Thamiris e Gracyanne enquadram Vitória em contexto de racismo no BBB 25

Thamiris e Gracyanne enquadram Vitória em contexto de racismo no BBB 25

Nutricionista deixa insinuações de lado e faz acusação mais clara contra a atriz no reality show da Globo

X/BBB

Falas perigosas

Thamiris Maia afirmou ter sido vítima de racismo no BBB 25 e apontou atitudes preconceituosas de Vitória Strada antes e durante o Sincerão desta segunda-feira (24). Ela foi incentivada a definir Vitória como racista por Gracyanne Barbosa, e encontrou apoio em sua irmã, Camilla Maia.

A abordagem radical da relação com Vitória foi redefinida na tarde desta terça (25/2) no quarto Nordeste, onde as aliadas falavam mal de Vitória.

“Ela falava ‘mas eu não sou uma branca escrota’ e eu ‘mas eu não falei isso. Você que tá falando’. ‘Eu tentei o tempo todo falar com vocês e peço desculpas'”, começou Thamiris, imitando a atriz.

“É importante pedir desculpas, porque é importante”, observou Gracyanne.

A visão durante a briga

Camilla assumiu que deu vontade de ser, de fato, escrota com Vitória durante a briga da sala: “Me controlei”

“Eu falei pra ela no dia ‘Então desculpa, tranquilo’. Tanto que falei pra Gra que falei na hora ‘Desculpa ter vindo falar com você, esse momento é seu, você tem três dias para aproveitar’. Ela falou ‘E você precisa ser uma escrota assim comigo?’. Cara, quando ela falou escrota, a minha vontade foi de voltar e ser escrota mesmo. Mas eu falei ‘Cara, não vou perder a linha’. Mas tava me dando agonia ver todo mundo me olhando e olhando pra você. Tava me dando desespero!”, descreveu Camilla.

“Eu tava desesperada com você ficando nervosa”, disse Thamiris. “Eu tava vendo tudo! Tava vendo a cara da Vitória, tava vendo todo mundo te olhando”, afirmou Camilla. “Nesse momento, você tem que olhar para si, se controlar e, se tiver que baixar o tom, você baixa e você volta”, aconselhou a nutricionista. “O problema não era o tom, era o cenário que tava sendo criado”, observou Camilla.

A definição de racista

“Como as pessoas olham a gente, a gente não controla. Mesmo que você fale baixo, você vai continuar sendo a menina que vão olhar desse jeito! Não tem jeito, Camila! Eu sei disso porque eu trabalhei num lugar que eu era a mais arrumada do lugar… Lembro do sapato da minha chefe que era feio, eu comprava roupa para ir trabalhar e era a pessoa que não parecia nutricionista, que precisava de crachá, que as crianças não enxergavam. A gente sempre vai estar nesse lugar”, contou Thamiris.

“E não é ‘se acostume’. A gente pode frequentar ambientes em que a gente não é vista assim. Por isso que hoje existem ambientes pretos, eventos pretos, amizades pretas, relacionamentos afrocentrados, porque uma pessoa preta, quando se relaciona com a gente, não vai chamar a polícia se você gritar para ela. Se você tiver um amigo preto, quando brigarem, vai ser de igual para igual. Se você tiver num rolê preto, ninguém vai ficar te olhando de cara torta se você ‘dançar demais’, se rir demais ou se for demais. É por isso que a gente tem que frequentar, estar em lugares assim e ensinar para os nossos”, seguiu.

“Para não ser racista, você tem que ser antirracista e tem que ter atitudes assim, tem que saber seu lugar de fala e saber como falar com uma pessoa preta para não colocá-la nesse lugar”, definiu.

“Que é o que você sempre se preocupou com o Diogo”, comentou Gracyanne. “Sempre, independente do embate que você tinha, você sempre falou: ‘Eu não quero colocar o Diogo nesse lugar, porque eu sei que lá fora vai ser muito mais pesado para ele do que para outra pessoa. Você sempre se preocupou”.

