Margareth Menezes critica penalização da Unidos de Padre Miguel por uso de iorubá: “Inaceitável!”

Ministra da Cultura classificou como "inaceitável" a punição aplicada à escola de samba carioca na votação do samba-enredo

Instagram/Margareth Menezes

Controvérsia no Carnaval

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, criticou neste sábado (8/3) a penalização sofrida pela Unidos de Padre Miguel (UPM) no Carnaval 2025. A escola perdeu pontos no quesito samba-enredo com a justificativa de uma jurada de que teria utilizado um “excesso de termos em iorubá”, o que resultou em sua última colocação no Grupo Especial e consequente rebaixamento para a Série Ouro.

Por meio das redes sociais, Margareth afirmou ser “inaceitável” a punição sofrida pela escola carioca. “Inaceitável! A Unidos de Padre Miguel perdeu pontos no Carnaval porque usou ‘excesso de termos em iorubá’. Como assim? O iorubá é uma das línguas que formam nossa cultura, está na raiz do samba, das religiões de matriz africana e na história do Brasil!”, declarou a ministra.

Acusações de racismo religioso

Após tomar conhecimento da nota 9,9 no samba-enredo, a UPM reagiu com indignação, classificando a decisão como “inaceitável” e atribuindo-a ao racismo religioso. Para a agremiação, o uso da língua iorubá foi fundamental para a construção do enredo sobre a africana Iyá Nassô e o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, considerado o templo afro-brasileiro mais antigo ainda ativo.

“As palavras em iorubá do samba e do enredo são fundamentais, primeiro como vivência do Axé da Casa Branca e, segundo, como forma de resistência do Axé de Iyá Nassô, iorubá de Oyó, contextualizando sua vida e sua trajetória”, justificou a Unidos de Padre Miguel em nota.

Em nova publicação nas redes, a escola afirmou que a penalização “escancara o racismo religioso que ainda persiste no Brasil”. “Nossa oralidade sagrada não é erro, não é excesso e muito menos pode ser silenciada”, destacou.

Apoio à escola

Margareth Menezes também manifestou solidariedade à Unidos de Padre Miguel e ressaltou o valor cultural e histórico do samba. “Isso não é só um erro de julgamento, é um desrespeito à nossa ancestralidade. O samba nasceu da resistência! Todo apoio à Unidos de Padre Miguel e a todas as escolas que levam a cultura afro-brasileira para a avenida com orgulho!”, completou a ministra.

Escola vai recorrer

A UPM informou que irá apresentar recurso à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) contra o resultado que a rebaixou. Em nota divulgada na sexta-feira (7/3), a escola confirmou que está reunindo documentos e elementos para contestar formalmente a decisão.