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Divulgação/Warner Bros.

Filme|10 de julho de 2025

“Superman” é a grande estreia de cinema da semana

Filme de James Gunn inicia um novo universo DC com ampla distribuição, enquanto dramas autorais ocupam o circuito limitado

A aguardada chegada de “Superman” aos cinemas lidera a lista de lançamentos desta quinta (10/7), com a missão de salvar um universo: não só o das adaptações da DC, que iniciam aqui um reboot completo, mas também o dos filmes de super-heróis, após uma série de fracassos comerciais recentes. Única estreia ampla da semana, a produção da Warner divide espaço com um thriller B e títulos de apelo autoral em circuito limitado, incluindo a atualização de “Emmanuelle” e o premiado drama italiano “Vermiglio – A Noiva da Montanha”. Confira mais detalhes sobre os títulos que entram em cartaz.

 
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1 🎞️ SUPERMAN
2 🎞️ VERMIGLIO – A NOIVA DA MONTANHA
3 🎞️ EMMANUELLE
4 🎞️ SHADOW FORCE – SENTENÇA DE MORTE
5 🎞️ YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ
6 🎞️ OVNIS, MONSTROS E UTOPIAS: TRÊS CURTAS QUEER

🎞️ SUPERMAN

▶ Assista ao trailer
A mais recente encarnação do primeiro herói marca o pontapé inicial do novo universo cinematográfico da DC sob comando de James Gunn (diretor de “Guardiões da Galáxia”). Com produção da Warner Bros. e DC Studios, o filme traz de volta o icônico personagem em uma história inédita, agora focada em um Clark Kent de vinte e poucos anos encontrando seu lugar num mundo moderno. Filmado para telas IMAX e também em 3D, o longa mescla a grandiosidade das aventuras de ação com um tom otimista e humanista. Gunn baseou-se em quadrinhos clássicos – como “All-Star Superman”, de Grant Morrison – para resgatar o espírito altruísta do herói: um defensor da verdade e da justiça que enfrenta uma sociedade cética sem abrir mão de sua essência generosa.

Para isso, evitou refazer a origem já conhecida, preferindo mostrar o herói já ativo e equilibrando suas duas vidas. No enredo, Clark Kent (vivido por David Corenswet, de “Twisters”) trabalha como repórter no Daily Planet em Metrópolis, enquanto secretamente atua como o Superman – um alienígena do planeta Krypton criado por uma família humana no interior do Kansas. A trama explora o conflito interno de Clark ao tentar conciliar suas raízes kryptonianas com os valores morais aprendidos na Terra. A dinâmica romântica entre Clark e a colega Lois Lane (Rachel Brosnahan, de “A Marvilhosa Sra. Maisel”), uma jornalista brilhante e destemida, traz leveza e humanidade à trama, resultando em cenas de carisma e química que funcionam como âncora emocional do filme. A construção do antagonismo com Lex Luthor (Nicholas Hoult, de “X-Men: Fênix Negra”) é outro ponto alto. O embate é conduzido não só em nível físico, mas principalmente intelectual, questionando o lugar do Superman em uma sociedade cada vez mais cética e fragmentada.

No centro da trama está o dilema ético que sempre definiu o herói: até que ponto alguém com poderes quase divinos deve intervir num mundo marcado por conflitos, interesses e guerras — e como manter sua integridade em meio à complexidade de um planeta dividido.

Apesar da abordagem criativa, o excesso de personagens e subtramas — especialmente ao tentar introduzir outros heróis do universo DC — resulta em alguns momentos de dispersão narrativa. Mesmo assim, a mensagem central permanece clara: “Superman” celebra a ideia de que a esperança e a integridade não perderam o valor, atualizando o legado do personagem — e sua importância como inspiração — para uma nova geração.

 

🎞️ VERMIGLIO – A NOIVA DA MONTANHA

▶ Assista ao trailer
Filmado em paisagens alpinas de tirar o fôlego e falado em parte em dialeto ladino, “Vermiglio – A Noiva da Montanha” transporta o espectador para a Itália rural de 1944, nos estertores da 2ª Guerra Mundial. A diretora Maura Delpero – premiada anteriormente pelo drama “Maternal” (2019) – assina um retrato sensível e meticuloso de uma comunidade isolada prestes a enfrentar mudanças profundas. Carregando forte apuro artístico, o longa conquistou o Grande Prêmio do Júri (Leão de Prata) no Festival de Veneza de 2024, e mais tarde venceu o David di Donatello (o Oscar italiano) e foi selecionado como representante oficial da Itália para a disputa do Oscar de Filme Internacional.

