
Morre Ray Brooks, protagonista do filme clássico “A Bossa da Conquista”
Ator de 86 anos estrelou filme-símbolo da estética mod e marcou gerações de crianças britânicas como sua voz na série animada “Mr Benn”
Ator britânico estava afastado das telas e vivia com demência
Ray Brooks, protagonista do filme clássico “A Bossa da Conquista” (1965), morreu no sábado (9/8) aos 86 anos. A família informou à BBC que ele vivia com demência nos últimos anos e faleceu após uma breve doença.
Nascido em 20 de abril de 1939, no Reino Unido, Brooks começou a carreira no início dos anos 1960, participando de minisséries e do filme “Revolta em Alto Mar” (1962). Logo depois, emplacou dois papéis simultâneos na TV, como Terry Mills na série “Taxi!” (1963-64), vivendo um taxista nas ruas de Londres, e como Norman Phillips na novela “Coronation Street” (1963-1964).
Protagonista de um clássico da estética mod
Em 1965, Brooks viveu seu personagem mais famoso, o mulherengo Tolen em “A Bossa da Conquista” (The Knack… and How to Get It), de Richard Lester, diretor que já tinha filmado os Beatles em “Os Reis do Ié-Ié-Ié” (1964). O longa ainda destacava de Rita Tushingham, Melhor Atriz no Festival de Cannes por “Um Gosto de Mel” e estrela que também marcou a época.
Produzido no auge da “Swinging London”, combinou narrativa experimental, cortes rápidos e humor irônico para captar o espírito irreverente e visualmente marcante da estética mod — caracterizada por figurinos elegantes, cenários urbanos e uma energia que se aproximava do pop art. Brooks interpretou o experiente sedutor que tenta ensinar a uma amigo inexperiente sobre conquistas amorosas, numa trama que misturava comédia, crítica social e ousadia visual.
Uma das sequências do filme, em que uma cama é carregada pela rua pelos protagonistas, virou uma das imagens mais influentes e mais referenciadas do período. Essa cena, com humor físico e coreografia quase absurda, sintetiza o tom experimental da obra e a energia anárquica da Swinging London. Ela quebrou a narrativa tradicional, misturando comédia e crítica social, e acabou sendo referência direta ou indireta para diversas produções posteriores, tanto no cinema britânico quanto em comerciais e videoclipes.
Para completar, “A Bossa da Conquista” ainda foi vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes – e inspirou o nome da banda The Knack, que usava visual mod na era new wave e é até hoje lembrada pelo hit “My Sharona”.
O sucesso duradouro de “Mr Benn”
O impacto de “A Bossa da Conquista” não se estendeu a carreira do ator, que se tornou uma figura cult, mas não encontrou apelo comercial. O fator cult lhe rendeu convite da banda The Who para fazer uma pequena participação no musical “Quadrophenia” (1979), que retratava a era mod. Mas as contas do dia a dia eram pagas com participações em projetos televisivos, desde a série de espionagem “Os Vingadores”, num episódio de 1968, até a atração policial “Z Cars”.
No começo dos anos 1970, Brooks se tornou conhecido como a voz do narrador da animação infantil “Mr Benn” (1971-72), atuação que, segundo os filhos Will e Tom, ele considerava seu trabalho mais popular. Embora só tenham sido produzidos 13 episódios, eles foram reprisados duas vezes por ano durante 21 anos.
Trabalhos na TV até os anos 2000
Brooks seguiu atuando em váriis projetos da TV britânica, incluindo séries populares como “Jacknory” (1969-78), “Big Deal” (1984-86), “Running Wild” (1987-89), “Growing Pains” (1992-93) e até na eterna novela “EastEnders”, seu último trabalho nas telas, entre 2005 e 2007.