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Divulgação/Paramount

Filme|17 de julho de 2025

Novos “Smurfs” e “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” são os destaques de cinema

Dois grandes lançamentos disputam as salas nesta semana, enquanto drama biográfico e novas produções de arte ocupam o circuito limitado

As estreias de cinema desta quinta (17/7) destacam duas franquias para públicos diferentes: “Smurfs” marca o retorno dos personagens clássicos dos quadrinhos europeus em nova versão animada, enquanto “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” resgata o terror adolescente dos anos 1990, juntando os protagonistas originais com uma nova geração de vítimas. Entre as demais novidades, produções europeias, drama biográfico, thriller asiático e documentário musical ampliam a diversidade da programação do circuito alternativo.

 
Pipoque pelo Texto ocultar
1 🎞️ SMURFS
2 🎞️ EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO
3 🎞️ A VISÃO
4 🎞️ CLOUD – NUVEM DE VINGANÇA
5 🎞️ UMA BELA VIDA
6 🎞️ ENTRE NÓS, O AMOR
7 🎞️ O BRILHO DO DIAMANTE SECRETO
8 🎞️ FILHOS DO MANGUE
9 🎞️ CAZUZA: BOAS NOVAS

🎞️ SMURFS

▶ Assista ao trailer
A Paramount Pictures revive os famosos personagens azuis em uma animação musical fantasiosa baseada nos quadrinhos de Peyo. Desta vez, os Smurfs ganham o reforço estelar de Rihanna – que produz o filme e empresta sua voz à Smurfette – marcando uma abordagem inédita como musical. Sob direção de Chris Miller (conhecido por “Gato de Botas”), a produção americana aposta em humor e aventura para atrair novas gerações, ao mesmo tempo em que presta homenagem ao legado franco-belga dos Smurfs. Visualmente, a adaptação mistura o 3D moderno com toques de arte 2D, buscando remeter ao traço original dos quadrinhos e diferenciando este reboot das adaptações anteriores com live-action

Na trama, o pacato vilarejo dos Smurfs é abalado quando o sábio Papai Smurf é misteriosamente raptado por dois feiticeiros malignos: o clássico Gargamel e seu recém-introduzido irmão Razamel. Determinada e corajosa, Smurfette assume a liderança de uma missão de resgate que leva os Smurfs ao mundo humano. Longe de casa e enfrentando desafios em uma realidade desconhecida, eles contam com a ajuda de novos aliados improváveis para enfrentar os vilões e salvar Papai Smurf.

Além de Rihanna como Smurfette, trazendo carisma e vocais poderosos – inclusive em músicas originais compostas para o filme – o elenco original inclui ainda John Goodman (“O Grande Lebowski”) dublando Papai Smurf, Nick Offerman (“Parks and Recreation”) no papel de um novo Smurf rabugento, Sandra Oh (“Killing Eve”) e Octavia Spencer (“Histórias Cruzadas”) como personagens inéditos e mágicos, além de Hannah Waddingham (“Ted Lasso”) e o veterano Kurt Russell (“O Enigma de Outro Mundo”).

Como se trata de um musical, números coreografados e canções avançam a narrativa, expressando os sentimentos dos personagens e os temas clássicos da franquia: trabalho em equipe, autodescoberta e aceitação das diferenças, agora ampliados pela ideia de “descobrir seu destino” – uma mensagem inspiradora para o público infantil.

 

🎞️ EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO

▶ Assista ao trailer
O clássico terror adolescente dos anos 1990 está de volta. Trata-se de uma sequência direta dos eventos dos dois primeiros filmes, numa aposta na onda recente de “legacy sequels” no gênero slasher. Assim como franquias consagradas como “Halloween” e “Pânico”, a produção combina astros originais, que retornam a seus papéis icônicos, com uma nova geração de vítimas e suspeitos. A direção ficou a cargo de Jennifer Kaytin Robinson (roteirista de “Thor: Amor e Trovão”), que aqui imprime um olhar contemporâneo e feminino a uma história enraizada nos tropeços clássicos do terror dos anos 90.

Culturalmente, o projeto tem gerado expectativa por reunir Jennifer Love Hewitt e Freddie Prinze Jr. após quase três décadas do original, capitalizando na nostalgia dos fãs e ao mesmo tempo atualizando a premissa com referências à redes sociais e à cultura do “true crime”, que dão relevância moderna à lenda do assassino do gancho.