Delpero inspirou-se em histórias reais de sua própria família, originária da vila de Vermiglio, no Trentino, para compor o roteiro. Esse laço pessoal confere autenticidade à narrativa, que explora as tradições de um vilarejo remoto virtualmente intocado pela guerra até que um evento externo desencadeia abalos internos. A rotina pacata dos moradores sofre uma reviravolta com a chegada de Pietro (Giuseppe De Domenico, da série “ZeroZeroZero”), um soldado desertor exausto e faminto que busca abrigo longe dos combates. O professor local, Cesare Graziadei (vivido pelo veterano Tommaso Ragno, de “O Jovem Papa”), homem respeitado na comunidade, decide acolher o forasteiro em casa sem alarde. É assim que Pietro conhece a família Graziadei – em especial Lucia (Martina Scrinzi), a filha mais velha de Cesare, uma jovem sonhadora e cheia de vitalidade. Com o passar dos dias, isolados pela neve e pelo silêncio das montanhas, Pietro e Lucia se aproximam e iniciam um romance intenso, porém clandestino. A paixão entre o desertor desconhecido e a “noiva da montanha” (como Lucia é chamada carinhosamente, por ser vista como destinada a casar e permanecer no vilarejo) rompe a quietude do lugar e gera comentários entre os habitantes.

Adele, a irmã mais nova de Lucia, observa tudo com curiosidade; já os pais, embora gratos a Pietro por ajudar nos trabalhos pesados, começam a temer pela reputação da família caso o envolvimento venha à tona. Em segundo plano, o fim da guerra se anuncia: boatos sobre a derrota iminente do regime fascista e a chegada das tropas aliadas circulam lentamente até aquele canto remoto, trazendo esperança e incerteza. Quando Lucia descobre estar grávida de Pietro, a notícia desencadeia dilemas morais e práticos. Numa sociedade regida por costumes rígidos e religião, a família decide apressar um casamento entre os dois para evitar escândalos. Pietro, genuinamente apaixonado, aceita o matrimônio – porém carrega seus próprios fantasmas e deveres não cumpridos. Antes que o casal tenha chance de se estabelecer, Cesare insiste que o genro viaje de volta à Sicília (sua terra natal) para informar sua família sobre a sobrevivência dele e a nova união. Esta imposição, aparentemente simples, acaba por precipitar eventos trágicos e irreversíveis, mudando o destino de todos. A despedida de Pietro e Lucia, com a promessa de reencontro breve, marca o fim de uma era de inocência em Vermiglio, à medida que o pós-guerra traz consigo tanto libertação quanto desagregação.

 

🎞️ EMMANUELLE

▶ Assista ao trailer
A diretora francesa Audrey Diwan, vencedora do Leão de Ouro em Veneza por “O Acontecimento”, revisita um dos maiores clássicos do cinema erótico dos anos 1970. Sua versão – uma coprodução de língua inglesa rodada em parte em Hong Kong – propõe um olhar contemporâneo e feminista sobre a célebre personagem criada por Emmanuelle Arsan. A cineasta declarou inspiração nas obras de Wong Kar-wai – algumas cenas foram filmadas em locações icônicas de Hong Kong – e buscou casar erotismo com drama psicológico. O resultado, entretanto, sacrificou o que o público mais associa ao nome de Emmanuelle: sexo e sensualidade.

Na trama, Emmanuelle (Noémie Merlant, de “Retrato de uma Jovem em Chamas”) é uma francesa na casa dos trinta anos que trabalha como avaliadora de hotéis de luxo. Enviada sozinha à cidade chinesa para inspecionar um resort cinco-estrelas administrado por Margot – papel de Naomi Watts (“Cidade dos Sonhos”) – Emmanuelle se vê imersa em um ambiente exótico e estimulante. Logo nos primeiros dias hospedada no hotel, começa a vivenciar encontros sensuais que desafiam suas próprias expectativas. Entre os hóspedes enigmáticos está Kei, um misterioso homem interpretado por Will Sharpe (da série “The White Lotus”) que desperta nela uma intensa fascinação. À medida que Emmanuelle se aventura por experiências fora de sua zona de conforto, ela questiona limites pessoais e tabus.

A versão original de 1974, marcada pelo olhar masculino do diretor Just Jaeckin sobre o corpo de Sylvia Kristel, foi sinônimo de sexualidade liberal em uma época de censura e escandalizou o mundo – chegou a ser proibido no Brasil. Audrey Diwan, que também coescreveu o roteiro ao lado de Rebecca Zlotowski (“Grand Central”), buscou distinguir objetificação de empoderamento por meio de um aprofundamento de personagem. Mas, com isso, os encontros sexuais perderam impacto, tornando-se rituais frios, o oposto que se esperaria de um filme de “Emmanuelle”.

