
Divulgação/Lionsgate
Adaptação de Stephen King, “A Longa Marcha” é principal estreia de cinema da semana
As estreias destacam produções tensas de suspense brutal a terror nacional, mas também há animação, romance e três relançamentos de clássicos
A programação de cinema destaca nesta quinta-feira (18/9) a estreia de “A Longa Marcha”, um dos raros livros clássicos de Stephen King que ainda não tinha sido adaptado para o cinema. Brutal e tenso, o suspense tem a companhia de mais dois lançamentos do gênero: o terror australiano “Animais Perigosos”, elogiado pela crítica internacional, e o brasileiro “Apanhador de Almas” com Klara Castanho e Duda Reis. Mas também chegam novos títulos de animação, romance, documentários e dramas humanistas para quem busca opções diferentes. Além disso, o sucesso da tendência de relançamentos comemorativos se mantém com a volta de três títulos clássicos ao circuito cinematográfico: “O Que É Isso Companheiro” (1997), “Batman Eternamente” (1995) e “A Noviça Rebelde” (1965). Confira tudo o que entra em cartaz.
🎞️ A LONGA MARCHA
Adaptação do romance escrito por Stephen King (sob o pseudônimo Richard Bachman) em 1979, “A Longa Marcha” traz para o cinema a visão distópica do autor sobre um futuro opressivo. Dirigido por Francis Lawrence, conhecido pela franquia “Jogos Vorazes”, o filme marca a primeira versão cinematográfica dessa história após décadas de tentativas. Cooper Hoffman (“Licorice Pizza”) interpreta Ray Garraty, ao lado de David Jonsson (“Alien: Romulus”) como seu aliado Peter McVries – jovens atores cujo desempenho carrega a tensão da narrativa.
Na trama, um regime autoritário nos Estados Unidos organiza todo ano uma competição mortal chamada “A Longa Marcha”, recrutando 50 adolescentes para caminhar sem parar sob pena de execução. O protagonista Ray (Hoffman) é um dos participantes forçados a testar seus limites físicos e mentais nessa jornada cruel, onde apenas o último sobrevivente conquista a liberdade de realizar um desejo. Durante a marcha, ele faz amizade com outros competidores, como o idealista McVries (Jonsson), enquanto todos lutam contra a exaustão, o medo e a pressão de uma audiência nacional que acompanha cada passo.
O elenco também inclui Garrett Wareing (“Ransom Canyon”), Charlie Plummer (“Quem é Você, Alasca?”), Ben Wang (“A Jornada de Jin Wang”), Roman Griffin Davis (“Jojo Rabbit”), Jordan Gonzalez (“Pretty Little Liars”), Judy Greer (“Halloween”) e Mark Hamill (“Star Wars: O Último Jedi”) no papel do Major, supervisor da Longa Caminhada.
Filmado com o realismo sombrio característico de Lawrence, o longa combina suspense e comentário social. A fotografia de Jo Willems – colaborador habitual do diretor – destaca a sensação de isolamento na paisagem interminável da estrada. Convidando o público a refletir sobre os limites da resistência humana e as dinâmicas de um entretenimento mortal, o filme se consolida como uma das adaptações mais intensas do universo de King.
🎞️ ANIMAIS PERIGOSOS
Terceiro longa do australiano Sean Byrne (diretor do cult “Entes Queridos”), “Animais Perigosos” mescla terror de serial killer com filme de criatura marinha – uma combinação sangrenta que rendeu aplausos na Quinzena dos Realizadores em Cannes 2025. No elenco, destaque para Jai Courtney (“Esquadrão Suicida”) como o vilão Tucker e Hassie Harrison (“Tacoma FD”) como a heroína Zephyr, além de participação de nomes emergentes do cinema australiano.
