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Neil Young abandona Facebook: “Meta usa chatbots com crianças de forma inconcebível”
Roqueiro reagiu à reportagem que revelou interação de chatbots com menores em conversas de cunho romântico ou sensual
Neil Young decidiu encerrar suas atividades no Facebook após denúncias envolvendo a política da Meta para o uso de chatbots de inteligência artificial em interações com crianças. A medida foi confirmada em publicação feita na própria página do músico, agora desativada.
“A pedido de Neil Young, não estamos mais usando o Facebook para nenhuma atividade relacionada a Neil Young. O uso de chatbots com crianças pela Meta é inconcebível. O sr. Young não quer mais nenhuma ligação com o Facebook”, anunciou a equipe do cantor.
O que revelaram os documentos internos?
A decisão ocorre depois de uma reportagem da Reuters revelar documentos internos da Meta. Os registros citavam permissões para que chatbots pudessem “engajar crianças em conversas românticas ou sensuais”. Também traziam exemplos de como descrever menores em termos de “atratividade”, limitando apenas menções explícitas à “desejabilidade sexual” de crianças abaixo de 13 anos.
Em resposta à agência, um porta-voz da Meta declarou que “os exemplos e notas em questão eram e são errôneos e inconsistentes com nossas políticas, e foram removidos”. Segundo a empresa, “temos políticas claras sobre o tipo de resposta que personagens de IA podem oferecer, e essas políticas proíbem conteúdo que sexualiza crianças e role play sexualizado entre adultos e menores”.
Histórico de boicotes de Neil Young
A decisão não é inédita na trajetória do cantor. Em 2022, ele removeu seu catálogo do Spotify em protesto contra a plataforma, que mantinha em exibição o podcast “The Joe Rogan Experience” com conteúdos de desinformação sobre vacinas.
Denúncia de Felca no Brasil
Paralelamente a esta polêmica, o influenciador Felca cunhou no Brasil o termo “algoritmo P” para criticar o mecanismo de recomendação usado pelas redes sociais, que intensifica a propagação de conteúdos com características de sexualização infantil — que ele denunciou num vídeo chamado “Adultização”, com mais de 40 milhões de visualizações no YouTube.
Segundo o youtuber, o problema surge quando o sistema identifica, por meio de interações do usuário, vídeos que envolvem crianças em contextos sugestivos. A partir desse ponto, o algoritmo passa a “entregar mais desse material”, gerando um ciclo de recomendação que favorece esse tipo de conteúdo sem nenhum filtro ético. Ele demonstrou o funcionamento do sistema ao interagir propositalmente com vídeos mais sugestivos, o que resultou em recomendações imediatas de conteúdos semelhantes — configurando um ambiente propício para predadores online.