Apple perde US$ 1 bilhão por ano em streaming

Apple perde US$ 1 bilhão por ano em streaming

Relatório aponta perdas bilionárias com investimentos pesados em produções originais

Unsplash/James Yarema

Estratégia e prejuízos no streaming

A Apple acumula perdas superiores a US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) por ano desde sua criação, segundo um relatório do The Information divulgado nesta quinta-feira (20/3). O levantamento cita fontes especializadas no setor e revela que, apesar do prejuízo, a gigante da tecnologia continua investindo pesadamente na plataforma Apple TV+.

Desde 2019, a Apple alocou cerca de US$ 5 bilhões (R$ 28 bilhões) anualmente na produção de filmes, séries e documentários. Mas após reavaliação, o serviço reduziu esse orçamento em US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) no ano passado para conter as perdas. Mesmo com esse ajuste, a plataforma segue a tendência de prejuízo observada em outros serviços de streaming.

Produções elogiadas e desafios no mercado

A Apple TV+ consolidou um catálogo de séries aclamadas pela crítica, incluindo “The Morning Show”, “Ted Lasso”, “Falando a Real” e “Ruptura”, que encerra sua 2ª temporada nesta sexta-feira (21/3). O investimento em séries grandiosas de sci-fi e fantasia, como “Fundação”, “For All Mankind”, “Silo”, “Constelação”, “See”, “Monarch: Legado de Monstros” e “Invasão”, tem sido apontado como maior responsável pelas despesas. Destas, apenas “Constelação” foi cancelada e “See” chegou ao final após três temporadas. “For All Mankind”, por outro lado, vai ganhar um spin-off e “Silo” foi renovada para mais duas temporadas, de modo a completar a adaptação da saga literária de Hugh Howey.

Apesar disso, as séries tem rendido melhor resultado que os filmes de orçamento elevado produzidos pela Apple, como “Napoleão” de Ridley Scott e “Assassinos da Lua das Flores” de Martin Scorsese.

O que não se discute é a qualidade de seu conteúdo. A Apple TV+ foi a primeira plataforma de streaming a ganhar o Oscar de Melhor Filme com “No Ritmo do Coração” em 2022 – um drama indie bem diferente das superproduções que tem recebido o investimento atual da gigante da informática. Além disso, têm se destacado anualmente no Emmy.

O problema é que o reconhecimento crítico não se traduz em uma posição de destaque na disputa pelo público. O desempenho do serviço no mercado não se compara ao de concorrentes como a Netflix, a Max e a Prime Video, que atraem pela quantidade de opções.

Sustentabilidade do modelo de negócios

O CEO da Netflix, Ted Sarandos, já demonstrou dúvidas sobre a estratégia da Apple no setor. “Eu não entendo o que eles querem, além de uma ferramenta de marketing. Mas o pessoal da Apple é muito inteligente. Talvez eles vejam algo que nós não vemos”, afirmou em entrevista à Variety nesta semana.

O fato é que a receita total da Apple, considerando todos os seus produtos e serviços, foi de US$ 391 bilhões (R$ 2,2 trilhões) em 2024, garantindo sustentação financeira para a continuidade do streaming sem impacto significativo nos cofres da empresa.