China estuda banir filmes de Hollywood em retaliação às tarifas impostas por Donald Trump

China estuda banir filmes de Hollywood em retaliação às tarifas impostas por Donald Trump

Governo chinês reage à nova onda de sobretaxas dos EUA e considera incluir cinema americano entre as contramedidas comerciais

Unsplash/Nathan DeFiesta

h2> Xi Jinping prepara resposta à escalada tarifária de Trump

O governo da China avalia proibir a entrada de filmes de Hollywood como parte de um pacote de retaliações às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida foi mencionada por influenciadores ligados ao governo chinês, em meio ao agravamento da guerra comercial entre os dois países.

Segundo a Variety e a Bloomberg, os comunicadores Liu Hong, editor de uma agência estatal, e Ren Yi, produtor de conteúdo e neto de um ex-líder do Partido Comunista, divulgaram que o Ministério do Comércio chinês estaria considerando “reduzir ou banir” a importação de filmes dos EUA. As declarações teriam como origem fontes próximas às decisões internas do governo Xi Jinping.

Além do setor audiovisual, o pacote em estudo também incluiria a taxação de produtos agrícolas e serviços norte-americanos, como resposta direta à nova tarifa de 50% anunciada por Trump nesta terça-feira (8/4), somada aos 54% já em vigor sobre produtos chineses. A retaliação eleva o total de tarifas dos EUA para até 104% em determinados itens.

China limita lançamentos e já controla bilheteria estrangeira

A China é o segundo maior mercado cinematográfico do mundo e representa uma parcela significativa da receita internacional de estúdios norte-americanos. Mesmo com a preferência recente por blockbusters locais, o país ainda é responsável por resultados expressivos em bilheterias de filmes hollywoodianos. Um exemplo recente é “Minecraft: O Filme”, que arrecadou US$ 14,5 milhões na estreia no país, cerca de 10% do total internacional (US$ 144 milhões).

Atualmente, o governo chinês limita a entrada de grandes produções dos Estados Unidos a 34 títulos por ano, retendo 75% da receita de bilheteria. Filmes de menor orçamento precisam de aquisição por distribuidoras locais e as datas de estreia estrangeiras são rigorosamente controladas pelos órgãos reguladores chineses.

Ministério chinês diz que lutará “até o fim”

Em resposta às novas tarifas, o Ministério do Comércio da China declarou que “lutará até o fim” contra o que chamou de “chantagens tarifárias” dos Estados Unidos. A declaração foi divulgada pela agência estatal Xinhua e assinada por um porta-voz da pasta. Segundo o comunicado, “as chamadas tarifas recíprocas impostas pelos EUA à China não têm base e são um bullying unilateral”.

“O lado americano insiste em escalar o conflito. A China irá acompanhá-lo até o fim”, afirmou o ministério, prometendo novas contramedidas “para proteger seus direitos e interesses”.

Trump diz que aguarda ligação da China

Apesar da retórica agressiva, Donald Trump declarou em sua rede social, a Truth Social, que Pequim estaria interessada em negociar. “A China também quer fazer um acordo, com urgência, mas eles não sabem como começar. Estamos aguardando a ligação deles. Vai acontecer!”, escreveu.

Questionada sobre as condições para uma negociação, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que seria “imprudente” detalhar os termos de um possível acordo, mas reforçou que Trump “vai fazer o que for melhor ao povo americano”.

A ofensiva tarifária do republicano vem sendo criticada por bilionários e aliados próximos. Elon Musk, CEO da Tesla que tem parcerias comerciais importantes com a China, rebateu publicamente Peter Navarro, ex-assessor comercial de Trump, após ser chamado de “montador de carros” por depender de peças importadas. “Ele é mais burro que um saco de tijolos”, escreveu Musk no X, rebatendo a fala.