A história se passa na costa da Austrália, onde a surfista destemida Zephyr (Harrison) é raptada por Tucker (Courtney), um assassino em série obcecado por tubarões. Tucker tem um método macabro: ele captura vítimas para servi-las de alimento a tubarões famintos, encenando toda essa tragédia como um espetáculo sádico. Mantida prisioneira em um barco em alto-mar, Zephyr encontra outra jovem cativa e testemunha horrores indescritíveis enquanto procura formas de escapar desse pesadelo. Com inteligência e sagacidade, ela luta pela própria vida e contra o tempo, antes de se tornar mais uma refém do ritual macabro de Tucker.
“Animais Perigosos” entrega exatamente o que o título promete: um espetáculo de violência estilizada com ritmo eletrizante e… animais perigosos. A direção de Byrne imprime um clima de quadrinhos sombrios à trama, com iluminação neon, cenas de ação exageradas e uma performance desenfreada de Jai Courtney como o vilão. Com efeitos práticos engenhosos e sequências de ataque de tubarão de roer as unhas, “Animais Perigosos” é o melhor terror exploitation australiano desde o clássico “Wolf Creek: Viagem ao Inferno” (2005).
🎞️ APANHADOR DE ALMAS
Representante do novo terror nacional, “Apanhador de Almas” é dirigido pela dupla Fernando Alonso e Nelson Botter Jr. e estrelado pelas jovens atrizes Klara Castanho (“De Volta aos 15”) e Duda Reis (“Malhação”). O filme, exibido na competição do Festival de Gramado 2025, insere elementos de bruxaria adolescente em uma trama macabra, evocando comparações com clássicos como “Jovens Bruxas” (1996), mas explorando o sobrenatural a partir de referências do folclore brasileiro.
A história acompanha quatro amigas de ensino médio que se consideram aspirantes a bruxas. Em uma noite de eclipse lunar, Nina (Castanho), Duda (Reis) e as demais decidem visitar a misteriosa casa de uma suposta feiticeira durante um eclipse, onde se envolvem em um ritual sobrenatural. Tudo dá errado e elas acabam presas dentro de um jogo mortal em outra dimensão de onde apenas uma delas sairá viva, colocando em risco o verdadeiro sentido da amizade.
Visualmente, “Apanhador de Almas” faz uso criativo de cenários claustrofóbicos e efeitos práticos de maquiagem para construir sua atmosfera de terror, que é mais suspense que gore. Ambientado no interior de São Paulo, o filme também traz referências culturais locais – a figura da bruxa remete ao imaginário do Vale do Paraíba – enriquecendo a narrativa.
🎞️ MINHA FAMÍLIA MUITO LOUCA!
A animação australiana e irlandesa de Mark Gravas (“A Escola de Susto do Gasparzinho”) adapta a série de livros infantis “The Floods”, do autor Colin Thompson. Na versão original em inglês, a dublagem conta com Evanna Lynch (a Luna de Harry Potter) no papel da jovem protagonista Betty Flood, uma menina de 12 anos inteligente e decidida, cuja vida “normal” esconde um segredo: ela vem de uma família sobrenatural bastante peculiar. Prestes a completar 13 anos, Betty está dividida entre a mãe superprotetora e seu desejo de provar as próprias habilidades mágicas e musicais, mas se vê metida nas confusões que seus parentes causam na vizinhanha. Graças à ajuda de um novo amigo e muita criatividade, ela aprende a abraçar as esquisitices da família e a confiar em si mesma, encontrando seu lugar no mundo sem abrir mão de quem ela é de verdade.
Visualmente colorido e cheio de energia, “Minha Família Muito Louca!” lembra as comédias animadas da Nickelodeon e da Cartoon Network, com ritmo acelerado e gags para crianças e adultos. A direção de arte destaca o contraste entre o cotidiano suburbano sem graça e as situações mágicas e caóticas provocadas pelos Floods. Além do entretenimento, o filme também traz uma mensagem positiva sobre aceitar as diferenças e celebrar a individualidade, tema recorrente de tramas sobrenaturais infantis desde as séries “A Família Addams” e “Os Monstros” nos anos 1960.
