar o universo sem sobrecarregar o espectador com detalhes técnicos. “Tem que haver elegância na narrativa. Um planeta-prisão em outra dimensão é algo que dá pra explicar em uma frase.”
O futuro de “Pacificador”
Questionado sobre uma possível 3ª temporada, Gunn respondeu que não há planos imediatos. “Nunca diga nunca, mas, por enquanto, é sobre o futuro do DCU.” Mesmo assim, deixou claro que o personagem continuará relevante. “Pacificador é muito importante pra mim. Ele é incrivelmente humano”, disse o cineasta, que chorou ao comentar a música dos créditos, “Oh Lord”, da banda Foxy Shazam.
Gunn usou o personagem pela primeira vez em “O Esquadrão Suicida” (2021) como uma versão “Capitão América cafona”. “Ele era o tipo de pessoa que eu acharia insuportável numa festa”, brincou. “Mas descobri nele um símbolo de empatia. Vivemos num mundo em que muitos acham que o jeito de lidar com quem pensa diferente é tratar como inimigo. Isso é uma ideia estúpida.”
Próximos capítulos do universo DC
Com “Pacificador” encerrado, Gunn passa o foco para as próximas produções do DCU — “Lanternas”, “Supergirl”, “Cara de Barro” e “Batman 2”, além de “Superman: O Homem do Futuro”, que ele próprio escreveu e novamente dirigirá. O filme juntará Superman, Lex Luthor, Rick Flag Sr. e o Pacificador, passando-se em boa parte no planeta Salvação. Ele pretende contar essa história e suas repercussões como roteirista e diretor.
“Esse é o plano por enquanto”, concluiu. “Mas posso acabar tão exausto que não consiga fazer tudo. Vamos ver.”
O que torna Salvação tão importante?
“Gosto do conceito de uma prisão absolutamente inescapável, mas criada de forma precipitada”, explicou Gunn. “No início, parece segura, mas há indícios de que o lugar é muito mais perigoso do que acreditam.”
O que Gunn deixou de fora da entrevista é o que realmente há no planeta Salvação. A última cena da 2ª temporada de “Pacificador” mostra o anti-herói sendo jogado em Salvação pelo portal capturado por Rick Flag Sr., com a ajuda de ex-capangas de Luthor. Sozinho no local, ele começa a ouvir barulhos e urros vindo da floresta ao seu redor.
Nos quadrinhos, Salvação se revela um local letal, repleto de perigos que o torna praticamente impossível de sobreviver, por isso é escolhido como base de treinos brutais das tropas de Apokolips, o planeta governado pelo supervilão Darkseid. Em entrevista anterior, Gunn disse que os arquirrivais Superman e Luthor iriam se unir para enfrentar uma ameaça maior em “Superman: O Homem do Amanhã”. O final de “Pacificador” aponta quem é: Darkseid, vilão criado em 1970 por Jack Kirby que se tornou o mais poderoso de todo o universo DC.
A única dúvida é se Darkseid não vai aparecer antes da continuação de “Superman”. O filme “Supergirl”, previsto para junho do ano que vem, trará a heroína do título numa aventura espacial por planetas distantes. Gunn já chegou a definir “O Homem do Amanhã” como um filme da “família Superman”, o que parece sugerir a participação da prima Supergirl. Outra possibilidade é a série “Lanternas”, que reúne heróis de vários mundos diferentes e também estreia em 2026 na HBO Max.