Justiça decide manter prisão temporária do cantor
O juízo da Central de Audiência de Custódia determinou na quinta-feira (29/5) a manutenção da prisão temporária de Poze do Rodo por 30 dias. O cantor foi detido em casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, após investigação da Polícia Civil por apologia ao crime e envolvimento com o Comando Vermelho, maior facção criminosa do estado.
De acordo com a acusação, Poze realizava shows apenas em áreas dominadas pela facção, eventos que contavam com a presença ostensiva de traficantes armados com fuzis para garantir sua segurança. A Polícia Civil também afirma que o repertório das músicas do artista faz “clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes”.
Como os shows seriam usados pela facção?
A polícia sustenta que os eventos comandados por Poze do Rodo são usados de forma estratégica para ampliar os lucros da facção com a venda de drogas, revertendo recursos para aquisição de armas de fogo e outros equipamentos ligados à prática de crimes. O mandado de prisão temporária foi expedido com base em indícios de que os shows financiados pela organização criminosa fortalecem financeiramente o grupo.
As investigações seguem sob coordenação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, que busca identificar outros envolvidos e financiadores dos eventos.
Equipe do artista critica “criminalização da arte periférica”
Em nota divulgada nas redes sociais, a equipe de Poze do Rodo repudiou a prisão do cantor. “A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido, Poze é um artista que venceu na vida através de sua música”.
A defesa argumentou que a prisão representa um episódio de criminalização da arte periférica. “Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção. A prisão do Poze, ou mesmo a prisão de qualquer MC nesse contexto é na realidade criminalização da arte periférica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional, a forma absurda que o Poze foi conduzido é a maior prova disso”, completa o texto, lembrando que o artista foi arrancado de sua cama e não lhe deixaram se vestir. Ele está descalço e sem camiseta desde que foi detido há 24 horas, num dos dias mais frios do ano.