🎞️ A GRANDE VIAGEM DA SUA VIDA
Em seu primeiro longa desde o aclamado “A Vida Depois de Yang” (2021), o diretor sul-coreano Kogonada apresenta “A Grande Viagem da Sua Vida” – um romance fantasioso com elenco hollywoodiano. Margot Robbie (“Barbie”) e Colin Farrell (“Pinguim”) protagonizam a produção, que conta ainda com Kevin Kline (“Disclaimer”) e Phoebe Waller-Bridge (“Fleabag”) no elenco.
A trama acompanha David (Farrell) e Sarah (Robbie), dois solteiros que se conhecem no casamento de um amigo em comum. Por obra do destino – e de um carro antigo com GPS “mágico” –, eles acabam transportados através de uma misteriosa porta vermelha para uma jornada fantástica no tempo. Nessa viagem sobrenatural, David e Sarah revisitam momentos determinantes de seus respectivos passados e encaram juntos arrependimentos e decisões que os moldaram. Enquanto revivem memórias em cenários do passado, os dois desenvolvem uma conexão profunda e têm a chance de imaginar novos caminhos para o futuro.
Visualmente, “A Grande Viagem da Sua Vida” é rico em simbolismos – espelhando a psique dos personagens em cenários oníricos – e tecnicamente refinado, embora falte química ao casal principal. Ainda assim, o longa destaca-se pela originalidade da premissa, oferecendo uma reflexão sensível sobre amor, arrependimentos e segundas chances.
🎞️ OS MALDITOS
“Os Malditos” marca a primeira incursão do diretor ítalo-americano Roberto Minervini em uma narrativa ficcional histórica. Conhecido por documentários premiados como “O Que Você Faria no Meu Lugar?” e por retratar realidades marginalizadas dos EUA contemporâneos, Minervini transporta seu estilo intimista para a Guerra Civil Americana, numa trama passada no inverno de 1862, quando um pelotão de jovens voluntários da União é enviado para patrulhar regiões isoladas nos territórios do Oeste. Sem muita experiência ou instruções claras, esses soldados atravessam paisagens desoladas e enfrentam não apenas o frio e o cansaço, mas também suas próprias dúvidas sobre a guerra. Com o passar das semanas, o entusiasmo patriótico inicial cede lugar ao desespero e à reflexão. Em longas marchas e noites gélidas ao redor da fogueira, eles questionam a validade do conflito, o significado de família versus país e os limites de sua fé na causa. A tensão explode quando o grupo se envolve em um tiroteio caótico e brutal – um confronto sem glória que deixa baixas e aprofunda a sensação de futilidade da missão.
Com um ritmo contemplativo e uma estética naturalista, a obra ecoa as origens documentais de Minervini e lhe rendeu o troféu de Melhor Direção da mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes 2024. O resultado é uma experiência de guerra incomum, focada mais no clima de introspecção e no desgaste moral do que em batalhas heroicas.
🎞️ SR. BLAKE AO SEU DISPOR
Estrelada por John Malkovich (“The New Look”) e Fanny Ardant (“Belle Époque”), a comédia dramática franco-luxemburguesa marca a estreia na direção do escritor de best-sellers Gilles Legardinier. O filme é uma adaptação do próprio romance de Legardinier, “Complètement Cramé!”, e tornou-se um sucesso modesto na França, onde foi lançado em 2023.
A trama acompanha Andrew Blake (Malkovich), um empresário britânico viúvo que, mergulhado em tristeza, decide retornar à França para reviver lembranças da falecida esposa. Ele viaja até a mansão Beauvillier – onde o casal se conheceu décadas antes – e, por circunstâncias inesperadas, acaba contratado como mordomo no local. Sob a identidade de “Sr. Blake”, Andrew convive com os pitorescos moradores da propriedade: a excêntrica condessa Nathalie de Beauvillier (Ardant), o rabugento intendente Philippe, a cozinheira Odile e a jovem camareira Manon. Com seu jeito gentil e inteligente, o novo mordomo conquista a família disfuncional e, ao mesmo tempo, reencontra a alegria de viver através dessas relações improváveis. Entre mal-entendidos cômicos e momentos ternos, Andrew ajuda a transformar a rotina na mansão – e é transformado por ela –, enquanto lida com seus próprios lutos e recebe uma segunda chance no amor e na amizade.
