Representação criminal
A comediante Juliana Oliveira formalizou uma denúncia de estupro contra o apresentador Otávio Mesquita. Apresentada ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a acusação e se refere a uma gravação do programa “The Noite”, comandado por Danilo Gentili no SBT, exibida em 25 de abril de 2016. Juliana integrava a equipe da atração como assistente de palco e produtora.
Segundo a representação, as imagens e a transcrição dos diálogos mostram que Mesquita tocou os seios e a genitália da humorista durante uma esquete, mesmo diante da resistência explícita por parte dela. “Essa resistência reforça a ausência de consentimento e elimina qualquer dúvida sobre a configuração do crime”, argumentam os advogados de Juliana no documento entregue ao MP e revelado pela colunista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo.
Dinâmica da cena
A situação ocorreu logo nos minutos iniciais da atração. Mesquita foi apresentado ao palco por um cabo de segurança, descendo de ponta-cabeça ao som da música-tema do Batman. Ao ser auxiliado por Juliana para retirar os equipamentos, ele apalpou seus seios e, conforme a denúncia, também sua genitália. Em seguida, prendeu a humorista com as pernas e simulou um ato sexual. Já em pé, ele a abraçou, empurrou no sofá e repetiu os movimentos.
O episódio durou cerca de três minutos e foi exibido integralmente na televisão. Em determinado momento, Danilo Gentili afirmou: “Juliana está fazendo cara feia, mas eu sei que ela gostou”. Logo depois, Mesquita declarou: “Eu vou falar uma coisa para você que na sua história, fora os seus namorados, ninguém fez. Sem querer, eu dei uma apertada nas peitocas dela… ‘é durinho’, ‘é durinho’.”
Alegações da defesa
Os advogados de Juliana, Hédio Silva Jr. e Silvia Souza, sustentam que as imagens “evidenciam o uso de violência física, já que a vítima lutou ativamente para se desvencilhar do agressor, reagindo com tapas e chutes”. Para a defesa, a “exposição do ocorrido em rede nacional agrava a ofensa à dignidade da vítima”.
Silva Jr. afirmou ainda que “a cultura do silenciamento, reforçada pelo julgamento social e pela descrença das autoridades, muitas vezes impede a busca imediata por Justiça, fatores estes que encarecem a intervenção do Ministério Público para garantir a responsabilização do agressor e impedir que o tempo seja um escudo para a impunidade”.
Juliana, que não se manifestou publicamente até o momento, disse aos advogados que, inicialmente, não tinha consciência da gravidade da situação e acreditava ter sido vítima de assédio. A defesa solicita que o MP-SP ofereça denúncia formal por estupro contra Mesquita.
O advogado que representa a humorista afirma que a lei penal “considera que a prática de atos libidinosos mediante violência configura estupro, ainda que não haja penetração”.
Resposta de Otávio Mesquita
Procurado pela colunista, Otávio Mesquita negou as acusações. Segundo ele, a encenação foi “uma brincadeira combinada informalmente entre eles antes do início das filmagens”. O apresentador afirmou: “É um absurdo [essa acusação]. Aquilo foi gravado. Ela demorou nove anos e só fez isso agora porque foi demitida e está chateada”.
Ele destacou que o programa não era ao vivo e poderia ter sido vetado pela humorista antes da exibição. “A minha ex-mulher e o meu filho estavam lá na plateia. Não houve um estupro. Foi uma brincadeira”, disse.
Mesquita declarou ainda que não foi notificado oficialmente sobre a representação e pretende processar Juliana por danos à sua imagem.
Trajetória pós-programa
Após deixar o elenco do “The Noite”, Juliana Oliveira atuou como repórter no programa “Chega Mais”, transmitido nas manhãs do SBT em 2024. Ela foi demitida da emissora em fevereiro deste ano.
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes envolvidas no caso, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi apresentado.