Ted Kotcheff, diretor de “Rambo” e “Um Morto Muito Louco”, morre aos 94 anos

Ted Kotcheff, diretor de “Rambo” e “Um Morto Muito Louco”, morre aos 94 anos

Cineasta canadense foi responsável por clássicos do cinema de ação e comédia e teve carreira reconhecida no Canadá, Reino Unido e Hollywood

Divulgação/Orion

Família confirmou morte do cineasta

O diretor canadense Ted Kotcheff morreu na quinta-feira (10/4), aos 94 anos. A informação foi confirmada por familiares ao jornal The Globe and Mail, do Canadá. Conhecido por lançar Sylvester Stallone como John Rambo em “Rambo – Programado para Matar” (First Blood, 1982), Kotcheff também dirigiu comédias populares como “Um Morto Muito Louco” (1989) e “Adivinhe Quem Vem Para Roubar” (1977).

Nascido em Toronto em 7 de abril de 1931, Kotcheff iniciou a carreira na televisão canadense antes de migrar para o cinema no Reino Unido. Seu primeiro longa, “O Aventureiro do Tahiti”, foi lançado em 1962. O reconhecimento internacional veio com o thriller australiano “Pelos Caminhos do Inferno” (1971) e o drama canadense “O Grande Vigarista” (1974), adaptação do romance de Mordecai Richler estrelada por Richard Dreyfuss, que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim e foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

Sucesso com comédias de Hollywood

Após o sucesso crítico de “O Grande Vigarista”, Kotcheff firmou-se em Hollywood com a comédia “Adivinhe Quem Vem Para Roubar”. Na sátira sobre colapso financeiro e desespero na classe média, George Segal e Jane Fonda interpretam um casal que, após perder tudo, recorre a pequenos assaltos para manter o padrão de vida. A crítica à sociedade de consumo dos anos 1970 marcou o tom ácido da produção, que viria a ganhar um remake décadas depois. Em seguida, Kotcheff dirigiu “Quem Está Matando os Grandes Chefes da Europa?” (1978), comédia de humor sombrio e elementos de mistério, centrada em uma série de assassinatos entre chefs estrelados. O filme foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Comédia e reforçou a habilidade do diretor em explorar gêneros variados com apelo popular.

“Rambo” redefiniu o cinema de ação

Apesar do sucesso com comédias, seu filme mais popular foi um thriller de ação. “Rambo – Programado para Matar” lançou Sylvester Stallone como herói de ação, no papel do veterano traumatizado da Guerra do Vietnã John Rambo. Marco do cinema dos anos 1980, o longa deu origem a uma franquia de cinco filmes, sendo o último lançado em 2019. Embora conhecido pelo pôster explosivo e cenas de confronto, o primeiro e melhor filme da saga é marcado por um tom sombrio e introspectivo, com críticas à negligência com ex-combatentes.

O humor cultuado de “Um Morto Muito Louco”

Kotcheff voltou ao tema do Vietnã em “De Volta ao Inferno” (1983), com Gene Hackman, fez o drama judaico “Joshua Then and Now” (1985) e depois retomou às comédias com “Troca de Maridos” (1988) e “Um Morto Muito Louco”. O filme de 1989, em que Andrew McCarthy e Jonathan Silverman tentam fingir que seu chefe assassinado está vivo, com medo de serem incriminados depois de chegarem à casa de praia dele, tornou-se um fenômeno cult. A premissa inusitada — os dois passam a simular que o chefe vive, manipulando o corpo em situações cada vez mais absurdas – gerou um inesperado sucesso de público e deu origem a uma sequência em 1993.

A popularidade foi tão grande que “Um Morto Muito Louco” segue rendendo referências até hoje, tendo sido lembrada no ano passado no caso de Érika de Souza Vieira Nunes, que levou o corpo de seu tio, Paulo Roberto Braga, já falecido, a uma agência bancária em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, na tentativa de sacar um empréstimo de R$ 17 mil em nome dele.

Diretor também teve carreira relevante na televisão

Nos anos 1990, o ritmo de Kotcheff no cinema diminuiu, mas ele continuou ativo na televisão. Foi produtor executivo da série “Law & Order: SVU” por mais de uma década e dirigiu filmes para a TV. Em 2011, recebeu o prêmio de realização de vida do Sindicato dos Diretores do Canadá.

Kotcheff foi casado com a atriz britânica Sylvia Kay, com quem teve três filhos, antes de se divorciarem em 1972. Posteriormente, casou-se com Laifun Chun, que trabalhou como produtora em alguns de seus projetos. Juntos, tiveram mais dois filhos.