
Divulgação/Antipode
Palestino de filme vencedor do Oscar é assassinado por colono israelense
O cineasta Odeh Hadalin, membro da equipe do documentário "Sem Chão", premiado no Oscar de 2025, foi morto a tiros nesta segunda na Cisjordânia
Assassinato na Cisjordânia
O ativista palestino Odeh Hadalin foi assassinado nesta segunda-feira (28/7) por um colono israelense, durante uma série de ataques a vilarejos da Cisjordânia. Hadalin integrava a equipe de filmagem do documentário “Sem Chão” (“No Other Land”), vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2025.
Segundo relatos de um parceiro do filme, o crime ocorreu em Masafer Yatta, região frequentemente alvo de ofensivas. O assassino disparou contra manifestantes que protestavam contra a destruição de áreas da comunidade palestina por retroescavadeiras israelenses.
O cineasta Yuval Abraham, codiretor de “Sem Chão”, compartilhou em suas redes sociais: “Um colono israelense acaba de atirar nos pulmões de Odeh Hadalin, um ativista notável que nos ajudou a filmar ‘Sem Chão’, em Masafer Yatta. Os moradores identificaram Yinon Levi, sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos, como o atirador. Este é ele no vídeo atirando como um louco”.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram Levi disparando contra os manifestantes. Hadalin foi atingido por ao menos dois tiros no peito. O autor dos disparos permanece solto.
Como foi a repercussão do assassinato?
O episódio reacendeu alertas sobre a escalada de violência por parte de colonos israelenses na Cisjordânia. No mesmo dia, vilarejos como Taybeh, de maioria cristã e cerca de 1,3 mil habitantes, também sofreram ataques.
“Sem Chão” retratou justamente a luta de comunidades palestinas de Massafer Yatta, região da Cisjordânia, contra ordens de expulsão emitidas por autoridades israelenses. O filme acompanha o cotidiano de famílias que resistem à remoção forçada, mostrando o impacto das demolições, a pressão de colonos israelenses, a destruição de casas e escolas e as estratégias de sobrevivência e mobilização dos moradores.
Outros ataques à equipe de “Sem Chão”
A morte de Hadalin provocou reação internacional, especialmente devido à sua participação no filme premiado.
A violência contra membros do documentário não é inédita. Em março de 2025, cerca de 20 dias após a vitória no Oscar, Hamdan Ballal, codiretor do filme, foi sequestrado e torturado por colonos em Massafer Yatta. Ballal mora na região retratada no longa e foi libertado poucas horas depois do sequestro.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos inicialmente publicou um comunicado considerado insuficiente, por não citar o nome de Ballal nem detalhar o caso. O texto dizia apenas: “A Academia condena que artistas sejam prejudicados ou suprimidos por causa de seu trabalho ou opiniões”. Mas, após críticas, um novo comunicado incluiu um pedido de desculpas formal a Ballal: “Queremos deixar claro que a Academia condena a violência desse tipo em qualquer lugar do mundo. Abominamos a supressão da liberdade de expressão em qualquer circunstância”, reforçou o texto.