Elenco completo de “Clube dos Cinco” se reúne pela 1ª vez em 40 anos: “Hoje esse filme não seria feito”

Elenco completo de “Clube dos Cinco” se reúne pela 1ª vez em 40 anos: “Hoje esse filme não seria feito”


Reunião histórica emociona elenco e público

Os cinco protagonistas de “Clube dos Cinco” (“The Breakfast Club”) se reuniram publicamente pela primeira vez desde o lançamento do filme, em 1985. Molly Ringwald, Emilio Estevez, Judd Nelson, Ally Sheedy e Anthony Michael Hall participaram de um painel comemorativo neste sábado (13/4) na convenção C2E2, em Chicago.

“Me sinto muito emocionada e comovida por estarmos todos juntos”, disse Ringwald, destacando que, embora o grupo já tivesse se reencontrado anteriormente, esta foi a primeira vez com a presença de Estevez. “A gente não precisa mais usar o recorte de papelão porque ele está aqui.”

Emilio Estevez revelou que sempre evitou até encontros reais de colégio, mas que este momento tinha um significado especial. “Alguém me contou que a Molly disse: ‘O Emilio não gosta da gente?’ E isso partiu meu coração. Eu disse: ‘Claro que eu amo todos eles’. Então, fez sentido estar aqui”, explicou.

O que os atores revelaram sobre os bastidores do filme?

Com a presença do filho e dos netos do diretor John Hughes na plateia, o elenco relembrou momentos da produção, como o primeiro encontro durante a leitura do roteiro — ocasião em que Estevez chegou a desmaiar após ter extraído os dentes do siso, no dia anterior. Ringwald contou que Hughes pretendia filmar “Clube dos Cinco” antes de “Gatinhas e Gatões” (Sixteen Candles), mas a ordem foi alterada por decisão do estúdio.

A atriz também revelou que inicialmente havia sido cogitada para o papel de Allison, mas pediu para interpretar Claire, “porque achava que era menos parecida comigo”. Ela ainda comentou que John Cusack e sua irmã Joan Cusack estavam originalmente ligados aos papéis de Bender e Allison.

Qual o legado de John Hughes para os atores?

Os atores exaltaram o trabalho de John Hughes, conhecido por retratar adolescentes com complexidade e autenticidade. Judd Nelson destacou: “Ele foi o primeiro roteirista a escrever personagens jovens sem que eles parecessem diminuídos, só menos velhos”. Já Anthony Michael Hall afirmou que, em 49 anos de carreira, “ninguém chegou perto do que era trabalhar com ele”.

Nelson expressou um sentimento de continuidade inacabada. “Sempre achei que o trabalho estava meio feito, que um dia a gente se reuniria de novo. O filme é sobre o que acontece na segunda-feira, e cada um tem que decidir por si. Mas eu sentia que era só um pé do sapato, e o outro só poderia vir do John. A morte dele foi muito significativa.”

“Clube dos Cinco” seria possível hoje?

Ao responder perguntas do público, o elenco refletiu sobre o impacto atual do filme. Emilio Estevez observou: “Hoje os filmes são dirigidos por conceito, não por personagem. Tentar vender um filme sobre cinco adolescentes sentados numa biblioteca o dia inteiro seria impossível. Perguntariam: ‘Onde estão os monstros? As perseguições? Os efeitos especiais?’”.

Ele lembrou ainda que o longa custou US$ 1 milhão e não era considerado um grande investimento da Universal. “Hoje, um filme assim provavelmente nem seria feito.”

Molly Ringwald reforçou que não acredita em refilmagens do clássico. “Esse filme é muito do seu tempo. Ele ainda ressoa, mas acho que o ideal seria fazer filmes inspirados nele, que representem a sociedade de hoje. É um filme muito branco, não se fala sobre gênero, não há diversidade. Isso não representa o mundo atual.”



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