Apresentador nega acusação e diz ter sido cena de humor
Otavio Mesquita entrou com um processo por danos morais contra Juliana Oliveira, ex-assistente de palco do programa “The Noite”, do SBT. A ação foi apresentada após Juliana formalizar uma representação criminal contra o apresentador, alegando que ele tocou seus seios e partes íntimas durante uma gravação em abril de 2016.
Segundo a acusação apresentada ao Ministério Público, o episódio ocorreu no início do programa, quando Mesquita desceu ao palco preso por um cabo, ao som do tema do Batman. Juliana se aproximou para ajudá-lo com os equipamentos de segurança, momento em que, segundo ela, o apresentador a apalpou nos seios e na genitália. Em seguida, ele a prendeu com as pernas e simulou uma relação sexual. A cena contou com um comentário de Danilo Gentili: “Juliana está fazendo cara feia, mas sei que ela gostou”.
O Ministério Público solicitou à polícia a investigação do episódio com base no relato.
Defesa de Mesquita alega exagero e aponta contexto cômico
No processo, Mesquita afirma que a acusação é “inconsequente” por acusá-lo de “estupro com emprego de força física”. Ele pede R$ 50 mil de indenização por danos morais e afirma que doará o valor a uma ONG voltada para mulheres vítimas de violência.
A defesa do apresentador sustenta que tudo ocorreu dentro de uma “dinâmica de humor” e que o conteúdo do programa era conhecido pelo uso de “esquetes caricaturais” com abordagens “sensuais ou provocativas”. Os advogados afirmam que tais interações eram aceitas e praticadas por todos, inclusive por Juliana.
A petição também apresenta imagens em que Juliana simula gestos de teor sexual com convidados, como um beliscão em Danilo Gentili e uma cena com o cantor Victor, da dupla Victor & Leo. A defesa argumenta que essas ações comprovariam que o tom do programa era consensual e conhecido pela equipe.
Mesquita declarou ainda que a acusação “é um desserviço para a causa feminista num país com tantos graves casos de violência contra a mulher”.
Defesa de Juliana critica tentativa de desqualificação
Juliana Oliveira ainda não foi formalmente citada pela Justiça e, por isso, não apresentou defesa oficial. Procurado pela imprensa, o advogado da humorista, Hédio Silva Júnior, afirmou que Mesquita já apresentou três versões distintas sobre o caso: “Primeiro, afirmou que a acusação era uma calúnia, depois que foi um excesso em uma brincadeira e agora inventa essa figura do estupro reverso.”
Segundo ele, a tentativa é de “desqualificar moralmente a vítima”, em um padrão comum quando há acusados brancos e vítimas negras. “Ele está tentando criar um álibi para justificar sua conduta.”
Juliana comentou o caso brevemente em suas redes sociais, afirmando que expor sua dor e buscar Justiça foi uma decisão difícil. “Neste momento, escolho o silêncio para me resguardar, organizar meus sentimentos, me afastar dos julgamentos da internet e encontrar apoio da família.”
Vídeo anterior gera debate online
Um vídeo de 2015 exibido no programa “Okay Pessoal!”, também do SBT, voltou a circular nas redes após a denúncia de Juliana. Nas imagens, ela aparece simulando uma cena de sexo com Mesquita durante uma visita ao Clube das Mulheres.
Na gravação, feita antes da participação de Mesquita no “The Noite”, o apresentador pergunta ao público se alguém gostaria de “pegá-lo”, momento em que Juliana sobe ao palco, se joga sobre ele e simula movimentos sexuais. “Que isso? Calma, calma. Me salva!”, reage o apresentador. Ao final da encenação, diz: “Cê tá louca.”
O conteúdo provocou reações diversas nas redes sociais, com internautas questionando a coerência entre o vídeo e a denúncia. “Esse vídeo é a absolvição do Mesquita, o advogado não precisa nem preparar a defesa, só rodar esse vídeo”, comentou um usuário do X (antigo Twitter).
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado.