Rodado em belíssimos cenários no interior da França, incluindo um castelo histórico na Normandia, “Sr. Blake ao Seu Dispor” combina a elegância do cinema francês com o humor britânico num mix otimista e reconfortante. Fanny Ardant entrega uma condessa divertida e humana, enquanto Malkovich surpreende ao atuar em francês durante toda a obra.
🎞️ TOQUE FAMILIAR
Vencedor do prêmio Leão do Futuro de melhor estreia no Festival de Veneza 2024, “Toque Familiar” é o primeiro longa-metragem de ficção da diretora norte-americana Sarah Friedland. Coprodução entre Brasil e EUA, a obra se destaca por sua abordagem sensível do envelhecimento e da memória – um drama íntimo que lhe rendeu também o prêmio de Melhor Direção e Melhor Atriz na mostra Orizzonti em Veneza.
A veterana Kathleen Chalfant (“Tempo”) interpreta Ruth, uma viúva octogenária que, enfrentando o declínio cognitivo, muda-se para uma instituição de idosos. A partir daí, precisa lidar com a perda de independência e a adaptação à nova rotina assistida. Entre conflitos internos e interações com os cuidadores e demais residentes, ela revisita lembranças do passado e redefine seus laços afetivos, em busca de encontrar graça e dignidade em meio aos desafios da demência.
Rodado em uma casa de repouso real na Califórnia, “Toque Familiar” transita entre o registro documental e a poesia visual. A diretora integrou moradores reais do asilo no elenco e em oficinas de filmagem, conferindo autenticidade às cenas. A fotografia contemplativa enfatiza detalhes cotidianos – mãos trêmulas, fotografias antigas, silêncios compartilhados – compondo um relato terno sobre a jornada do envelhecer e as pequenas vitórias da vida diante da proximidade da morte.
🎞️ LAN – O CARICATURISTA
Dirigido pelo jovem cineasta Pedro Vinícius, “Lan – O Caricaturista” é um documentário brasileiro que resgata a trajetória e a arte de Lanfranco Vaselli, o Lan, um dos grandes caricaturistas da América Latina. Italiano de nascimento, Lan chegou à América do Sul no final dos anos 1920 e fez carreira no Uruguai e na Argentina antes de se radicar no Rio de Janeiro nos anos 1950. No Brasil, tornou-se célebre por suas ilustrações cheias de humor e cor sobre a cultura carioca – especialmente os desenhos vibrantes de figuras do samba e do carnaval, que imortalizou em páginas de jornal e livros. Aos 93 anos de idade, Lan participa ativamente do filme, narrando em primeira pessoa suas memórias ao lado da esposa e companheira de vida, Dona Olivia.
O documentário acompanha Seu Lan em sua rotina atual e em visitas a locais marcantes de sua história, enquanto revisita décadas de produção artística. Das charges políticas em preto-e-branco que publicou em jornais nos anos 1960 às famosas caricaturas coloridas do Rio, o filme traça um panorama abrangente da obra do artista e de sua evolução estilística. Com um tom intimista, Lan relembra episódios como a chegada de navio ao Brasil, a amizade com personalidades da música e das artes, e as mudanças na cidade e no país que serviram de inspiração para seu traço. A produção teve acesso a um rico acervo de desenhos originais e arquivos pessoais de Lan, contemplando a passagem do tempo pelos olhos do caricaturista.
