
Divulgação/Paris Filmes
Estreia de “Homem com H” na Netflix vira polêmica e gera debate sobre cinema nacional
Chegada do filme sobre Ney Matogrosso ao streaming enquanto ainda está nos cinemas levanta discussão sobre impacto no setor audivisual
Netflix causa surpresa com “Homem com H”
A estreia de “Homem com H” na Netflix, enquanto o longa ainda permanece em cartaz em várias capitais brasileiras, provocou reações calorosas nas redes sociais. Para parte do público, a chegada antecipada representa avanço na acessibilidade ao audiovisual nacional. Para outros, a estratégia pode comprometer o desempenho de bilheteria e ameaçar a saúde do cinema brasileiro, reacendendo debates sobre a janela entre salas e streaming.
O filme, dirigido por Esmir Filho, acompanha diferentes fases da carreira de Ney Matogrosso, desde a infância até a vida adulta, passando por vivências amorosas, a relação com o pai e o período da ditadura militar. Jesuíta Barbosa interpreta Ney Matogrosso, com Rômulo Braga, Bruno Montaleone e Jullio Reis no elenco. A produção entrou no catálogo da Netflix na quarta-feira (17/6), um anúncio feito com apenas um dia de antecedência, o que surpreendeu o público e o mercado.
Por que a chegada ao streaming virou polêmica?
No Brasil, a prática comum é que filmes cheguem ao streaming entre 45 e 30 dias após saírem de cartaz. “Homem com H” ainda está nos cinemas e faturando, com presença no Top 10 das maiores bilheterias semanais.
Casos em que a estreia nas plataformas ocorre durante a exibição nas salas são extremamente raros. Por isso, a decisão de lançar “Homem com H” tão rapidamente – e sem passar pela janela de aluguel digital em VOD – foge ao padrão, e nem a Netflix nem a Paris Filmes explicaram publicamente os motivos da estratégia.
A iniciativa pode decorrer das negociações entre produtores, distribuidores e plataformas, com uma pré-venda para o streaming, que já se pré-estabelece a janela entre o circuito exibidor e a plataforma. Pressionados a fechar o negócio nos termos do streaming, os produtores preferem o garantido ao potencial. Mas isso só acontece porque o streaming segue sem regulamentação no Brasil. Esse tipo de acordo fortalece o segmento digital, enquanto enfraquece os negócios cinematográficos.
O que o público diz sobre a estreia digital?
Nas redes sociais, há quem defenda a estreia antecipada no streaming, apontando o alto custo do ingresso e a ida ao cinema como barreira. “A Netflix está cara, mais de 45 reais de mensalidade, mas eu assisto filme o mês inteiro. Para levar minha família ao cinema, não gastamos menos de 200 reais para ver um único filme. Falta consciência de classe!”, destacou um internauta.
Outros ressaltaram a importância da acessibilidade, especialmente para quem mora em cidades do interior, onde salas de cinema são escassas ou privilegiam apenas grandes lançamentos internacionais, deixando produções nacionais de fora.
Entretanto, o problema apontado pelos críticos nunca foi o acesso, mas somente a velocidade da chegada ao streaming. “Concordo que o filme vá para a Netflix, mas foi cedo demais. Isso desestimula o público a ir ao cinema”, ponderou um usuário do Instagram no perfil do Tanto Cine.
Até o fim de semana passado, “Homem com H” ainda ocupava o Top 10 das maiores bilheterias nacionais, com faturamento total de R$ 13,55 milhões em vendas de ingressos – uma das maiores bilheterias nacionais de 2025.