
Divulgação/Marvel
Novo “Quarteto Fantástico” é a principal estreia da semana no cinema
Lançamento da Marvel é único lançamento amplo desta quinta, que também recebe produções europeias e brasileiras em circuitos intermediário e limitado
“Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” chega nesta quinta (24/7) para desafiar a supremacia de “Superman” no cinema. Em sua terceira versão recente, os heróis da Marvel enfrentam Galactus e a Surfista Prateada numa produção grandiosa, que homenageia os primeiros quadrinhos dos heróis nos anos 1960. O novo reboot marca a estreia dos personagens no MCU e dá o pontapé inicial na Fase 6 do estúdio, que converge para dois novos filmes dos Vingadores nos próximos anos.
A programação se completa com produções europeias e brasileiras em circuitos intermediário e limitado. Confira a lista completa de estreias abaixo.
🎞️ QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS
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A terceira versão cinematográfica recente do grupo de heróis conhecido como “primeira família” da Marvel se passa numa Nova York de estética retrofuturista inspirada nos anos 1960 e presta tributo aos quadrinhos originais de Stan Lee e Jack Kirby, alinhando as aventuras iniciais dos personagens, que os transformaram num fenômeno pop, até seu primeiro desafio apocalíptico: o confronto com Galactus, o devorador de mundos, anunciado pela chegada da Surfista Prateada.
A luta contra a entidade cósmica que se alimenta de planetas é uma das mais icônicas da editora por introduzir diversos personagens famosos, e já tinha sido levada ao cinema em “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” (2007). Mas não há comparação possível. A nova versão, que toma liberdades em relação à história clássica, supera tudo o que já foi feito com os heróis no cinema. A produção enfatiza a química familiar, com direito ao nascimento do filho do Senhor Fantástico e da Mulher-Invisível, e o humor da relação entre o Coisa e o Tocha Humana, características centrais das histórias do Quarteto. A produção também investe em efeitos especiais grandiosos e uma trilha sonora marcante, assinada por Michael Giacchino (“Batman”).
Os principais pontos positivos são o desenvolvimento dos personagens, a riqueza do visual sessentista e a dispensa de ver outros filmes para entrar na história. Fãs do gênero, porém, vão reparar na falta de cenas bombásticas. Galactus demora a surgir em cena e não mostra todo seu potencial.
Primeiro título da Fase 6 do MCU, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é considerado peça-chave para a próxima fase do estúdio, com os eventos levando diretamente ao aguardado crossover “Vingadores: Doutor Destino”. A direção é de Matt Shakman (“WandaVision”) e seu grupo de atores fantásticos destaca Pedro Pascal (“The Last of Us”) como o cientista Reed Richards/Sr. Fantástico, Vanessa Kirby (“Missão: Impossível – Acerto de Contas”) como Sue Storm/Mulher Invisível, Joseph Quinn (“Stranger Things”) como Johnny Storm/Tocha Humana e Ebon Moss-Bachrach (“O Urso”) como Ben Grimm/O Coisa. Além deles, Galactus é interpretado por Ralph Ineson (“Game of Trones”) e a versão feminina do Surfista Prateado é vivida por Julia Garner (“Ozark”). O elenco ainda inclui Paul Walter Hauser (“Black Bird”), Natasha Lyonne (“Boneca Russa”) e John Malkovich (“Ripley”).
🎞️ LIÇÕES DE LIBERDADE
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O drama biográfico franco-hispano-britânico dirigido por Peter Cattaneo (“Ou Tudo ou Nada”) se baseia nas memórias do professor inglês Tom Michell sobre sua experiência na Argentina dos anos 1970. Ambientado em 1976, no começo da ditadura militar argentina, o filme narra como Tom Michell vai lecionar em um colégio exclusivo de meninos e acaba resgatando um pinguim ferido encontrado na praia.