A equipe empenhou-se em recriar a atmosfera sombria e nebulosa da fictícia cidade costeira onde a saga começou, mantendo a continuidade do universo da franquia, que mantém a fórmula consagrada: um ano após cinco amigos encobrirem um atropelamento fatal, eles começam a receber mensagens ameaçadoras de alguém que sabe o segredo que juraram esconder. Ambientada 27 anos depois do massacre de 1997, a trama acompanha esse novo grupo de jovens – vividos por Madelyn Cline (“Glass Onion: Um Mistério Knives Out”), Chase Sui Wonders (“Cidades de Papel”), Jonah Hauer-King (“A Pequena Sereia”), Tyriq Withers (“The Game”) e Sarah Pidgeon (“The Wilds”) – tentando seguir em frente com suas vidas após o acidente, quando se veem perseguidos por um assassino imitador. Os detalhes macabros indicam que o criminoso atual copia o modus operandi do infame “Fisherman”, o pescador com o gancho assassino dos filmes originais. Desesperados e sob crescente paranoia, os jovens buscam ajuda justamente de quem sobreviveu ao pesadelo décadas atrás: Julie James (Jennifer Love Hewitt) e Ray Bronson (Freddie Prinze Jr.), o casal protagonista dos longas anteriores.

Com os veteranos como mentores relutantes, a nova geração tenta desvendar quem está por trás da máscara de pescador desta vez – algum cúmplice do passado retornando ou um membro do grupo traindo os demais? –, ao mesmo tempo em que lutam para não serem fisgados, literalmente, pelo maníaco do gancho. O enredo equilibra cenas de investigação, tensões adolescentes e, claro, as criativas sequências de morte caracterizadas por um clima de gato-e-rato, à medida que o passado volta para cobrar seu preço sangrento.

 

🎞️ A VISÃO

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Baseado em uma história real inspiradora, o drama biográfico retrata a jornada de Dr. Ming Wang, um renomado oftalmologista sino-americano. O diretor Andrew Hyatt (“Paulo, Apóstolo de Cristo”) adapta o livro autobiográfico escrito pelo próprio Dr. Wang, trazendo para as telas uma narrativa de superação que atravessa continentes. A produção tem a marca do Angel Studios – estúdio voltado a filmes edificantes – , o que indica uma abordagem evangélica e, de fato, a adaptação transita entre a ciência e a espiritualidade. A trama conta como Ming Wang, nascido na China durante a Revolução Cultural, emigrou para os Estados Unidos e desafiou probabilidades impossíveis até se tornar pioneiro em técnicas de restauração da visão.

A produção dialoga com questões universais: a busca pelo “sonho americano”, a reconciliação entre tradição oriental e oportunidades ocidentais, e a capacidade da fé de iluminar os momentos mais sombrios. O filme inicia mostrando o jovem Ming enfrentando adversidades durante a adolescência. Em meio à pobreza e ao regime repressivo, ele nutre um sonho audacioso de estudar no Ocidente. Conseguindo emigrar, Ming entra no competitivo mundo acadêmico americano, superando barreiras linguísticas e preconceitos para graduar-se em medicina. Já estabelecido como médico, o drama central emerge quando um pequeno órfão cego aparece em sua clínica buscando um milagre. Esse encontro confronta Ming com memórias dolorosas de seu próprio passado e representa um desafio de fé e ciência: para devolver a visão à criança, ele precisará enfrentar limites tecnológicos e demônios pessoais. A narrativa, então, alterna entre flashbacks e o presente, onde ele lidera pesquisas de ponta em cirurgia ocular. Em determinado momento crucial, Ming testa um procedimento inovador, recorrendo não apenas ao conhecimento científico, mas à esperança quase sobrenatural de dar luz aos olhos da criança e, simbolicamente, dissipar a escuridão de seu próprio passado.

Terry Chen (“House of Cards”) vive Ming Wang em todas as fases, do jovem idealista recém-chegado aos EUA ao experiente cirurgião lidando com dúvidas sobre si mesmo, e Greg Kinnear (“Melhor É Impossível”) co-estrela como Dr. Misha Bartnovsky, mentor e parceiro de pesquisa de Ming nos EUA. Além deles, há participações marcantes de Fionnula Flanagan (“Os Outros”) como uma freira que influenciou Ming em seu despertar espiritual, Natasha Mumba (“Beacon 23”) no papel de Ruth, uma assistente social que acompanha o caso do órfão cego, e Wai Ching Ho (“Demolidor”, da Marvel) vivendo Alian, a mãe de criação de Ming na China

Tematicamente, o filme aborda a fé de maneira sutil: Ming é apresentado como cristão convertido, e há instantes em que ele reza por orientação antes de uma decisão difícil, mas “A Visão” evita pregação aberta e foca mais na dimensão humana universal, buscando o público que valoriza histórias edificantes. Nos Estados Unidos, porém, o filme teve uma carreira discreta nos cinemas, arrecadando cerca de US$ 7 milhões – um resultado modesto, mas significativo para um drama biográfico independente.