O enquadramento de Vitória

Gracyanne então fez uma pausa dramática e questionou, falando sobre Vitória: “Ela tá se preocupando?”. E acrescentou após outra pausa: “E ela sabe”. “Ela sabe, porque, mesmo se não soubesse antes, essa conversa já foi tida aqui no quarto várias vezes”, reforçou.

Thamiris concordou. A nutricionista relatou que o comportamento da atriz despertou gatilhos de situações vividas na infância, quando sofria críticas de meninas brancas.

“Eu já fui engolida por amizades como a da Vitória, lá na minha infância. Porque eu não sabia me posicionar. Eu cresci em ambientes que eu tinha pavor de meninas como a Vitória, como a Eva, a Renata… que eram lindas, eram basicamente o que eu queria ser, porque eu não me via como uma menina bonita, e elas me humilhavam. Tenho pavor”, declarou.

Thamiris começou a plantar a semente

Depois da conversa, Thamiris recebeu apoio de Maike Cruz no jardim. “Ontem foi muito ruim dormir. Minha vontade era de pegar minha bolsa e ir embora”, ela disse, aos prantos.

A nutricionista contou que conversou com Camilla Maia sobre a postura no Sincerão para evitar ser vista como agressiva. “Se fosse só a Camilla ficar pintada [no Sincerão] estava ótimo, mas é sobre como tudo está acontecendo. A gente sempre falou sobre nosso medo de se posicionar, nosso medo de brigar e como as pessoas veriam. Porque ontem a Renata falou para a Camilla que eu estava acuando a Vitória na parede. Sendo que a Vitória foi quem levantou do sofá”, criticou.

Acusações de tratamento desigual

Thamiris afirmou que Vitória foi defendida pelos participantes por ser uma mulher branca, enquanto ela e a irmã foram vistas como grosseiras. Segundo a nutricionista, a atriz também apontou o dedo no rosto delas, mas esse comportamento não foi repreendido.

“Dedo na cara todo mundo coloca quando está brigando. Eu sei que não é certo. A gente sempre vai sair como essa pessoa que é agressiva, que parece que vai montar na outra para brigar. Eu não brigo bonito, eu não jogo meu cabelo na hora de brigar. Eu não me sacudo, eu não falo de mim. Eu falo do outro na briga”, seguiu.

“Toda vez que tem uma briga entre uma pessoa preta e uma pessoa branca, a pessoa preta sempre sai como agressiva. Sempre sai como a pessoa que vai quebrar a outra no meio”, frisou.

“Lembro que uma vez meu melhor amigo falou sobre o fato dele namorar uma menina branca. Toda vez que eles brigavam, como ela se comportava na briga, ele falou assim ‘Thamiris, tem noção de como isso é perigoso?'”, ela contou.

“Começa a brigar, a pessoa começa a chorar, começa a se comportar como uma menina preta não se comporta. E se alguém de fora ver, chama a polícia pra você. Se pá, a própria pessoa pode chamar. Quando você tá brigando com uma pessoa preta, tá com seus amigos pretos, isso não acontece. Todo mundo briga, todo mundo se resolve, fica de igual pra igual. Ninguém fica com pena. Não existe isso de pena”, ela compara.

A narrativa privilegiada

Maike questiona: “Mas você acha que ela [Vitória] teve a intenção?”

“Eu não sei, acho que não teve a intenção, mas ela tinha noção porque a gente conversou com ela o tempo todo. Eu sempre conversei com ela sobre isso, sempre. Em como eu tinha o meu auto controle, ser o equilíbrio da Camilla, e ter medo de sermos vistas ou ela ser vista assim por conta de posicionamento. Coisa que ninguém aqui tem coragem de fazer, de brigar, de falar. A gente fala e que na hora da briga, a gente ficaria desbalanceada”, aponta Thamiris.

Thamiris e Maike opinam que Vitória está apresentando uma narrativa de excluída.

A nutricionista argumenta: “O que eu não entendo é Camilla, Thamiris e Gra… Só a Camilla se afastou, cadê o resto? Que exclusão é essa?”

Maike concorda: “Exato. Eu também pensei nisso. Só que cai tudo como uma narrativa.”

“Exatamente. É o que eu tô falando, como assim? Tinha mais duas pessoas. Tá excluída ou se excluindo?”, critica Thamiris.