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Divulgação/Marvel

Filme|13 de fevereiro de 2025

Estreias | “Capitão América 4” chega aos cinemas em meio à guerra cultural

Primeiro filme de super-herói de 2025 tem distribuição ampla, mas a programação também inclui Bridget Jones e drama do Oscar

O novo filme do Capitão América estreia nesta quinta (13/2) num Admirável Mundo Novo literal. A transformação do herói icônico num personagem negro acontece em meio a mudanças rápidas e radicais nos Estados Unidos, onde ordens executivas polêmicas de Donald Trump buscam eliminar todas as iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) dos Estados Unidos, colocando fim a meio século de ação afirmativa – o presidente John F. Kennedy emitiu a Ordem Executiva 10925 que iniciou a inclusão em 1961, oito meses antes da editora Timely virar Marvel Comics.

Com a ascensão do sentimento anti-woke, amplificado por fanboys conservadores e pelo cenário político, a Marvel enfrenta um de seus testes mais críticos. O estúdio já superou ataques contra “Pantera Negra”, seu primeiro filme estrelado por um super-herói negro, e “Capitã Marvel”, que trouxe uma protagonista feminina. Ambos foram fenômenos de bilheteria, mas a empresa passou a enfrentar desafios inéditos nos últimos anos, incluindo quedas nas arrecadações e campanhas coordenadas contra a diversidade em seus filmes.

“Capitão América: Admirável Mundo Novo” é uma aposta alta. Além de ser um marco narrativo no MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), o filme se posiciona como um símbolo de resistência ao retrocesso ideológico. Em meio a ataques às políticas de diversidade, seu lançamento representa um desafio direto ao movimento conservador que vem pressionando estúdios a abandonarem agendas progressistas. A aceitação de um Capitão América negro em 2025 será um termômetro desse embate.

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1 Disney recua em diversidade na véspera do lançamento
2 Outros lançamentos da semana

Disney recua em diversidade na véspera do lançamento

Para a Disney, o filme chega em um momento delicado. A empresa, que vinha se posicionando como uma das líderes em políticas de inclusão, também começou a reduzir seus esforços de diversidade diante da pressão política e de ameaça de processos judiciais. Recentemente, a companhia removeu referências ao programa “Reimagine Tomorrow” e reavaliou políticas internas, temendo que medidas de inclusão fossem interpretadas como cotas discriminatórias no mundo invertido que virou os EUA.

A interpretação conservadora é uma inversão de valores da lei de Direitos Civis de 1964, que proíbe discriminação baseada em raça, gênero e outras características protegidas. Criada para proteger minorias, ela agora está sendo usada contra as minorias. Programas que estabelecem metas específicas para contratação e promoção de grupos sub-representados são acusados por trumpistas de criar discriminação reversa, excluindo candidatos que não pertencem a essas categorias, especialmente homens brancos heterossexuais. A decisão da Suprema Corte de 2023, que proibiu o uso de raça em admissões universitárias, fortaleceu esse argumento ao considerar tais práticas uma violação da 14ª Emenda, que garante proteção igualitária sob a lei. Na prática, isto invalida 64 anos de avanços raciais nos EUA, que culminaram na eleição e reeleição de um homem negro como presidente do país.

O desempenho de “Capitão América: Admirável Mundo Novo” servirá como um indicativo do caminho que a Disney tomará em seus próximos projetos. O filme estreia com ampla distribuição e forte campanha de marketing, mas desagradou a crítica internacional. Seu lançamento chegou com 51% de aprovação no Rotten Tomatoes, umas das piores avaliações de um filme do Marvel Studios.

Outros lançamentos da semana

Além da nova aposta da Marvel, a programação de estreias desta quinta-feira traz a volta de Bridget Jones na quarta comédia da franquia iniciada em 2001. Também chegam aos cinemas o drama “Sing Sing”, indicado a três Oscars, e dois filmes dirigidos por cineastas brasileiros veteranos.

 

CAPITÃO AMÉRICA: ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

 

O quarto filme da franquia “Capitão América” e o primeiro estrelado por Anthony Mackie no papel-título é basicamente uma história do Hulk. Embora a expectativa fosse pelo desempenho de Mackie ao assumir o escudo usado por Chris Evans, intérprete de Steve Rogers nos três filmes anteriores de “Capitão América” e nos quatro longas dos “Vingadores”, a história dá sequência ao filme “Incrível Hulk” de 2008 e também tenta amarrar pontas soltas de “Eternos”.

A trama acompanha a tensão política da corrida global pelo Adamantium, metal usado nas garras do Wolverine que é descoberto no corpo do Celestial morto em “Eternos”. Em meio a este contexto, Sam Wilson (Mackie) é convocado pelo novo presidente dos Estados Unidos, Thaddeus “Thunderbolt” Ross (vivido por Harrison Ford após a morte do intérprete original, William Hurt), apenas para salvá-lo de um atentado cometido por um antigo supersoldado do governo, Isaiah Bradley (personagem de Carl Lumbly introduzido em “Falcão e o Soldado Invernal”). A ideia de lavagem cerebral é basicamente reciclada de “Capitão América: Soldado Invernal” (ou da influência de ambos, “Sob o Domínio do Mal”).