 

🎞️ CLOUD – NUVEM DE VINGANÇA

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O cineasta japonês Kiyoshi Kurosawa, renomado por mesclar horror e suspense psicológico em filmes cultuados como “Pulse” (2001) e “Creepy” (2016), retorna com um thriller moderno que lança um olhar perturbador sobre a era digital. Marcada por forte comentário social, a trama investiga o submundo dos “esquemas online” e as consequências da ganância virtual. Escolhido como representante do Japão para a disputa do Oscar de Melhor Filme Internacional, o longa evoca casos reais em que fóruns online fomentam vinganças coletivas.

O protagonista é Ryosuke Yoshii (Masaki Suda, “Meu Pequeno Monstro”), um jovem operário que, para ganhar dinheiro fácil, começa a revender produtos na internet de maneira oportunista. No início do filme, Yoshii aparece realizando pequenas fraudes – ele compra lotes de aparelhos de saúde por baixo preço enganando um fornecedor e os revende online a um valor muito superior. O lucro rápido lhe sobe à cabeça: Yoshii recusa até uma promoção no emprego formal para se dedicar integralmente ao lucrativo (porém antiético) negócio de revendedor virtual. Com o tempo, ele expande as operações, chega a deixar o humilde apartamento e aluga uma casa maior nos subúrbios, que vira depósito e escritório da empreitada digital. Em seguida, contrata um ajudante, Sano (Daiken Okudaira, “O Vilarejo”), e convence sua namorada Akiko (Kotone Furukawa, “Roda do Destino”) a morar com ele, acreditando estar a caminho de ficar rico. No entanto, conforme Yoshii se torna mais frio e ganancioso, as relações pessoais se deterioram: ele ignora Akiko e trata Sano com desdém, focado apenas em números. Akiko, sentindo-se negligenciada, decide deixá-lo; Sano sugere prudência ou diversificação e acaba sendo demitido sumariamente

Agora isolado – sem namorada e assistente – Yoshii começa a enfrentar as consequências de sua postura predatória: clientes lesados e fornecedores enganados passam a assediá-lo online, trocando informações sobre suas fraudes em fóruns e planejando retaliações. A tensão cresce quando esses desconhecidos virtuais descobrem o novo endereço físico de Yoshii e, inflamados pelo anonimato vingativo da internet, decidem levar a justiça a cabo, com direito a sequências violentas.

Com 89% de aprovação no Rotten Tomatoes, o longa é um retrato incisivo da ganância digital e da vingança coletiva, que oferece tanto entretenimento de alta voltagem quanto material para reflexão.

 

🎞️ UMA BELA VIDA

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Dirigido pelo consagrado cineasta greco-francês Costa-Gavras, o drama traz um olhar profundo e pessoal sobre o tema delicado do fim da vida. Conhecido por clássicos político-sociais como “Z” (1969) e “Estado de Sítio” (1972), Costa-Gavras, aos 91 anos de idade, surpreende ao enveredar por um drama intimista que aborda a mortalidade. Essa mudança de escopo reflete preocupações da idade, fazendo o diretor utilizar sua voz experiente para meditar sobre a dignidade na morte, em seu retorno ao país de adoção depois de alguns anos afastado das telas. Seu filme anterior, o grego “Jogos do Poder”, tinha sido lançado em 2019.

O roteiro adapta uma obra do filósofo francês Régis Debray, conhecido por reflexões sobre política e espiritualidade, garantindo substrato intelectual à narrativa, que se passa majoritariamente em uma clínica de cuidados paliativos, cenário principal onde diferentes personagens cruzam seus destinos no fim da vida. Augustin (Denis Podalydès, de “Belle Époque”) é um escritor de 52 anos que, ao fazer um check-up médico de rotina, se vê repentinamente obcecado pela ideia da morte e pelo conceito da eutanásia. Inquieto e imaginando-se mortalmente doente mesmo sem diagnóstico grave, Augustin decide visitar uma renomada clínica para pacientes terminais, buscando compreender como outros encaram a finitude. Lá, ele é recebido pelo Dr. Karime (Kad Merad, “A Riviera Não é Aqui”), um médico compassivo que lidera a instituição com uma filosofia singular: naquele espaço, os doentes em estado terminal têm voz ativa sobre como querem passar seus últimos dias e até sobre o momento de partir.

