
Instagram/Poze do Rodo
Poze do Rodo acusa polícia de “perseguição” após prisão por apologia ao crime
Funkeiro foi detido em casa na zona oeste do Rio e nega envolvimento com tráfico, alegando “implicância antiga” das autoridades
Poze do Rodo nega acusações
Poze do Rodo afirmou ser alvo de “perseguição” após ser preso na manhã desta quinta-feira (29/5), em casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo o funkeiro, a implicância seria antiga. “Essa implicância comigo já é de muito tempo. […] Isso é perseguição, é cara de pau. Não tem prova de nada”, declarou.
O artista negou envolvimento com o tráfico de drogas e se irritou ao responder questionamento de um repórter. “Você sabe que não [tenho envolvimento] e fica fazendo essas perguntas bobas. Quem [eles] têm que pegar tá lá no morro, não sou eu”, disse.
Poze também criticou o tratamento recebido na abordagem policial. “Só eu que passo por isso aqui. Manda fazer isso com filho de desembargador, com quem merece.”
Quais as acusações e o que diz a investigação?
Poze do Rodo foi detido por policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), após mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Ele é investigado por apologia ao crime e associação ao tráfico, com suspeita de envolvimento com a facção Comando Vermelho.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações apontam que o cantor realizava shows exclusivamente em áreas controladas pela facção e que os eventos tinham proteção de traficantes armados com fuzis. “A operação tem como base o cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça, após evidências de que os shows realizados pelo artista são financiados pela organização criminosa Comando Vermelho, contribuindo para o fortalecimento financeiro da facção por meio do aumento do consumo de drogas nas comunidades onde os eventos são realizados”, informou a corporação em nota.
Um dos eventos citados ocorreu em 19 de maio, na Cidade de Deus, pouco antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço em operação na comunidade. A polícia também investiga letras de músicas do artista por suposta apologia ao tráfico, uso de armas de fogo e incentivo a confrontos armados.
Segundo nota da Polícia Civil, as composições “extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”.
Na operação, Poze foi encaminhado ao presídio de Benfica e teve um carro de luxo, uma BMW X6 avaliada em R$ 1 milhão, apreendido por supostas irregularidades na documentação. O veículo estava registrado como preto, mas circulava na cor vermelha.
O que dizem defesa e equipe do artista?
A defesa de Poze do Rodo afirmou que as acusações “não fazem sentido” e que o funkeiro foi surpreendido com mandado de busca e apreensão e prisão temporária. “Negam-se todas as ilações feitas, posto que não há acusação formal, e que jamais poderia ser feita, já que peças artísticas não podem sequer serem cogitadas para averiguação de letras ou significados permitidos ou proibido”s.
A equipe de defesa afirma que o “pedido de liberdade do artista será feito até restabelecê-la”, buscando demonstrar que as “afirmações da investigação sobre o artista não fazem qualquer sentido”.
Em nota divulgada nas redes sociais, a equipe do cantor reforçou a posição de que Poze “venceu na vida através de sua música” e defendeu que “a prisão de qualquer MC nesse contexto é na realidade criminalização da arte periférica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional, a forma absurda que o Poze foi conduzido é a maior prova disso”.
“Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção”, acrescenta o texto.
Quem é Poze do Rodo?
Nascido na Comunidade do Rodo, em Santa Cruz, Poze construiu a carreira no funk após ter deixado o tráfico de drogas na adolescência. “Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”, relatou ao “Profissão Repórter”.
O MC ficou conhecido nacionalmente em 2019 com “Tô Voando Alto”, e emplacou outros sucessos como “A Cara do Crime”, “Me Sinto Abençoado”, “Essência de Cria” e “Diz Aí Qual é o Plano?”. As letras de seus funks, muitas vezes classificadas como “proibidões”, são marcadas por relatos da realidade das comunidades.
O artista, que já havia sido preso em 2019 por apologia ao crime, ostenta vida de luxo e mora em condomínio de alto padrão no Recreio dos Bandeirantes. Ele convive com a esposa, Vivi Noronha, mãe de três de seus cinco filhos. O cantor também é pai de Jade, filha de Isabelly Pereira, e Manu, fruto da relação com Myllena Rocha.
Em operação realizada em 2024, Poze teve um cordão de ouro avaliado em R$ 650 mil apreendido pela Polícia Civil. Nas redes sociais, ele declarou: “Solta os ouros do papai! Saudade dos meus bebês”.
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, conforme evolução do caso.