🎞️ SEDE DE RIO
Primeiro longa-metragem solo do cineasta baiano Marcelo Abreu Góis, “Sede de Rio” é um documentário-poético que desce as águas do Rio São Francisco em um retrato contemplativo da cultura ribeirinha. Exibido em 2024 no Festival de Cinema Baiano (FECIBA), acompanha “Seu Nir”, apontado como o último capitão de embarcação tradicional a singrar as correntezas do “Velho Chico”. Com 81 minutos de duração, a obra assume um ritmo sereno e reflexivo, funcionando como um ensaio visual sobre a passagem do tempo, a fé e o apego à vida nas margens do rio.
Crescido às margens do rio, Nir aprendeu a navegar antes mesmo de ler as palavras do mundo. Agora, diante das transformações ambientais e sociais que reduziram o volume e a importância do rio, ele segue em seu barco pelas comunidades ribeirinhas, revisitando lugares, histórias e perdas, num registro dos costumes e memórias do povo do São Francisco.
🎞️ O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (RELANÇAMENTO)
Clássico do cinema brasileiro dos anos 1990, “O Que É Isso, Companheiro?” retorna às telas em versão restaurada, celebrando seu legado histórico. Dirigido por Bruno Barreto e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1998, o filme adapta o livro homônimo de memórias de Fernando Gabeira e reconstitui um dos episódios mais ousados da resistência à ditadura militar.
Ambientada no Brasil de 1969, a trama acompanha dois jovens de classe média que ingressam na luta armada contra o regime militar. Fernando (Pedro Cardoso), um jornalista idealista, e seu melhor amigo (Selton Mello) juntam-se a um grupo guerrilheiro de esquerda. Quando o amigo é preso e torturado pelas forças da ditadura, os militantes planejam um ato extremo para salvar o companheiro: o sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick (papel do veterano Alan Arkin). O objetivo dos revolucionários é usar o diplomata como moeda de troca, exigindo a libertação de presos políticos. Durante quatro dias tensos – reconstituídos com fidelidade e suspense – o filme mostra as negociações, a pressão internacional e o destino dos envolvidos nesse incidente verídico que entrou para a história brasileira.
Lançado originalmente em 1997, alcançou projeção internacional ao concorrer ao Oscar e reunir um elenco de destaque, marcando a primeira parceria cinematográfica entre Fernanda Torres e Selton Mello, quase três décadas antes do oscarizado “Ainda Estou Aqui”. Com roteiro de Leopoldo Serran e trilha sonora de Stewart Copeland (ex-baterista do The Police), “O Que É Isso, Companheiro?” é um thriller político filmado em ritmo ágil e com tensão crescente, que não deixa de lado o drama humano – especialmente de Fernando, dividido entre a causa e o medo, e do próprio embaixador Elbrick, retratado de forma simpática em seu cativeiro.
🎞️ BATMAN ETERNAMENTE (RELANÇAMENTO)
Em celebração aos 30 anos de sua estreia, “Batman Eternamente” volta aos cinemas com toda a sua extravagência intacta. Lançado originalmente em 1995, o terceiro filme da saga do Homem-Morcego na era pré-Christopher Nolan levou a franquia para um tom mais colorido e pop sob direção de Joel Schumacher. Val Kilmer vestiu a capa do Batman nessa aventura, ao lado de astros como Jim Carrey e Tommy Lee Jones nos papéis dos vilões Charada e Duas-Caras, respectivamente. O elenco contou ainda com Nicole Kidman como a Dra. Chase Meridian e Chris O’Donnell, como Dick Grayson/Robin, marcando a primeira aparição do parceiro mirim de Batman na franquia.
