
Instagram/Preta Gil
Preta Gil morre aos 50 anos após luta contra o câncer
Cantora e empresária faleceu neste domingo após batalha de um ano e meio contra câncer colorretal
Morte após enfrentar câncer agressivo
Preta Gil morreu neste domingo (20/7) aos 50 anos, vítima de câncer colorretal. A informação foi confirmada pela assessoria da cantora. Diagnosticada em janeiro de 2023, ela passou por cirurgias, radioterapia, quimioterapia e enfrentou recidivas e complicações ao longo dos últimos meses.
Em agosto de 2024, Preta celebrou 50 anos com o lançamento do livro “Preta Gil: Os Primeiros 50”, no qual registrou seu otimismo diante dos desafios. “Sou uma pessoa que chega aqui zero traumatizada com o que viveu, tudo serviu de lição pra mim, pra poder valorizar ainda mais esses próximos cinquenta”, declarou em entrevista ao Estadão, na época.
O tratamento começou com a remoção do tumor e sessões de radioterapia, seguidos de histerectomia e amputação de reto. Mesmo com os efeitos colaterais e o uso de bolsa de colostomia definitiva, Preta manteve a rotina de mostrar sua recuperação aos seguidores, defendendo a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “Um dos grandes problemas que a gente enfrenta no combate ao câncer é o estigma. Esse estigma é algo que foi criado e passado de geração em geração, e até hoje faz com que muita gente não se cuide, não busque ajuda, e tenha preconceito com a doença”, alertou.
Após complicações como cálculos renais, infecções e cirurgias extensas — uma delas com 18 horas de duração —, Preta alternou períodos de internação no Hospital Sírio Libanês e no Hospital Aliança Star, em São Paulo e Salvador, com momentos ao lado da família. Nas redes sociais, ela compartilhou mensagens sobre o processo de reabilitação e retomou atividades em público, como no carnaval deste ano, onde apareceu no Camarote Expresso 2222 com o pai, Gilberto Gil.
Trajetória de superação e ativismo
Preta Gil tornou-se símbolo de resistência ao transformar sua experiência com o câncer em mobilização social. Após uma longa internação, comemorou pequenas conquistas, como o banho de mar em Salvador e o reencontro com amigos e familiares, incluindo a neta, Sol de Maria.
Em diferentes momentos, Preta fez questão de orientar o público sobre sintomas e tratamento. “Eu mesma fiz isso no começo, quando comecei a ter os primeiros sintomas. Eu ainda tive sorte, no meu primeiro diagnóstico, de ter um tratamento precoce, e agora também”, afirmou em vídeo publicado em janeiro de 2025.
O legado de Preta Gil na música, televisão e ativismo
Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu no Rio de Janeiro e construiu trajetória própria como cantora, atriz e empresária. Lançou seu primeiro álbum, “Prét-A-Porter”, em 2003, que chamou atenção pela polêmica capa em que aparecia nua. O sucesso veio com “Sinais de Fogo” e, ao longo dos anos, consolidou-se como referência no Carnaval do Rio com o “Bloco da Preta”.
Preta também atuou em novelas como “Agora É Que São Elas”, “Caminhos do Coração”, “Os Mutantes” e em séries como “As Cariocas” e “Pé na Cova”. No mercado de entretenimento, foi sócia-fundadora da agência Mynd8, premiada em 2019 e responsável por projetos para artistas como Pabllo Vittar, Xamã e Douglas Silva, inovando por privilegiar o agenciamento de minorias.
O ativismo de Preta Gil foi fundamental no combate ao preconceito racial, à homofobia e na luta por mais informação sobre saúde.
Em sua vida pessoal, Preta teve como companheiros o ator Otávio Müller — pai de seu filho Francisco Gil —, Caio Blat, Marcos Palmeira, Paulo Vilhena, Marcos Mion e Rodrigo Godoy. O rompimento com Godoy, durante o tratamento contra o câncer, foi alvo de debates públicos sobre lealdade e respeito.
Últimos momentos
Sua última aparição no palco foi em abril passado ao lado do pai, durante um show da turnê de despedida de Gil, onde os dois cantaram “Drão” e se emocionaram.
Desenganada, Preta chegou a desabafar no “Domingão com Huck” que “aqui no Brasil a gente já fez tudo que podia”. Ela foi aos Estados Unidos em maio, em busca de tratamento experimental, mas não encontrou a cura.
Gilberto Gil confirmou que a filha morreu em Nova York, onde a família está no momento cuidando da repatriação do corpo.