
Instagram/Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Festival de Brasília começa politizado após condenação de Bolsonaro
Abertura da mostra teve discurso de Kleber Mendonça e falas do Ministério da Cultura com referências à decisão do STF
Abertura da 58ª edição destaca “O Agente Secreto”
A 58ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro lotou a sala Vladimir Carvalho, no Cine Brasília, na sexta (12/9), para a estreia local de “O Agente Secreto”, estrelado por Wagner Moura. O filme teve sessões esgotadas, incluindo a extra programada para este sábado (13/9). Ambientado na ditadura militar, o longa de 2 horas e 40 minutos retrata Marcelo, personagem vivido por Moura, em uma história sobre repressão e delírio que evoca não só a época que retrata, mas tempos recentes. O público aplaudiu intensamente ao final.
Como a política marcou a noite?
No palco, o diretor Kleber Mendonça Filho comentou que começou a escrever “O Agente Secreto” pensando que estava escrevendo um filme de época, mas ao final percebeu que ele também representava “o Brasil dos últimos 10 anos”. “Felizmente, a gente está em um momento muito melhor agora, principalmente com o que aconteceu esta semana”, compleou, em referência à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de estado.
Ele ainda contou que amigos que vivem nos Estados Unidos consideram o atual cenário brasileiro exemplar. “Dizem que o Brasil hoje é um exemplo. Um exemplo de como as coisas podem funcionar do ponto de vista da Justiça”, acrescentou.
Representando o Ministério da Cultura, Joelma Gonzaga elogiou o voto da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia. “Foi um voto que garantiu a condenação daquele que não vou citar o nome”, disse. Ela lembrou ainda que os 80 filmes exibidos até 20 de setembro são frutos de políticas públicas.
Importância histórica do festival
Kleber Mendonça Filho também festejou o próprio Festival de Brasília como um registro da história nacional. “Muita coisa importante foi discutida, foi mostrada e representada neste festival”, declarou.
Joelma Gonzaga aproveitou para evocar o cineasta Vladimir Carvalho, que dá nome à sala principal do Cine Brasília, lembrando uma conversa em que ele dizia se acompanhar sempre da memória, da história e da democracia. “Ele estava muito preocupado que os outros estão muito alienados dessas três senhoras que nos constituem e nos custam muito caro. Queria lembrar dele hoje, porque ele certamente estaria aqui entre a gente”, afirmou.
Cláudio Abrantes, secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, também fez menção: “Tenho certeza de que ele está nos assistindo e olhando para cá esta noite, porque ele amava esse festival”.
Homenagens do evento
A noite reservou ainda uma homenagem em vídeo a Fernanda Montenegro. Já o ator Chico Sant’Anna recebeu no palco o Troféu ABCV, da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo. Emocionado, declarou: “Eu comecei essa história em 1994 e não parei mais. Esse ano foram cinco longas-metragens, e é tanta coisa maravilhosa acontecendo. E para combinar com tudo isso, eu recebo esse prêmio e fico me perguntando: ‘será que eu mereço tanto?’”.