Conforme o médico lhe apresenta os pacientes e suas histórias, Augustin vai mergulhando em uma galeria de experiências que refletem diferentes maneiras de encarar o fim. A veterana Charlotte Rampling (“Duna”) aparece no elenco como Sidonie, uma das pacientes terminais, com uma participação breve e marcante.

O filme não envolve atos de eutanásia ativa ou rituais dramatizados, mas aborda de modo respeitoso a escolha consciente e os diálogos sobre uma “morte com dignidade”, com respaldo em cenas em que pacientes expressam desejos finais — como despedidas familiares ou decisões sobre o momento de partir. Ele se diferencia de obras recentes de Almodóvar e Ozon sobre o tema por uma perspectiva quase pedagógica: Costa-Gavras quis “aprender a morrer” fazendo este filme e acaba levando o público encarar a questão, o que abre espaço para conversas normalmente evitadas.

 

🎞️ ENTRE NÓS, O AMOR

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O drama familiar franco-belga explora de maneira agridoce a relação singular entre uma mãe e filho em um contexto de vulnerabilidade social. Dirigido por Morgan Simon, que despontou com o premiado “Compte tes Blessures” (2016), o filme mergulha na intimidade de um lar nos subúrbios de Paris para dissecar temas como codependência, amadurecimento e dificuldades financeiras por meio de um tom melancólico.

Valeria Bruni-Tedeschi (“Loucas de Alegria”), uma das grandes atrizes do cinema francês, protagoniza a obra como uma mãe solteira num relacionamento umbilical com filho. A história se passa em um conjunto habitacional nos arredores de Paris, onde Nicole (Valeria Bruni-Tedeschi), 52 anos, vive com seu filho Serge (Félix Lefebvre, de “Verão de 85”), de 18. Eles moram num pequeno apartamento de quarto e sala, praticamente dividindo todos os espaços, e Nicole dedicou sua vida a criar Serge sozinha, o que estabeleceu entre eles um vínculo quase simbiôntico. Sem presença paterna, Serge encontrou na mãe tanto figura materna quanto amiga e confidente, enquanto Nicole, passando por dificuldades para sustentar a casa, apega-se ao amor do filho como principal razão de viver. Esse amor obsessivo significa também uma certa exclusividade: um depende emocionalmente do outro a ponto de não sobrarem espaços para terceiros – Serge não tem namorada ou muitos amigos visíveis, e Nicole tampouco construiu outra família ou vida afetiva além do filho. O equilíbrio frágil dessa rotina é quebrado quando, às vésperas do Natal, Nicole enfrenta um sério revés financeiro: atolada em dívidas, ela tem o cartão e o cheque confiscados.

Essa virada de eventos coloca a relação num teste inesperado, com Serge saindo de casa e Nicole se abrindo para outras pessoas. Tratando de relações familiares sem sentimentalismo barato, a obra confirma a tradição do bom cinema francês em extrair beleza e drama do cotidiano comum.

 

🎞️ O BRILHO DO DIAMANTE SECRETO

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A co-produção europeia de espírito experimental leva ao público uma experiência cinematográfica hipnótica que mistura thriller de espionagem e delírio onírico. O filme é dirigido pela dupla belga-francesa Hélène Cattet e Bruno Forzani, reconhecidos por trabalhos altamente estilizados que homenageiam gêneros dos anos 1960 e 1970 – a exemplo de “Amer” (2009) e “O Estranho Colorido das Lágrimas do Seu Corpo” (2013), em que revisitaram o giallo italiano. Desta vez, o casal de cineastas presta tributo ao eurospy, thrillers de espionagem à la James Bond porém produzidos na Europa, repletos de charme retro e excentricidades psicodélicas. Para o público que aprecia cinema de autor e estética vintage, o filme desponta como um prato cheio: trata-se de um mosaico de referências e estilo, uma espécie de sonho febril alimentado pela nostalgia e imaginação.

Com coprodução envolvendo Bélgica, Luxemburgo, Itália e França, o longa é verdadeiramente pan-europeu, incluindo no elenco veteranos de várias cinematografias do continente, o que enriquece sua atmosfera cosmopolita. O enredo central acompanha John D. (Fabio Testi, astro italiano dos anos 1970), um ex-agente secreto septuagenário que vive recluso em um luxuoso hotel na Côte d’Azur, sul da França. John é uma figura solitária, com um passado de aventuras e perigos que hoje parece distante – ele passa os dias entre drinques no bar do hotel e caminhadas pelo jardim, recordando silenciosamente os tempos de glória como espião durante os anos 1960.

