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Diretor do Festival de Veneza culpa Bolsonaro e Milei por ausência de filmes latinos em 2025
Alberto Barbera afirma que políticas de Brasil e Argentina explicam falta de longas latino-americanos na disputa pelo Leão de Ouro neste ano
Lista do festival reforça domínio de produções em inglês
A seleção oficial da 82ª edição do Festival Internacional do Cinema de Veneza gerou críticas pelo número elevado de filmes em língua inglesa, com produções assinadas por Noah Baumbach (“Jay Kelly”), Kathryn Bigelow (“A House of Dynamite”), Guillermo Del Toro (“Frankenstein”), Jim Jarmusch (“Father Mother Sister Brother”), Yorgos Lanthimos (“Bugonia”) e Benny Safdie (“The Smashing Machine”). O cenário é apontado como reflexo de uma busca crescente do evento por celebridades em seu tapete vermelho. Nos últimos oito anos, seis vencedores do Leão de Ouro foram filmes em inglês, incluindo “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar, premiado no ano passado.
Por que não há filmes latino-americanos na competição?
A ausência completa de produções da América Latina chamou atenção na lista oficial, situação rara desde a retomada do cinema brasileiro nos anos 1990. Questionado pela revista Variety, o diretor do festival, Alberto Barbera, atribuiu o cenário às políticas recentes no Brasil e na Argentina: “O Brasil está totalmente ausente porque o país vem de quatro anos de ditadura de Bolsonaro, que fez tudo o que pôde para acabar com o cinema de autor. A Argentina está nas mãos de Milei, que tenta fazer o mesmo com o cinema argentino”, afirmou.
Como o cinema brasileiro tem se destacado fora de Veneza?
Apesar da exclusão em Veneza, o cinema nacional conquistou reconhecimento internacional em 2025. “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, e “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, foram premiados nos festivais de Berlim e Cannes. “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, recebeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz (Fernanda Torres) e o Oscar de Melhor Filme Internacional, depois de vencer o prêmio de Melhor Roteiro justamente no Festival de Veneza do ano passado.
Quais são os destaques da seleção do Festival de Veneza?
Além dos filmes americanos, a competição oficial de 2025 reúne títulos como “The Wizard of the Kremlin”, de Olivier Assayas, “The Voice of Hind Rajab”, de Kaouther Ben Hania, “Elisa”, de Leonardo Di Costanzo, “À Pied d’Œuvre”, de Valérie Donzelli, “Silent Friend”, de Ildikó Enyedi, e “The Testament of Ann Lee”, de Mona Fastvold, entre outros.