A relação inesperada entre o professor solitário e o animal carismático, apelidado de Sir Nils, traz lições de empatia e esperança em meio ao cenário político conturbado da época. Com humor sutil e emoção, a produção explora os desafios pessoais e o despertar humano do protagonista ao lado dos estudantes, que se interessam pelo animal. O elenco principal traz Steve Coogan (“Philomena”) como Tom Michell e Jonathan Pryce (“Game of Thrones”) como o severo diretor Buckle, retratando o choque cultural do professor britânico e a resistência silenciosa sob o regime militar, enquanto as ruas são tomadas por desaparecimentos e paranoia.
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A biografia musical francesa retrata a vida do cantor e astro de cinema Charles Aznavour (interpretado por Tahar Rahim, “O Profeta”) desde sua infância como filho de imigrantes armênios até a consagração como ícone nacional da França. A narrativa acompanha os principais marcos da carreira de Aznavour, incluindo sua parceria com a lendária Édith Piaf (Marie-Julie Baup, de “Eifel”) e apresentações em grandes palcos mundiais.
O filme recria em detalhes o ambiente pós-guerra, com figurinos e cenários de época e uma trilha sonora com as canções originais de Aznavour. Os diretores Mehdi Idir e Grand Corps Malade (dupla de “Pacientes”) evocam até a atmosfera dos clubes de Paris e a intimidade de bastidores de shows, evidenciando o contraste entre o anonimato inicial e o estrelato de Aznavour, enquanto destacam romances e a importância cultural do protagonista na história da música francesa. Mas é a performance de Tahar Rahim que se revela o verdadeiro destaque da produção, rendendo-lhe inclusive uma indicação ao César (o Oscar francês) de Melhor Ator.
🎞️ APENAS ALGUNS DIAS
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O drama francês, baseado no romance de Marc Salbert, segue Arthur (Benjamin Biolay, “Personal Shopper”), um jornalista que cobre conflitos internacionais, e sua mudança de perspectiva ao se envolver com Mathilde (Camille Cottin, “Stillwater – Em Busca da Verdade”), ativista de uma ONG. Quando Arthur se machuca durante reportagem sobre refugiados, ele é levado a um evento como símbolo da resistência e se vê forçado a acolher Daoud, um jovem imigrante afegão, em sua casa por pressão de Mathilde.
A direção da estreante Julie Navarro (assistente de direção de “Café de Flore”) aposta na construção íntima dos personagens para abordar o choque de culturas e a empatia emergente em meio aos dilemas humanitários contemporâneos. A obra reflete tendências recentes do cinema francês em discutir a crise migratória, mas com uma receita tradicional de drama transformador. Mesmo assim, foi rejeitada por um direita cada vez mais radical e antipática, que fez campanha contra o filme nas redes sociais e em sites de avaliação cinematográfica.
🎞️ PONTO OCULTO |
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O suspense alemão se passa em uma cidade remota do nordeste da Turquia e mistura elementos de documentário e ficção, centrando três núcleos interligados: uma equipe de filmagem alemã, um agente do serviço secreto turco e sua filha de sete anos que parece testemunhar forças inexplicáveis. Simone, a cineasta alemã, investiga o trauma de uma mãe curda chamada Hatic, que se desespera com o desaparecimento do filho. Enquanto isso, o agente turco Zafer lida com dilemas éticos ao manipular testemunhas e esconder câmeras em sua própria casa. Paralelamente, sua filha Melek, de sete anos, começa a exibir comportamentos inexplicáveis, expondo crimes secretos como se percepções sobrenaturais se insinuassem em sua rotina.
A narrativa se desenvolve de forma fragmentada, alternando registros jornalísticos e cenas dramáticas para criar tensão crescente. Quando o comportamento da criança começa a causar alarme no pai, os núcleos se cruzam e revelam uma conspiração envolta em medo e segredos.