Sua rotina muda quando uma nova vizinha ocupa a suíte ao lado da sua: uma mulher misteriosa (interpretada pela portuguesa Maria de Medeiros, de “Pulp Fiction”) que lhe chama a atenção por sua elegância e por pequenas coincidências que trazem à tona lembranças adormecidas. A presença dessa vizinha funciona como um catalisador: John se torna obcecado em observá-la e em decifrar quem ela é, pois ela lhe evoca fantasmas do passado. Paralelamente, o filme apresenta flashbacks exuberantes da juventude de John, quando ele era um agente ativo – e interpretado pelo ator belga Yannick Renier. À medida que o John idoso investiga a vizinha do presente, as duas linhas temporais começam a se entrelaçar, até que o desaparecimento súbito da mulher leva John a suspeitar que seus antigos inimigos podem ter retornado para um acerto de contas final.

Verdadeiro “exercício de estilo”, o filme é um deleite visual que pode encantar cinéfilos com seu apelo cult, mas alienar quem espera uma história coesa.

 

🎞️ FILHOS DO MANGUE

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A diretora Eliane Caffé (“Era o Hotel Cambridge”), reconhecida por seu cinema híbrido de ficção e documentário, apresenta um drama social contundente ambientado em um dos cenários naturais mais belos e complexos do Brasil: o litoral amazônico marcado por manguezais. Ela se inspirou no romance “Capitão”, de Sérgio Prado, para contar a história da comunidade ribeirinha oprimida por um patriarca violento – uma premissa com ecos de realismo mágico e nas mazelas brasileiras.

A narrativa gira em torno de Pedro Chão (Felipe Camargo), um homem que construiu para si uma espécie de feudo numa vila às margens do litoral norte. Quando ele é encontrado desmemoriado no manguezal e acusado de crimes horrendos, flashbacks revelam o passado do protagonista. Ele chegou àquela vila isolada anos atrás e logo se impôs como líder e explorador da comunidade ribeirinha. Não bastasse o abuso econômico, Pedro Chão também é conhecido por seu temperamento violento e truculento: corre na vila a fama de que ele maltrata brutalmente sua esposa e os filhos, além de assediar jovens mulheres locais – fazendo dele uma figura temida e odiada em silêncio.

A revolta é geral, mas ninguém ousa enfrentá-lo diretamente, tamanho é o medo que exerce. Até que ele aparece ferido no manguezal e sem memória, dando origem a uma inversão poderosa: a comunidade antes subjugada passa a exigir reparações, conforme crimes que antes eram sussurrados ganham voz pública. Rodado em locações naturais no Pará, o filme contou com a participação de moradores locais como parte do método da diretora de mesclar atores profissionais e não profissionais para atingir maior autenticidade. A combinação de denúncia social e sensibilidade documental rendeu à Eliane Caffé o prêmio de Melhor Direção no Festival de Gramado passado.

 

🎞️ CAZUZA: BOAS NOVAS

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O documentário revisita um dos períodos mais intensos e criativos da vida de Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como o cantor e compositor Cazuza. A narrativa se concentra nos últimos anos de Cazuza, de 1987 até sua morte em julho de 1990, quando, mesmo lutando contra o avanço da AIDS, produziu uma enxurrada de obras marcantes. A proposta dos diretores Nilo Romero eRoberto Moret é tanto celebrar o legado musical quanto revelar facetas íntimas e vulneráveis de Cazuza durante a doença, oferecendo ao público um retrato visceral e poético de um artista que viveu intensamente até o fim.

Nilo Romero, vale lembrar, não é apenas cineasta: ele foi produtor musical e amigo próximo de Cazuza, tendo co-produzido os álbuns “Ideologia” (1988) e “Burguesia” (1989) – justamente os trabalhos do período abordado. Essa proximidade confere autenticidade e acesso privilegiado a materiais inéditos. Culturalmente, o documentário assume importância ao resgatar a memória de Cazuza para uma geração que talvez não tenha vivenciado o auge do rock brasileiro dos anos 1980, além de se inserir no contexto de valorização da história LGBTQIA+ e da conscientização sobre o HIV/AIDS. Vale lembrar que Cazuza foi uma das primeiras figuras públicas no Brasil a assumir sua sorologia, quebrando tabus numa época de desinformação e preconceito.

Produzido pela 5e60 Filmes em parceria com o canal Curta!, “Cazuza: Boas Novas” alterna imagens de arquivo, muitas delas raras ou inéditas, com depoimentos atuais de pessoas que conviveram de perto com o artista, incluindo Ney Matogrosso, Gilberto Gil e Frejat. Há registros de shows, bastidores, imagens caseiras, momentos íntimos e declarações inéditas do cantor, que discute sem rodeios o que pensava sobre a morte, soando quase profética em retrospecto.

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