PIPOCAMODERNA
Pipoca Moderna
  • Filme
  • Série
  • Reality
  • TV
  • Música
  • Etc
  • Filme
  • Série
  • Reality
  • TV
  • Música
  • Etc

Nenhum widget encontrado na barra lateral Alt!

Instagram/Ana Castela

Música|29 de agosto de 2025

Justiça questiona cidade pequena por gastar R$ 950 mil em show de Ana Castela

Prefeitura de Sepezal tem 72 horas para explicar contratação milionária apontada como acima do mercado pelo Ministério Público do Mato Grosso

Pipoque pelo Texto ocultar
1 Prefeitura deve prestar esclarecimentos
2 Diferença de valores e irregularidades
3 Decisão da Justiça
4 Debate sobre contratações públicas
5 Atuação do MP começou após “efeito tororó” de Anitta
6 Shows superfaturados vão de Gusttavo Lima a Leonardo
7 Projeto de Lei busca regularizar a gastança

Prefeitura deve prestar esclarecimentos

A Justiça do Mato Grosso determinou que a Prefeitura de Sapezal apresente explicações em até 72 horas sobre a contratação da cantora Ana Castela por R$ 950 mil. O show está previsto para 18 de setembro, como parte das comemorações do 31º aniversário da cidade, que tem cerca de 32.514 habitantes, segundo o IBGE.

A decisão ocorre após relatório do Ministério Público apontar indícios de sobrepreço no acordo firmado pelo município.

Diferença de valores e irregularidades

De acordo com o levantamento, o cachê de Ana Castela em Sapezal é 27% maior do que os valores pagos em outras apresentações da artista em Mato Grosso. Perícia contábil indicou ainda que a média cobrada pela empresa que representa a cantora, a Boiadeira Music LTDA, para shows de 1h30 (mesma duração prevista para Sapezal) gira em torno de R$ 750 mil. O relatório lembrou que, em 2024, Ana Castela se apresentou em Campo Novo do Parecis, município vizinho, por R$ 750 mil. Além disso, em 2024, ela recebeu R$ 650 mil em Pedra Preta e R$ 750 mil em Sorriso.

O Ministério Público também apontou divergências na definição do cachê, ausência de justificativas técnicas e irregularidades no processo de dispensa de licitação, conduzido por pregoeira comissionada em vez de servidor efetivo, o que fere a Lei de Licitações.

Decisão da Justiça

O juiz Luiz Guilherme Carvalho Guimarães determinou que a Prefeitura apresente suas justificativas antes de decidir sobre um pedido de liminar. Após a manifestação do município, o processo voltará à análise da Vara Única de Sapezal.

Debate sobre contratações públicas

O caso se soma a outros questionamentos semelhantes envolvendo cidades pequenas e shows de música sertaneja. Neste mês, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso já barrou a Festa do Peão em Peixoto de Azevedo, orçada em R$ 2,2 milhões, com shows de Zezé Di Camargo e Naiara Azevedo, por incompatibilidade entre os gastos e o déficit orçamentário municipal.

Atuação do MP começou após “efeito tororó” de Anitta

A atuação do Ministério Público sobre contratos de shows sertanejos ganhou força após um episódio envolvendo Zé Neto, da dupla com Cristiano, em 2022. Durante apresentação, o cantor fez críticas à cantora Anitta, afirmando que “não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se está bem ou não” e reforçou uma narrativa de extrema direita contra a chamada “mamata da Lei Rouanet”. “Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet. Nosso cachê quem paga é o povo. […] A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta, e o Brasil inteiro canta com a gente”, disse o sertanejo.

A cantora respondeu com humor à referência ao local da tatuagem — que apelidou de “tororó” —, mas rebateu o uso da Lei Rouanet com a exposição de práticas de superfaturamento em cachês pagos por prefeituras. Segundo ela, a produtora de seus shows já havia recebido propostas para esse tipo de contrato, o que foi recusado.

A denúncia pública motivou procuradores de diversos Estados a examinar convênios e pagamentos considerados incompatíveis com a realidade orçamentária de municípios. O movimento ficou conhecido informalmente como “efeito tororó” e resultou em uma série de suspensões e investigações que permanecem em andamento até hoje.

Shows superfaturados vão de Gusttavo Lima a Leonardo

Um dos primeiros alvos foi Gusttavo Lima. Diversas apresentações do cantor foram canceladas por decisões judiciais ou recuos das prefeituras, depois que investigações questionaram cachês que ultrapassavam R$ 1 milhão em cidades com menos de 10 mil habitantes.

No ano passado, reportagem do ICL Notícias revelou que shows de Gusttavo Lima consumiam até 50% de orçamento de Cultura de pequenas cidades. Um dos casos mais graves aconteceu em Campo Alegre de Lourdes, cidade do interior baiano, que contratou show do sertanejo por R$ 1,3 milhão enquanto estava em situação de emergência por conta da seca. Detalhe: o orçamento da cidade para a Cultura era três vezes menor que o cachê cobrado.

Em maio passado, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso também anulou um contrato de R$ 750 mil entre a prefeitura de Gaúcha do Norte, cidade de pouco mais de 8 mil habitantes, e a empresa Talismã Music para um show de Leonardo. Este caso chamou atenção porque o show chegou a acontecer logo em seguida, mediante liminar, o que fez a Justiça determinar a devolução de R$ 300 mil para os cofres públicos pela empresa da qual o sertanejo é sócio. O prefeito também é alvo da ação. Ainda cabe recurso.

Shows de César Menotti e Fabiano, Israel e Rodolffo, Bruno e Marrone e Gian e Giovani também motivação ação do MP. A lista inclui ainda investigação do evento em Sorriso, onde Zé Neto detonou a polêmica com seu discurso contra Anitta e Rouanet, ganhando cachê de R$ 400 mil.

Projeto de Lei busca regularizar a gastança

Para enfrentar a recorrência dessas disputas, o senador Alessandro Vieira apresentou o PL 3364/2025, que propõe regulamentar o uso de recursos públicos em shows e eventos culturais. O texto prevê maior transparência nos contratos, destinação de pelo menos metade do orçamento a artistas locais ou regionais, além da divulgação prévia das justificativas e valores pagos, com possibilidade de consulta pública.

O espaço segue aberto para posicionamentos da Prefeitura de Sapezal, da defesa de Ana Castela, do Ministério Público do Mato Grosso e outras partes citadas que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado.

Sem posts relacionados

Pipoca Moderna

Acompanhe Pipoca Moderna (pipocamoderna.com.br) para mais notícias de entretenimento.

@Pipoca Moderna 2025
Privacidade | Cookies | Facebook | X | Bluesky | Flipboard | Anuncie