 

🎞️ SHADOW FORCE – SENTENÇA DE MORTE

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Dirigido por Joe Carnahan (cineasta de “A Perseguição” e “Esquadrão Classe A”), o thriller de ação reúne Kerry Washington (“Django Livre”) e o francês Omar Sy (“Lupin”) como um casal de ex-agentes de elite foragidos, numa trama repleta de perseguições e tiroteios. Os protagonistas eram líderes de um esquadrão clandestino chamado Shadow Force. Após se apaixonarem durante uma missão e decidirem desertar para proteger o filho pequeno, tornam-se alvo de uma caçada internacional implacável. Anos depois de “sumirem do mapa”, vivendo sob identidades falsas, uma recompensa milionária é colocada por suas cabeças e antigos colegas da organização – agora transformados em inimigos – passam a persegui-los.

A dupla entra em confronto direto com seu ex-comandante, vivido por Mark Strong (“Kingsman: Serviço Secreto”), cuja obsessão vingativa alimenta a caçada. Ele jamais perdoou a deserção dos dois agentes, tratando-a como traição pessoal, e os caça por diferentes cenários. Conforme a família luta unida para sobreviver, verdades do passado vêm à tona, e os protagonistas precisam confrontar não apenas um exército de assassinos, mas também os traumas e escolhas que os levaram até ali.

“Shadow Force” combina diversos clichês conhecidos do gênero, alinhados à ação frenética característica do diretor, com sequências de combate corpo-a-corpo e explosões coreografadas. O resultado é um filme B com elenco acima da média, mas que tinha tudo para ser lançado direto em streaming.

 

🎞️ YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ

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O documentário investiga as feridas abertas pela ditadura militar brasileira entre os povos originários. O ponto de partida é a própria história familiar da codiretora Sueli Maxakali (da etnia Tikmũ’ũn, também conhecida como Maxakali): seu pai – um indígena da etnia Kaiowá chamado Luis – foi afastado à força da família e da aldeia onde vivia, em meio às políticas de remoção e repressão imposta aos povos nativos nos anos 1970.

Décadas depois, Sueli e sua filha Maísa decidem ir atrás desse patriarca desaparecido, embarcando em uma jornada que é ao mesmo tempo uma busca íntima e um mergulho nas memórias traumáticas de toda sua comunidade. Ao reconstruir a trajetória desse pai ausente, o documentário revisita um capítulo obscuro da história: sob o regime autoritário, milhares de indígenas foram retirados de suas terras e realocados em projetos de “integração”, resultando na ruptura forçada de famílias e numa perda cultural irreparável.

Em paralelo à investigação familiar, o filme mostra cenas do presente nas aldeias: rituais, cantos em língua nativa, o cotidiano das novas gerações Maxakali e Kaiowá. Esses momentos celebram a ancestralidade viva e ressaltam a continuidade da cultura, apesar de todas as tentativas de silenciamento.

Destaque em importantes mostras de cinema, a obra teve estreia na competição do Festival de Brasília em 2024, onde rendeu aos diretores Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna o prêmio de Melhor Direção.

 

🎞️ OVNIS, MONSTROS E UTOPIAS: TRÊS CURTAS QUEER

▶ Assista ao trailer
Fechando a semana de estreias, “Ovnis, Monstros e Utopias: Três Curtas Queer” apresenta uma proposta pouco convencional: a exibição conjunta, nos cinemas, de três curta-metragens portugueses recentes, todos explorando temática LGBTQIA+ sob prismas de ficção científica e fantasia. A antologia oferece um vislumbre da nova safra do cinema queer lusitano, reunindo trabalhos de jovens realizadores promissores. Cada filme tem direção e estética próprias, mas em comum eles compartilham a vontade de subverter gêneros cinematográficos tradicionais – da sci-fi ao horror – para abordar questões de identidade, desejo e pertencimento do universo queer. A sessão inclui: “Entre a Luz e o Nada”, dirigido por Joana de Sousa; “Sob Influência”, de Ricardo Branco; e “Uma Garota Imaterial”, de André Godinho. São obras independentes, de cerca de 20 a 30 minutos cada, que, agrupadas, somam menos de 1h30 de duração no total.

Em conjunto, eles trafegam por territórios de metáfora: UFOs e vida alienígena, monstros clássicos e realidades utópicas servem de alegorias para os sentimentos de deslocamento, medo e esperança vividos por pessoas LGBTQIA+. A ideia de exibir os curtas em bloco nasceu da curadoria de festivais portugueses, onde chamaram atenção, sendo combinados para lançamento comercial – iniciativa que lhes permitiu chegar até ao Brasil.

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Marcel Plasse

Marcel Plasse é jornalista, participou da geração histórica da revista de música Bizz, editou as primeiras graphic novels lançadas no Brasil, criou a revista Set de cinema, foi crítico na Folha, Estadão e Valor Econômico, escreveu na Playboy, assinou colunas na Superinteressante e DVD News, produziu discos indies e é criador e editor do site Pipoca Moderna.

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