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Felca denuncia influenciadores que explorem menores e vídeo explode no YouTube
Vídeo “Adultização” expõe casos polêmicos de exposição sexual infantil nas redes e chega perto de 20 milhões de visualizações em poucas horas
Felca torna denúncia pública
O youtuber Felca levou às redes na quinta-feira (7/8) uma denúncia sobre a exploração da imagem de menores em conteúdos publicados na internet. Batizado de “Adultização”, o vídeo viralizou e em menos de 48 horas chegou a quase 20 milhões de visualizações no YouTube. Em 49 minutos, o influenciador apresenta exemplos de casos que expõem crianças e adolescentes de forma sexualizada, além de apontar como as plataformas digitais favorecem a circulação desse tipo de material.
Entre os exemplos mencionados no vídeo estão o canal Bel Para Meninas, alvo de investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro em 2020, a influenciadora Caroliny Dreher, citada em um relato sobre suposta venda de imagens íntimas de menores pela própria mãe, e o influenciador paraibano Hytalo Santos, que mantém uma espécie de reality com adolescentes e crianças e é alvo de investigações do Ministério Público da Paraíba (MPPB). O vídeo também inclui entrevista com uma psicóloga sobre riscos da superexposição digital para crianças e adolescentes.
Repercussão política
A denúncia de Felca chamou atenção na esquerda e na direita. A deputada federal Erika Hilton, do PSOL, agradeceu publicamente a iniciativa, afirmando ter acionado a Polícia Federal e a Justiça para investigar os perfis citados. Ecoando o apoio, Nikolas Ferreira, do PL, disse que o influenciador “mexe em um vespeiro”.
Por que o caso de Hytalo chama mais atenção?
O influenciador paraibano Hytalo Santos ganhou mais destaque por produzir vídeos com um grupo que chama de “Turma do Hytalo”, formado por crianças e adolescentes que ele apresenta como “filhos” ou “crias”. Embora não haja vínculo de adoção, alguns desses jovens passam períodos vivendo com ele e são gravados em clima de reality, entre álcool e cenas de pegação. Os conteúdos incluem interações consideradas inadequadas, incluindo de contato de teor sexual entre os participantes. O caso está sob investigação do Ministério Público da Paraíba desde 2024, com procedimentos em andamento nas promotorias da Infância e Juventude de João Pessoa e Bayeux.
No material, Felca chamou o conteúdo associado a Hytalo de “circo macabro”. Ele apresentou trechos em que menores aparecem em danças sensuais e em situações de teor sexual. Em gravações do canal de Hytalo no YouTube, há beijos entre jovens e perguntas de cunho íntimo como “já pulou a cerca?”, “já pegou mais de quatro na balada?” e “já sentiu vontade de ficar com pai, mãe, primo ou tio de um amigo?”.
Uma das presenças recorrentes nas redes de Hytalo é Kamylinha Santos, hoje com 17 anos, mostrada desde os 12. A conta dela no Instagram, que passava de 10 milhões de seguidores, foi suspensa. Na sexta (8), após a repercussão, o perfil de Hytalo no Instagram também saiu do ar.
O que diz a defesa?
Hytalo ainda não se manifestou sobre a denúncia de Felca. Em nota encaminhada no ano passado ao UOL, por ocasião da investigação do MPPB, ele afirmou: “Hytalo não é denunciado pelo MPPB. Ocorre de internautas realizarem falsas acusações, por vezes produzindo ataques a sua honra, a fim de se promoverem com isso. E se dessas acarreta algum procedimento, esse tramita em sigilo, mas conta sempre com a postura da assessoria jurídica de Hytalo para reestabelecer a verdade e arquivá-los. Todo conteúdo que é produzido pela equipe de Hytalo Santos observa estritamente as regras e diretrizes das próprias plataformas em que são divulgados e ainda a um compliance rigoroso para evitar qualquer infração legal.”
O influenciador também já afirmou que as duas principais adolescentes, que normalmente são atreladas às denúncias, são emancipadas e alega possuir bom relacionamento com as mães das menores. “Tudo tem o consentimento das mães e, inclusive, das meninas emancipadas”, disse.
O que o MPPB apura?
Segundo apurou o Splash, as investigações do MPPB seguem ativas. Os procedimentos iniciais datam de novembro de 2024, e apuram denúncias em João Pessoa e em Bayeux. O caso de Bayeux partiu de pedido do Conselho Tutelar, enquanto o da capital paraibana foi registrado sem denunciante identificado como apuração sobre “defesa de direitos de crianças e adolescentes”. Ambos estão classificados internamente como “exploração sexual”, tramitam sob sigilo nas promotorias da Infância e Juventude e seguem em fase de investigação. O site atesta que confirmou a informação com o próprio MPPB.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) proíbe a exploração de imagens que violem a dignidade e a intimidade de crianças e as exponham a vexame ou constrangimento. O artigo 232 prevê detenção de seis meses a dois anos. Caso identifique violação, o MP pode apresentar denúncia à Justiça ou propor um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) para interromper os vídeos. Pais ou responsáveis também podem ser responsabilizados se forem incluídos no rol de investigados.
Quais iniciativas Felca tomou no caso?
Felca também registrou uma nova denúncia contra Hytalo e demais casos apresentados em seu vídeo, como da influenciadora Caroliny Dreher e do canal Bel Para Meninas.
Ele também abriu um processo paralelo contra internautas. Durante a apuração, o youtuber seguiu contas ligadas a esses casos para fazer a denúncia. A pesquisa foi exposta e ele foi acusado de “curtir” publicações de menores. Por conta disso, revelou ter processado mais de 200 pessoas por difamação. Ele propôs retirar as ações caso os acusadores façam um pedido de desculpas público e doem R$ 250 para instituições que combatam o abuso infantil.
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado. Algumas manifestações e a repercussão pode ser acompanhada neste link.