
Divulgação/United Artists
Hulk Hogan, astro de wrestiling que enfrentou Rocky no cinema, morre aos 71 anos
Lenda do wrestling, Hulk Hogan marcou a história da luta livre americana entre ringues, polêmicas e Hollywood
Impacto imediato com a morte de Hulk Hogan
Hulk Hogan, símbolo da popularização do wrestling nos Estados Unidos, morreu nesta quinta-feira (24/7) aos 71 anos, em sua casa em Clearwater, na Flórida. O falecimento foi confirmado pelo promotor Eric Bischoff, sócio do lutador na liga Real America Freestyle. Segundo o TMZ, equipes médicas foram enviadas à residência do astro após um chamado de “parada cardíaca”.
Quem foi Hulk Hogan, o lutador que virou ícone mundial?
Nascido Terry Gene Bollea em Augusta, Geórgia, Hogan cresceu como fã de Dusty Rhodes e iniciou a carreira inspirado pelos gigantes do ringue. A transformação em fenômeno começou nos anos 1980, quando se consagrou como protagonista de oito edições do WrestleMania, levando multidões ao delírio, principalmente em 1987, diante de 93.173 pessoas no Pontiac Silverdome, em duelo com Andre the Giant (conhecido pelos cinéfilos pelo filme “A Princesa Prometida”). O “Hulkster” foi seis vezes campeão da World Wrestling Entertainment (WWE) e ficou marcado pelo visual inconfundível: roupas amarelas, 1,98 metros de altura e 145 quilos, além do gesto icônico de rasgar o uniforme, acompanhado pelo tema “Real American”.
O personagem surgiu após Bollea ganhar o apelido em um programa de TV ao ser comparado com Lou Ferrigno, astro de “O Incrível Hulk”. “Quando entrei no programa, o apresentador olhou para o Ferrigno, olhou para mim e disse: ‘Meu Deus, você é maior que o Hulk!’. E eu respondi: ‘É porque eu sou o Hulk de verdade’”, relembrou em sua autobiografia, “Hollywood Hulk Hogan”.
Como Hulk Hogan construiu o mito de “Hulkamania”?
A fama de Hogan explodiu em 1984, ao conquistar o cinturão dos pesos pesados ao derrotar The Iron Sheik no Madison Square Garden. Nos bastidores e no palco, Hogan cultivava o show: além das lutas, era habitual posar para fotos com fãs, erguer a bandeira americana e flexionar os “braços de 24 polegadas” ao som dos gritos de “Hulkamania”. “Quando dizemos ‘Hulkamania viverá para sempre’, é imortal”, afirmou certa vez.
No auge, ele coapresentou o “Saturday Night Live” com Mr. T, estrelou o desenho animado “Hulk Hogan’s Rock ‘n’ Wrestling” e lutou contra Sylvester Stallone em “Rocky III” (1982). Outros filmes que protagonizou incluem “Desafio Total” (1989), “Comando Suburbano” (1991), “O Senhor Babá” (1993) e “Duro de Espiar” (1996). Também comandou a série “Thunder in Paradise” (1994) e fez participações em “Esquadrão Classe A”, “SOS Malibu”, “Gremlins 2: A Nova Geração” (1990), “Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu 3” (1996) e “Muppets do Espaço” (1999).
A popularidade rendeu presença em realities como “Hogan Knows Best”, ao lado da então esposa Linda Claridge e dos filhos Brooke e Nick, além do posto de celebridade mais requisitada pela Make-a-Wish Foundation em seu tempo.
Quais polêmicas marcaram a trajetória de Hogan?
A trajetória também incluiu controvérsias. Em 1994, Hogan admitiu o uso de esteroides durante 13 anos. Em 2006, foi afastado do Hall da Fama da WWE após vazamento de vídeo íntimo com comentários racistas, situação revertida apenas em 2018, quando foi readmitido. Em 2016, Hogan ganhou US$ 140 milhões em processo contra o site Gawker, responsável pela divulgação do vídeo. Após acordo, recebeu US$ 31 milhões.
O que mudou no wrestling com Hulk Hogan?
Fora dos ringues, Hogan estreitou laços com Hollywood e ampliou as fronteiras do wrestling para a cultura pop. Depois de anos na WWE, transferiu-se para a World Championship Wrestling (WCW), tornando-se líder do grupo New World Order (NWO) ao lado de Kevin Nash e Scott Hall. Essa virada de “mocinho” para vilão ficou marcada pelo evento Bash at the Beach em 1996, quando surpreendeu ao atacar o amigo “Macho Man” Randy Savage, solidificando o personagem “Hollywood Hulk Hogan”.
No WCW, enfrentou astros como Ric Flair, Sting, The Ultimate Warrior e até fez dupla com o jogador de basquete Dennis Rodman contra Diamond Dallas Page e Karl Malone. Em 1998, perdeu o cinturão para Bill Goldberg em luta assistida por mais de 5 milhões de lares — audiência recorde para wrestling na TV a cabo.
Hogan retornou à WWE após a compra da WCW, vencendo Dwayne “The Rock” Johnson no WrestleMania de 2002 diante de mais de 68 mil espectadores. A última luta foi no SummerSlam 2006, derrotando Randy Orton. Ainda atuou no TNA Impact entre 2009 e 2013, como autoridade e lutador esporádico.
Como foi a vida pessoal e o legado deixado?
Fora do ringue, Hogan casou-se três vezes: com Linda Claridge (1983-2009), Jennifer McDaniel (2009-2021) e Sky (desde 2023). Deixou dois filhos, Nick e Brooke, ambos do primeiro casamento. Em abril deste ano, lançou a liga Real America Freestyle com Eric Bischoff e fechou contrato de transmissão com a Fox Nation.
Ao promover o livro “Minha Vida Fora do Ringue”, Hogan contestou que suas lutas eram “falsas”: “Falso implica que os golpes não machucam, que você nunca se machuca, que o sangue é falso, que ser nocauteado é falso, que as pessoas que morreram no ringue são falsas… é [tudo] tão real quanto possível.”