Ayşe Polat (“En Garde”), cineasta de origem germano-curda, utiliza múltiplas linguagens (documental, ficcional e mística) com intervenções visuais – planos poéticos sobre paisagens secas e closes intensos – para amplificar a sensação de paranoia. O resultado foi premiado no Festival de Istanbul e reconhecido com três prêmios Lola (o Oscar alemão) pela Academia Alemã de Cinema, inclusive Melhor Direção e Roteiro.
🎞️ UM LOBO ENTRE OS CISNES
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A cinebiografia narra a história real de Thiago Soares, um jovem do subúrbio do Rio de Janeiro que troca o hip hop pelo balé clássico e se torna um dos maiores bailarinos do mundo. O filme dirigido por Marcos Schechtman (“Caminho das Índias”) e Helena Varvaki (coreógrafa de “Araguaia”), que trabalharam juntos na novela portuguesa “Na Corda Bamba”, segue Thiago desde sua infância suburbana até se tornar bailarino principal do Royal Ballet de Londres, explorando o treinamento rigoroso e as transformações pessoais que foram necessárias para que alcançasse o estrelato internacional.
A obra enfatiza temas de talento, disciplina e superação, emoldurados pelo conflito cultural de alguém saindo de uma favela carioca rumo à elite artística europeia. No elenco, Matheus Abreu (“Malhação”) encarna Thiago, enquanto o argentino Darío Grandinetti (“Relatos Selvagens”) vive o cubano Dino Carrera, responsável pelo treino duro, e a estreante Giullia Serradas interpreta Mathilde, interesse amoroso de Thiago durante sua carreira na Europa.
🎞️ THIAGO & ÍSIS E OS BIOMAS DO BRASIL
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A obra híbrida mistura live‑action, animação e fantoches num documentário pedagógico voltado ao público infantil. Premiado em 25 festivais nacionais e internacionais, incluindo Melhor Filme Infantojuvenil no FESTin e Melhor Documentário Ambiental em Nova York, o longa de João Amorim, que trabalhou em “Vila Sémao”, leva os bonecos fantoches numa expedição pelos biomas brasileiros: Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, com o objetivo de promover conservação ambiental e educação ecológica de forma lúdica.
No filme, os irmãos Thiago e Ísis, em companhia de seu pai, enfrentam desafios como resgatar animais em risco e compreender os impactos do desmatamento em cada ecossistema. A dinâmica entre fantoches e especialistas cria um contraste entre o imaginário infantil e a realidade científica, tornando a aventura educativa mais envolvente.
A direção de João Amorim privilegia locações naturais e a alternância entre cenas reais e animações, com destaque para a construção estética dos fantoches, de visuais expressivos, e uma trilha sonora que mescla elementos regionais para reforçar a imersão cultural.
🎞️ IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA
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O clássico do cinema brasileiro, dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna, volta aos cinemas em versão restaurada para lembrar, de forma chocante, as consequências da construção ufanista da Transamazônica. No enredo, um caminhoneiro (vivido pelo já falecido Paulo César Peréio) que viaja pela rodovia de 4.000 km encontra Iracema (Edna de Cássia), jovem indígena que sobrevive como prostituta. Juntos, eles testemunham em tempo real o desmatamento da floresta e a violência social que acompanham o progresso, chamado de “milagre econômico” nos anos 1970.
Mesclando documentário e ficção, o longa de 1974 mostra cenas captadas em 16mm que revelam o que havia por trás do progresso anunciado — desmatamento, grilagem de terras e exploração sexual, expostos sem concessões. Não por acaso, o filme chegou a ser censurado pela ditadura militar brasileira na época de sua estreia original.
Associado ao movimento do Cinema Novo, “Iracema” é considerado um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Seu relançamento atual não só valoriza o pioneirismo de Bodanzky e Senna em abordar temas sociais críticos, mas também destaca seu vigor narrativo, com uma linguagem visual que combina realismo e poesia, com diálogos mínimos e longos planos, responsáveis por eternizar a brutalidade da ocupação amazônica.