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Divulgação/Xeno Veloso

Filme|5 de setembro de 2025

Silvio Tendler, um dos mais importantes documentaristas brasileiros, morre aos 75 anos

Autor de mais de 70 filmes, diretor marcou a história política brasileira com obras como "Os Anos JK", "Jango" e "Utopia e Barbárie"


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1 Silvio Tendler morre no Rio vítima de infecção generalizada
2 Que legado o diretor deixa para o cinema documental?
3 A trilogia presidencial
4 Do retrato de políticos à cultura nacional
5 Final da carreira marcada por superações
6 Últimos trabalhos e prêmios

Silvio Tendler morre no Rio vítima de infecção generalizada

Um dos principais nomes do documentário brasileiro, Silvio Tendler morreu nesta sexta (5/9), aos 75 anos, em decorrência de uma infecção generalizada. O cineasta estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Com mais de quatro décadas de atuação, ele construiu uma filmografia que se tornou referência para compreender a política nacional e momentos decisivos da história, incluindo o golpe de 1964 e os anos de ditadura militar. Sua obra soma mais de 70 produções entre curtas, médias e longas.

Que legado o diretor deixa para o cinema documental?

Reconhecido como pioneiro no uso de imagens de arquivo no país, Tendler foi influenciado por Chris Marker, Joris Ivens e Santiago Álvarez, três documentaristas socialistas que orientaram seu caminho artístico. Dividiu sua produção entre retratos históricos e ensaios de caráter político, conquistando o público ao narrar trajetórias e disputas que moldaram o Brasil.

Nascido em 2 de março de 1950, no Rio, iniciou os estudos em Direito na PUC-Rio, mas abandonou a faculdade para seguir o cinema. Após viver no Chile no período da vitória de Salvador Allende, mudou-se em 1972 para a França, onde se formou em Cinema e História. Em Paris, foi incentivado pelo etnólogo Jean Rouch a se dedicar ao documentário.

A trilogia presidencial

De volta ao Brasil no fim dos anos 1970, começou a trabalhar em “Os Anos JK” (1981), que abriu sua trilogia sobre presidentes, completada por “Jango” (1984) e “Tancredo, A Travessia” (2011). Já em sua estreia no cinema, levou o Prêmio Especial do Júri do Festival de Gramado e estabeleceu recorde de público para um documentário brasileiro, levando 800 mil espectadores para assistir a “Os Anos JK”. A marca foi superada depois pelo documentário sobre João Goulart, vencedor do Prêmio do Público do Festival de Gramado, que chegou a 1 milhão de ingressos vendidos.

Do retrato de políticos à cultura nacional

O maior êxito comercial de sua carreira, entretanto, não foi um filme político. Veio com “O Mundo Mágico dos Trapalhões” (1981), que permanece até hoje como o documentário de maior público nos cinemas do Brasil, com 1,8 milhão de espectadores, segundo dados da Ancine.

Tendler também documentou outras figuras importantes da cultura nacional, em obras como “Castro Alves — Retrato Falado do Poeta” (1999), “Glauber, Labirinto do Brasil” (2003), que foi vencedor do Festival de Brasilia, e “Ferreira Gullar — Arqueologia do Poeta” (2019).

Entre seus trabalhos mais relevantes está “Utopia e Barbárie” (2009), que levou cerca de 20 anos para ser concluído e reuniu depoimentos de Augusto Boal, Eduardo Galeano e Susan Sontag para falar do desmantelamento da geração sonhadora de 1968 e o surgimento do mundo globalizado.

Final da carreira marcada por superações

Desde 2011, o cineasta enfrentava dificuldades de locomoção após complicações neurológicas que quase o deixaram tetraplégico. Seguiu trabalhando após cirurgia que lhe devolveu parte dos movimentos. Sua luta para retomar a carreira foi registrada em documentário, “A Arte do Renascimento — Uma Cinebiografia de Silvio Tendler” (2013), dirigido por Noilton Nunes.

Apesar da saúde abalada, o diretor realizou trabalhos importantes no período, focando-se em aspectos pouco conhecidos da ditadura militar, como “Militares da Democracia – Os Militares que Disseram Não” (2014) e “Os Advogados Contra a Ditadura: Por uma Questão de Justiça” (2014).

Em vez de se aposentar, Tendler fez alguns de seus filmes mais populares após os 70 anos, incluindo “Em Busca de Carlos Zéfiro” (2020), sobre o legado do maior quadrinhista erótico do Brasil, e “Nas Asas da Pan Am” (2020), sua autobiografia. E se mostrou engajado até o fim, com obras como “A Bolsa Ou a Vida” (2021), sobre o sistema financeiro, e “O Futuro é Nosso!” (2023), seu último longa, realizado durante a pandemia com entrevistas virtuais e participação do famoso cineasta socialista britânico Ken Loach. A obra se debruça sobre as perspectivas de um futuro impactado pela tecnologia e relembra a trajetória de lutas trabalhistas por direitos fundamentais.

Últimos trabalhos e prêmios

No mesmo ano em que lançou seu último longa, Tendler também atuou como fotógrafo e curador da mostra “Resistência Retiniana” no Sesc Niterói e estreou no teatro, dirigindo a peça “Olga e Luís Carlos, uma História de Amor”, no Sesc Copacabana.

Tendler foi condecorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em duas ocasiões: recebeu a Ordem Rio Branco em 2006 e a Ordem do Mérito Cultural em 2025. Sua carreira acumula mais de 60 prêmios em festivais no Brasil e no exterior.

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