Lenda da soul music
Roberta Flack morreu nesta segunda-feira (24/2), em Nova York, aos 88 anos. A informação foi confirmada por sua equipe, que divulgou um comunicado sobre o falecimento da artista. “Estamos de coração partido com a partida da gloriosa Roberta Flack nesta manhã. Ela morreu pacificamente, cercada por sua família. Roberta quebrou barreiras e recordes. Ela também foi uma educadora orgulhosa”, declarou a nota.
Em 2016, ela sofreu um derrame e se aposentou dos palcos dois anos depois. Há dois anos, foi revelado que a cantora havia sido diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica (ELA), o que a impossibilitou de continuar cantando.
Grammy e reconhecimento mundial
Natural da Carolina do Norte e pianista clássica talentosa, Flack fez história ao vencer o Grammy de Gravação do Ano por dois anos consecutivos com “The First Time Ever I Saw Your Face” (1973) e “Killing Me Softly With His Song” (1974). O feito só foi repetido por U2 e Billie Eilish décadas depois.
Além desses prêmios, ela também conquistou o Grammy de Melhor Performance Pop Vocal Feminina por “Killing Me Softly With His Song” e, em 1973, dividiu com Donny Hathaway o prêmio de Melhor Performance de R&B por um Duo ou Grupo, com “Where Is the Love”. No total, recebeu 14 indicações ao prêmio e, em 2020, foi homenageada com um Grammy pelo conjunto da obra.
Trajetória e influência
Roberta Cleopatra Flack nasceu em 10 de fevereiro de 1937, em Black Mountain, Carolina do Norte, e cresceu em Arlington, Virgínia. Filha de um desenhista e de uma organista de igreja, começou a estudar piano clássico ainda criança e, aos 13 anos, tocou a partitura completa de “O Messias”, de Handel, para o coral de sua igreja. Aos 15, ganhou uma bolsa de estudos para a Howard University.
Antes da fama, dava aulas de inglês e música enquanto se apresentava à noite em clubes noturnos em Washington, D.C., até ser descoberta pelo jazzista Les McCann e contratada pela Atlantic Records. Entretanto, seu primeiro disco, “First Take” (1969), foi gravado em apenas 10 horas e passou despercebido até que Clint Eastwood usou a faixa “The First Time Ever I Saw Your Face” em uma cena romântica do filme “Perversa Paixão” (1971). Lançada como single em 1972, a música alcançou o topo da Billboard, onde permaneceu por seis semanas.
Além do Grammy pela canção, Flack conquistou outro troféu em 1973 pelo dueto “Where Is the Love”, com Donny Hathaway, seu colega de faculdade e parceiro frequente. No ano seguinte, chegou novamente ao primeiro lugar das paradas com “Feel Like Makin’ Love” e o fenômeno “Killing Me Softly With His Song”, sua música mais conhecida.
Seu repertório ainda incluía sucessos como “The Closer I Get to You” (com Hathaway), que foi outro sucesso imenso, além de “Tonight, I Celebrate My Love” (com Peabo Bryson) e “Set the Night to Music” (com Maxi Priest).
Entre outros projetos, interpretou a música-tema da série “A Família Hogan” (Valerie, 1986-91) e participou da trilha sonora dos filmes “O Mágico Inesquecível” (1978) e “Rompendo Correntes” (1981).
Últimos anos
Flack lançou seu último álbum de músicas inéditas, “Let It Be Roberta: Roberta Flack Sings the Beatles”, em 2012, antes de se aposentar por problemas de saúde.
Sem poder cantar, ela ainda lançou um livro infantil em 2023, “The Green Piano: How Little Me Found Music”, inspirado na história de como seu pai recuperou um velho piano para incentivá-la a seguir a música. “Eu sempre quis contar minha história para as crianças sobre aquele primeiro piano verde que meu pai pegou no ferro-velho, na esperança de que elas se inspirassem a perseguir seus sonhos”, disse na época.
Sua vida e carreira ainda inspiraram o documentário “Roberta”, lançado em 2022.
Casamento e divórcio
A artista foi casada com o baixista Steve Novosel de 1965 até o divórcio em 1972. Nos anos 1980, morou no edifício The Dakota, em Nova York, onde seus vizinhos de porta eram John Lennon e Yoko Ono. O filho do casal, Sean Lennon, a chamava de “Tia Roberta”.
Ela não deixou herdeiros.




