
Instagram/La Biennale di Venezia
Festival de Veneza começa marcado por protestos contra massacres em Gaza
Discurso de padre expulso de Israel marcou pré-abertura e mobilizou artistas e ativistas na 82ª edição do evento
Protestos na abertura
O começo do 82º Festival de Cinema de Veneza, que estendeu seu tapete vermelho nesta quarta-feira (27/8), foi marcado por manifestações contra os massacres em andamento na Faixa de Gaza. Tradicionalmente associado ao glamour das estrelas, o evento se tornou palco de protestos e de um discurso político durante a cerimônia de pré-abertura.
Ausências e pedidos de boicote
A atriz israelense Gal Gadot, que integra o elenco de “In the Hand of Dante”, de Julian Schnabel, decidiu não participar da edição deste ano justamente por conta da polarização mundial em torno do conflito e da causa Palestina. Além dela, o ator escocês Gerard Butler, também presente no longa, tem sido alvo de pressões de ativistas que exigem a retirada de seu convite, por já ter colaborado em campanha de arrecadação de fundos para as Forças de Defesa de Israel (IDF).
O que foi dito no discurso?
O padre Nandino Capovilla, pároco de Marghera e ex-coordenador da Pax Christi, falou na cerimônia de pré-abertura após ter sido expulso de Israel em 12 de agosto. Em seu religioso fez um pedido aos países aliados de Israel, afirmando que “podemos parar de enviar armas a Israel, podemos persuadi-lo a respeitar a lei e a permitir que as agências da ONU, coordenadas pelo Ocha, voltem para ajudar uma população exausta; podemos perceber que, até que a ocupação termine, é absurdo e hipócrita repetir o refrão de ‘dois povos, dois Estados’”.
Diretor do festival, Alberto Barbera considerou a fala necessária diante do cenário. Segundo ele, a permissão para o discurso foi importante porque “nos encontramos impotentes diante de um massacre que não podemos justificar”.
Competição italiana abre a mostra
Em meio à tensão geopolítica, o evento abriu oficialmente com a exibição de “La Grazia”, de Paolo Sorrentino, um dos cinco filmes italianos que disputam o Leão de Ouro. O drama também tem componente político, ao mostrar os últimos meses no cargo de um presidente italiano fictício, vivido por Toni Servillo, que se preocupa com os seus últimos atos no governo: aprovar a legalização da eutanásia e perdoar dois condenados por crimes ligados ao tema.