Geneviève Page, estrela de “El Cid” e “A Bela da Tarde”, morre aos 97 anos

Geneviève Page, estrela de “El Cid” e “A Bela da Tarde”, morre aos 97 anos

Atriz francesa teve carreira de cinco décadas e se destacou em filmes de Buñuel, Wilder, Altman e Frankenheimer

Divulgação/Dragon Films

Carreira incluiu grandes clássicos

Geneviève Page morreu nesta sexta-feira (14), aos 97 anos, em sua residência em Paris. A informação foi confirmada por sua neta, a atriz Zoé Guillemaud, à agência AFP.

Com mais de 50 anos de carreira, Page atuou em grandes clássicos do cinema mundial, como “El Cid” (1961), “Grand Prix” (1966), “A Bela da Tarde” (1967), “Mayerling” (1968) e “A Vida Íntima de Sherlock Holmes” (1970).

Início no cinema francês

Geneviève Page, nascida Geneviève Bonjean em 13 de dezembro de 1927, em Paris, era filha do marchand Jacques Paul Bonjean, que teve uma galeria em sociedade com Christian Dior. Ela iniciou sua trajetória cinematográfica no início dos anos 1950. Seu primeiro papel de destaque foi em “Fanfan la Tulipe” (1952), onde interpretou Madame de Pompadour ao lado de Gérard Philipe e Gina Lollobrigida. Ao longo da década, Page participou de diversas produções francesas e internacionais, consolidando sua presença no cenário cinematográfico europeu.

Ascensão em produções internacionais

Nos anos 1960, Page expandiu sua carreira para além da França, participando de grandes produções de Hollywood. Em 1961, interpretou a manipuladora Princesa Urraca no épico “El Cid”, contracenando com Charlton Heston e Sophia Loren. A aventura medieval, dirigida por Anthony Mann, durava mais de três horas de duração. Posteriormente, em 1966, atuou em “Grand Prix” como Monique Delvaux-Sarti, filme de corridas sob a direção de John Frankenheimer.

Parceria com Buñuel em “A Bela da Tarde”

Em 1967, Luis Buñuel escalou Geneviève Page para interpretar Madame Anaïs, dona de um bordel de luxo em “A Bela da Tarde”, adaptação do romance de Joseph Kessel. No filme, a personagem dá à protagonista, vivida por Catherine Deneuve, o apelido que batiza a obra.

O papel rendeu a Page uma indicação de Melhor Atriz Coadjuvante pela National Society of Film Critics. O longa venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza.

Reencontro com Deneuve e parceria com um diretor de “007”

Em 1968, Geneviève Page reencontrou Catherine Deneuve no drama histórico “Mayerling”, dirigido por Terence Young, conhecido por comandar os três primeiros filmes de James Bond estrelados por Sean Connery. No longa, sobre o romance trágico do arquiduque Rodolfo da Áustria (Omar Sharif) e Maria Vetsera (Deneuve), Page interpretou a Imperatriz Elisabeth, mãe do protagonista.

De volta a Hollywood

Ela voltou a Hollywood para atuar em duas comédias dirigidas por grandes mestres. Em “A Vida Íntima de Sherlock Holmes” (1970), de Billy Wilder, ela deu vida à misteriosa cliente que contrata o famoso detetive para encontrar seu marido desaparecido. Durante as filmagens, um modelo de 30 metros do monstro do Lago Ness afundou enquanto era transportado por um barco.

“Perdemos nosso monstro do Lago Ness, mas ele [Wilder] não parecia tão preocupado, mesmo sendo o produtor e o diretor”, declarou Page ao The New York Times em 1969. “Ele estava mais interessado em consolar o homem que o construiu e que ficou arrasado com o desaparecimento.” O objeto foi encontrado 47 anos depois, no fundo do lago.

Em seu derradeiro filme nos Estados Unidos, “Além da Terapia” (1987), ela foi dirigida por Robert Altman. Geneviève interpretou Madame Charlot, a dona de um restaurante francês onde ocorrem cenas importantes. A comédia satírica, baseada na peça homônima de Christopher Durang, acompanha um casal em meio a encontros desastrosos e terapeutas excêntricos. A participação de Page foi um dos últimos papéis de sua carreira no cinema, antes de ela se dedicar mais ao teatro.

Contribuições no teatro e últimos anos

Além de sua prolífica carreira no cinema, Geneviève Page também se destacou no teatro. Em 1980, recebeu o prêmio da crítica francesa de Melhor Atriz por sua atuação em “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, apresentada no Théâtre National de Chaillot, em Paris. Em 1996, foi indicada ao Prêmio Molière por seu papel na peça “Colombe”.

Page foi casada com o empresário Jean-Claude Bujard de 1959 até a morte dele em 2011, e juntos tiveram dois filhos.