Na trama, Gotham City é aterrorizada pela ação conjunta de duas mentes criminosas bem distintas: o ex-promotor Harvey Dent, deformado e insano na pele do vilão Duas-Caras, e Edward Nygma, o Charada – um ex-cientista das Indústrias Wayne obcecado por vingança contra Bruce Wayne/Batman. Enquanto Batman tenta impedir a dupla de implantar um aparelho que suga ondas cerebrais dos cidadãos, ele precisa enfrentar também seus próprios traumas do passado (as memórias da morte dos pais) e os dilemas de sua identidade dupla. No caminho surge Dick Grayson, um jovem acrobata de circo que perde a família em um ataque de Duas-Caras e acaba acolhido por Bruce. Rebelde e sedento por justiça, Dick torna-se o herói Robin e passa a lutar ao lado do Batman contra os vilões. Em meio a perseguições extravagantes, enigmas mortais e muitos aparatos high-tech, o Cavaleiro das Trevas ainda vive um romance com a psicóloga Chase Meridian, que o ajuda a confrontar seus demônios internos.
Conhecido pelo visual neon, trilha sonora pop e clima de comic book televisivo, “Batman Eternamente” foi um grande sucesso comercial – liderou as bilheterias de 1995 e tornou-se na época um grande blockbuster. Entretanto, foi trucidado pela crítica, que não aceitou a versão cartunesca do personagem após dois filmes sombrios elogiadíssimos de Tim Burton. A estética camp da produção tinha mais a ver com a série “Batman” dos anos 1960. Schumacher ainda foi mais longe no filme seguinte, “Batman e Robin” – que apesar do título introduziu a Batgirl – , mas o fracasso de público da continuação deu razão às reclamações da crítica, forçando o fim da saga até sua retomada mais sombria anos depois pelas mãos de Christopher Nolan. Revisto hoje, “Batman Eternamente” desponta como um capítulo único na história do personagem nas telas – um desvio estilístico que mostrou uma Gotham mais iluminada, repleta de cores vibrantes e vilões divertidos.
🎞️ A NOVIÇA REBELDE (RELANÇAMENTO)
Musical imortal do cinema, “A Noviça Rebelde” retorna em versão de aniversário, seis décadas após encantar plateias pela primeira vez. Lançado em 1965, o filme dirigido por Robert Wise venceu cinco Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, consagrando-se como um dos maiores musicais de Hollywood em todos os tempos. Julie Andrews, então com 30 anos, eternizou-se no papel de Maria, a jovem noviça de espírito livre que traz música e amor a uma família austera na Áustria pré-Segunda Guerra. Ao lado de Christopher Plummer (Capitão von Trapp) e um elenco que inclui sete talentosas crianças no papel dos filhos do capitão, Andrews ajudou a criar momentos que entraram para a história do cinema.
O filme se passa em Salzburgo, 1938, e é baseado na história real da família von Trapp, contada em memórias por Maria von Trapp. Na trama, Maria (Andrews) é uma noviça atrapalhada e cheia de entusiasmo que é enviada do convento para ser governanta na casa do Capitão Georg von Trapp (Plummer), um viúvo rígido com sete filhos. Aos poucos, Maria conquista a confiança e o carinho das crianças por meio da música – ensinando-os a cantar “Do-Re-Mi” e outras canções – e amolece o coração do Capitão com sua alegria espontânea. Ela e Georg acabam se apaixonando e se casam, formando uma nova família. Porém, logo após a união, ocorre o Anschluss (anexação da Áustria pela Alemanha nazista), e os von Trapp veem-se obrigados a fugir do país para preservar sua liberdade e seus valores.
Além da envolvente história de amor, coragem e união familiar, “A Noviça Rebelde” é celebrada por sua trilha sonora emblemática, composta por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, com melodias como “My Favorite Things”, “Edelweiss” e “The Sound of Music” que entraram para a cultura popular. O filme foi um fenômeno de público: tornou-se a produção de maior bilheteria de 1965 e, em 1966, chegou a superar “…E o Vento Levou” como o filme de maior arrecadação da história até então. Seus cenários deslumbrantes filmados nos Alpes austríacos, o carisma de Julie Andrews em performance inspiradora e o tom otimista em meio a circunstâncias sombrias ajudaram a fazer de “A Noviça Rebelde” um clássico atemporal – uma celebração de esperança e do poder transformador da música, capaz de continuar emocionando por muitas gerações.