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Arlindo Cruz morre no Rio de Janeiro aos 66 anos
Sambista referência do pagode, autor de sucessos como de “Meu Lugar” e “O Show Tem Que Continuar” , sofreu AVC em 2017 e estava internado com pneumonia
Hospital confirma morte de Arlindo Cruz
O sambista Arlindo Cruz morreu na tarde desta sexta-feira (8/8) no Rio de Janeiro, aos 66 anos. O músico estava internado no hospital Barra D’Or desde o dia 25 de maio com um quadro de pneumonia e sofria de sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) ocorrido em 2017, e teve a morte confirmado em comunicado oficial, sem a revelação da causa. Um dos maiores nomes do samba e do pagode, Arlindo estava sem andar desde o AVC e vinha enfrentando problemas de saúde nos últimos anos.
Carreira marcada pelo samba e pelo pagode
Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Cruz iniciou a trajetória musical aos sete anos, quando ganhou seu primeiro cavaquinho e aprendeu a tocar com o pai. Posteriormente, frequentou a escola de música Flor do Méier, onde também aprendeu violão, e começou a participar de rodas de samba com diferentes artistas.
Arlindo frequentava a roda do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, tocando com nomes como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto sem Braço, Ubirany e Almir Guineto. Em 1981, entrou no grupo Fundo de Quintal, substituindo Jorge Aragão, e rapidamente se tornou um dos pilares da formação ao lado de Sombrinha.
Foi protagonista do movimento que consolidou o pagode, impulsionando artistas como Zeca Pagodinho, Jovelina Pérola Negra e o próprio Fundo de Quintal no cenário musical brasileiro.
Após 12 anos no grupo, saiu em 1993 para investir na carreira solo. Teve uma parceria marcante com Sombrinha, além de compor e gravar nove álbuns solo, somando um repertório de 795 músicas registradas no Ecad. Arlindo escreveu sucessos como “Meu Lugar”, “O Bem”, “O Que É o Amor?” e “O Show Tem Que Continuar”, além de canções consagradas na voz de outros artistas, como “Grande Erro” (Beth Carvalho), “Novo Amor” (Alcione), “Bagaço da Laranja” (Zeca Pagodinho) e “Tá Perdoado” (Maria Rita).
Seu lançamento mais importante, o disco “Sambista Perfeito” (2007), reuniu parceiros tradicionais como Zeca Pagodinho e as Velhas Guardas do Império Serrano e da Portela, mas também Maria Rita, Marcelo D2, Xande de Pilares e o Grupo Revelação, atravessando diferentes gerações da música brasileira.
Como o vício impactou a trajetória de Arlindo Cruz?
O vício em drogas prejudicou a vida pessoal e a carreira do sambista, como relataram familiares em depoimentos públicos. A esposa Babi Cruz declarou ao Brito Podcast, em 2022: “A droga chegou muito cedo na vida do Arlindo, na escola. Cuidado vocês que estão me ouvindo, prestem atenção com seus filhos na escola, que a droga não tá no samba só, não. A droga está nas melhores escolas”. Ela também mencionou os excessos antes do AVC: “De comer muito, de beber, de não ter hora, de droga. Só não pode falar que ele era mau-caráter, que ele era filho da p*ta, mas que ele era um cara bon vivant, sim”.
O filho Arlindinho falou abertamente sobre o tema: “Um cara tão vencedor, inteligente, amigo, educado. Meu pai só fez mal para ele. Ele fez bem para todo mundo. Mesmo sendo um cara maravilhoso, ele tinha esse ‘calcanhar de Aquiles’. Um vício, sua maior fraqueza. Era muito difícil”.
Presença marcante no samba e na televisão
Arlindo Cruz também se destacou como compositor de sambas-enredo, tendo conquistado três Estandartes de Ouro, principalmente escrevendo para o Império Serrano, mas também assinando obras para Grande Rio, Vila Isabel e Leão de Nova Iguaçu.
A presença em programas de televisão ampliou sua popularidade nacional, especialmente como um dos destaques do “Esquenta”, apresentado por Regina Casé na TV Globo entre 2011 e 2017. No programa, Arlindo comandava uma roda de samba, consolidando a imagem de referência do gênero para o grande público.
Problemas de saúde se agravaram nos últimos anos
Em março de 2017, Arlindo sofreu um grave AVC, que provocou sequelas irreversíveis e marcou o início de uma série de internações e complicações de saúde. Desde então, o artista ficou sem andar e passou a maior parte do tempo em cuidados médicos.
O hospital Barra D’Or informou que não está autorizado a divulgar detalhes do quadro do cantor, e a família indicou que informações adicionais sobre a causa da morte serão comunicadas pelos canais oficiais.