Contradição do público
O “BBB 25” enfrenta a pior audiência da sua história, em meio à constantes críticas sobre a falta de conflitos e ao desinteresse dos participantes no jogo. No entanto, quando o primeiro grande embate da edição finalmente aconteceu, o público parece decidido a eliminá-lo junto com uma de suas protagonistas.
Desde a madrugada de domingo (23/2), a casa está dividida após a briga entre Vitória Strada e as irmãs Camilla e Thamiris Maia. O episódio era aguardado com ansiedade pelos telespectadores, mas, surpreendentemente, as enquetes apontam que a atriz será a eliminada desta terça-feira (25/2). A justificativa para a rejeição é que ela teria demorado a reagir, como se um participante de reality show tivesse que agir mais rápido que uma personagem de novela para processar traições e mudar alianças instantaneamente, ignorando o fator humano envolvido.
Com a possível saída de Vitória, o público que reclama que o programa está morno irá contribuir diretamente para piorar a situação.
Risco de um jogo sem histórias
A eliminação de Vitória esvaziaria a principal trama do “BBB 25”. Se antes o público criticava a falta de conflitos, agora quer penalizar justamente quem conseguiu protagonizar um embate. Ao optar por eliminar Vitória, o público demonstra querer acabar com um dos poucos focos narrativos relevantes da edição, para depois reclamar que nada acontece no reality.
Contra Vitória no Paredão estão Vilma Nascimento, participante mais idosa do programa, que raramente sai do quarto para interagir com os demais participantes, e seu filho Diogo Almeida, cujo objetivo declarado no confinamento é ensinar meditação e fazer um sarau poético-musical. É isto que o público demonstra preferir, numa iniciativa que embute o desejo de continuar reclamando do programa.
O fator racial
Outro aspecto ignorado nessa votação é o contexto que pode ter retardado a reação de Vitória. Desde o “BBB 22”, a Globo vem trabalhando narrativas raciais na casa, enaltecendo pautas identitárias em detrimento de outras dinâmicas. O próprio formato de votação foi alterado após a eliminação dos favoritos da emissora naquela edição.
Essa construção pode ter influenciado a forma como Vitória se posicionou no jogo. Diante da possibilidade de ser vista como uma mulher branca atacando duas mulheres negras, a atriz tomou cuidado extremo para evitar acusações que poderiam comprometer sua carreira. Ainda assim, Camilla Maia puxou a pauta racial, ao sugerir que a atriz havia cometido racismo estrutural ao supostamente chamá-la de “preta agressiva”, algo que não aconteceu.
Punir quem faz a coisa certa
Em edições passadas, a postura cuidadosa de Vitória seria valorizada como um exemplo de jogo limpo. Agora, ela pode ser eliminada justamente por suas virtudes. Se isso se confirmar, os espectadores darão um ponto final na única história relevante de rivalidade da temporada, contribuindo para o fracasso do programa, o que parece ser o objetivo dissimulado do público deste ano.
A raiva gratuita é tanta que tem gente até fazendo vídeos fakes e viralizando nas redes sociais para mentir que Vitória fez as pazes com as irmãs, visando colar na atriz o rótulo de vacilona e fraca. Tendo em vista como esse tipo de militância costuma se dar em períodos eleitorais, é até justo questionar até ponto isto é realmente espontâneo ou virou um caso emblemático de mentalidade de manada.