
Divulgação/Globo
Globo pode perder exclusividade no Carnaval do Rio: “Não será contrato igual ao que passou”
Emissora deve dividir transmissões dos desfiles do Grupo Especial do Rio com outras plataformas, após fim de exclusividade com a Liesa
Negociação pode acabar com exclusividade da Globo
O contrato entre a Globo e a Liesa (Liga Independente das samba/" class="tag-link" title="Ver mais sobre Escolas de Samba">Escolas de Samba do Rio de Janeiro) chegou ao fim em 2025, abrindo caminho para uma mudança radical no modelo de transmissão do Carnaval do Rio. Gabriel David, presidente da Liga, avalia encerrar a exclusividade da emissora e liberar os desfiles para exibição em diferentes plataformas, seguindo uma estratégia similar à da FIFA na última Copa do Mundo de Clubes.
Em entrevista ao podcast Resenha do TF, Gabriel David explicou: “Transmissões de eventos ao vivo estão mudando radicalmente no mundo. A gente acompanha isso. O contrato também se adapta nessas mudanças. Com certeza, não será um contrato (com a Globo) igual ao que passou. Será uma readaptação ao mercado atual”.
O que muda na transmissão dos desfiles?
Segundo fontes ouvidas pelo NaTelinha, o novo modelo prevê exclusividade para a Globo na TV aberta, enquanto outras empresas poderão disputar acordos para exibição em streaming e outros canais. A Band manifestou interesse, mesmo sem exclusividade, após fechar contrato para transmitir os desfiles da Série Ouro. Dois canais do YouTube e uma plataforma de streaming também demonstraram interesse em participar.
Gabriel David reforçou a importância da parceria com a Globo: “Acredito muito que a permanência dessa parceria (com a Globo) seja fundamental para os dois lados. A tendência é a renovação de contrato. Não vejo a TV Globo como um cliente, mas como um parceiro. Ela quase que co-produz o Carnaval com a gente. A representatividade e audiência da TV Globo é fundamental para o nosso resultado final e vice-versa. O resultado comercial impacta as duas e temos encontrado um modelo que isso também seja real dentro da negociação”.
O último contrato, assinado em setembro de 2019, previa seis edições dos desfiles, com cerca de R$ 2 milhões pagos pela Globo a cada uma das 12 escolas do Grupo Especial. Para o novo ciclo, pessoas ligadas à Liesa apontam que a Globo deve pagar menos para manter a transmissão, concentrando sua exclusividade apenas na TV aberta, que segue como vitrine do evento.
Dentro da Liesa, há expectativa de acordos independentes para cada plataforma, o que pode elevar a arrecadação dos direitos de transmissão já a partir do próximo ano. O modelo se assemelha ao adotado pela FIFA no Mundial de Clubes, que dividiu exibições entre Globo (TV aberta e paga), CazéTV (YouTube e smart TVs) e DAZN (streaming).
Caso a Globo aprove o novo modelo, será a primeira vez desde 2000 que os desfiles das escolas de samba do Rio deixam de ser transmitidos com exclusividade pela emissora. A Band já chegou a transmitir o Grupo Especial em 1999, após a saída da TV Manchete, que enfrentava dificuldades financeiras.
Desde abril de 2024, Gabriel David, de 26 anos, comanda a Liesa. Ele é conhecido por modernizar o Carnaval carioca, antecipando o calendário do pré-Carnaval para fortalecer a divulgação dos sambas-enredo e aumentar a presença nas redes sociais. O dirigente também inovou ao criar um terceiro dia oficial de desfiles, resgatar eventos tradicionais como o sorteio da ordem dos desfiles com público e abrir os ensaios técnicos ao público.
Entre as principais mudanças, estão a implantação de um manual de boas práticas para camarotes da Sapucaí, o aumento do faturamento com este modelo de negócio e a discussão sobre um teto de gastos para as escolas, visando mais igualdade e sustentabilidade financeira. Para completar, um novo sistema de som será inaugurado na Marquês de Sapucaí em 2026.
De acordo com a Liesa, as mudanças permitiram que cada uma das 12 escolas do Grupo Especial recebesse mais de R$ 12 milhões em 2025, um recorde desde a criação da liga.