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Taís Araujo se diz frustrada com Raquel em “Vale Tudo”: “Queria outra narrativa”
Atriz critica perda da Paladar e defende que a personagem deveria seguir em ascensão como na versão de 1988
Queda inesperada
A perda da fortuna e da Paladar após um golpe de Odete Roitman (Débora Bloch) surpreendeu até Taís Araujo, intérprete de Raquel em “Vale Tudo”. A atriz revelou que esperava uma trajetória de ascensão para a protagonista, assim como ocorreu na versão de 1988.
“Eu gostaria muito que a Raquel tivesse uma curva ascendente, poderosa”, afirmou Taís em entrevista à revista Quem.
Críticas à nova narrativa
Na trama, Raquel é traída por Celina (Malu Galli), que vende sua parte do restaurante para Odete em troca do bem-estar da filha Heleninha (Paolla Oliveira). A reviravolta devolve a personagem à praia, onde volta a vender sanduíches.
“Confesso que recebi com um susto. Porque não era a trama original. Então, para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Quando vi aquilo, falei: ‘Ué, vai voltar para a praia, gente?’”, disse a atriz.
Taís afirmou se identificar com a frustração de parte do público: “Estou vendo tudo que as pessoas tão falando, tá, gente? Vendo, escutando, lendo, entendendo. Me alio para caramba com vocês nesse sentimento. Inclusive, às vezes de frustração. De querer um outro movimento.”
Representatividade em pauta
A atriz ressaltou que desejava ver em Raquel uma narrativa positiva para a representação de mulheres negras. “Gostaria muito mesmo que a batalha que ela tivesse fosse de outra ordem. Conflitos éticos com Odete, por exemplo. Como mulher negra, como artista negra, eu queria ver uma outra narrativa sobre mulheres negras”, declarou.
Para Taís, a dramaturgia tem responsabilidade em propor novas histórias: “Quando peguei a Raquel para fazer, falei: ‘Cara, a narrativa dessa mulher é a cara do Brasil. E ela vai ter uma ascensão social a partir do trabalho. Vai ser linda e ela vai ascender e ela vai permanecer’. Isso vai ser uma narrativa muito nova do que a gente vê sobre representação da mulher negra na teledramaturgia brasileira. Quando vejo que isso não aconteceu, como uma artista que quer contar uma nova narrativa de país, e a dramaturgia proporciona isso, confesso que fico triste e frustrada.”
Atuação como intérprete
Taís destacou que, apesar da insatisfação, cabe a ela defender a personagem como foi escrita por Manuela Dias. “Tenho que lidar com a realidade que me cabe, que é a intérprete de uma personagem que não é escrita por mim. Entendi e falei: ‘OK, ela está escrevendo uma parte da história. Vamos embora fazer’.”
Mesmo diante da derrota da protagonista, a atriz buscou preservar a força da personagem: “Ela não ia ficar chorando, ela ia levantar e trabalhar. É o que as mulheres desse país fazem. As que estão na base da pirâmide. Elas levantam e são bravas, valentes, corajosas, elas vão trabalhar.”
Esperança de desfecho positivo
Por fim, Taís afirmou que ainda torce por um final vitorioso para Raquel. “Espero realmente que a vida devolva a ela o que ela dá para a vida. Porque aí a gente vai ter uma narrativa contemporânea. Está na hora de a gente ver a população negra nesse lugar.”