O enredo ainda revela o envolvimento do vilão Líder (Tim Blake Nelson, num retorno do filme de “O Incrível Hulk”) e a volta de Betty Ross (Liv Tyler), a filha do presidente e antigo amor de Bruce Banner (o Hulk). Entretanto, a decisão de trazer esses personagens de repente, após 33 filmes, com pouco ou nenhum detalhe sobre seus paradeiros durante esse meio tempo tira o peso narrativo dos reaparecimentos.

Além dos citados, o filme conta com Danny Ramirez (“Falcão e o Soldado Invernal”) como o novo Falcão, Giancarlo Esposito (“Better Call Saul”) como o vilão Coral (Sidewinder) e Shira Haas (“Nada Ortodoxa”) como a polêmica super-heroína israelense Sabra. Mas o coadjuvante que aparece nos pôsteres e recebe mais atenção é o Hulk Vermelho, uma transformação inesperada de Thaddeus Ross, feita para garantir as cenas de luta típicas de quadrinhos contra um Capitão América voador, malabarista e cheio de gadgets nunca usados por Steve Rogers.

Com ceticismo irônico, seria possível descrever a premissa como um embate entre um Capitão América que não é Steve Rogers versus um Hulk que não é Bruce Banner. Mas a verdade é que a luta dura pouco, a ponto de sua extensão inteira ter sido revelada em trailers.

O roteiro é creditado a Rob Edwards (“A Princesa e o Sapo”), Malcolm Spellman (“Falcão e o Soldado Invernal”) e Dalan Musson (“Deu a Louca nos Nazi 2”), enquanto a direção do longa é assinada por Julius Onah (“O Paradoxo Cloverfield”).

 

BRIDGET JONES: LOUCA PELO GAROTO

 

Renée Zellweger volta ao papel de Bridget Jones no quarto filme da franquia. Mas o tom é um pouco diferente das primeiras comédias românticas, pois ela enfrenta o luto pela perda de Mark Darcy (Colin Firth). O filme acompanha Bridget enquanto ela embarca em uma nova fase de sua vida, onde busca lidar com a perda, cuidar dos filhos e também encarar novas possibilidades amorosas.

A produção conta com o retorno de personagens icônicos, como Daniel Cleaver (Hugh Grant), o pai de Bridget (Jim Broadbent), a mãe de Bridget (Gemma Jones), Dr. Rawlings (Emma Thompson), Miranda (Sarah Solemani), Shazzer (Sally Phillips), Tom (James Callis) e Jude (Shirley Henderson), além de contar com novas adições, com destaque para os dois novos interesses românticos. Ela se interessa pelo Sr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor), professor na escola de seus filhos e de perfil mais maduro, além de Roxster (Leo Woodall), um jovem com ar irreverente e imprevisível, que desperta seu interesse, apesar dos alertas.

A história é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Helen Fielding. A autora também assina o roteiro, enquanto a direção está a cargo de Michael Morris (“Better Call Saul”), mais conhecido por seu trabalho em séries.

Os três filmes anteriores da franquia, iniciada no cinema em 2001, arrecadaram mais de US$ 760 milhões em bilheterias ao redor do mundo.

 

SING SING

 

O longa estrelado por Colman Domingo (“Euphoria”) retrata a jornada de homens encarcerados que descobrem no teatro uma forma de reabilitação. Baseado em fatos reais, o drama concorre a três Oscars nas categorias de Melhor Ator, Roteiro e Música Original. Inspirado no programa real “Rehabilitation Through the Arts”, o filme apresenta Divine G, interpretado por Domingo, um homem condenado injustamente que, ao integrar um grupo teatral formado por outros detentos, reencontra um sentido para sua vida. No entanto, a chegada de um novo membro traz desconfiança ao ambiente, colocando à prova a união do grupo.

Com direção de Greg Kwedar (“Do Outro Lado da Fronteira”), “Sing Sing” se destaca não apenas pela interpretação de Colman Domingo, mas também por contar com um elenco composto por atores que já foram encarcerados – incluindo Clarence Maclin, que tem o segundo papel principal.

A iniciativa não é inédita. A premissa de “Sing Sing” lembra bastante “César Deve Morrer” (2012), dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. A similaridade entre os dois filmes está no uso do teatro para humanizar e transformar prisioneiros, mas a produção italiana, vencedora do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2012, utilizou detentos que ainda cumpriam pena, num formato híbrido documental.

“Sing Sing” já conquistou prêmios importantes, incluindo três troféus do Gotham Independent Film Awards e o Prêmio de Melhor Ator concedido pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos, além de ter entrado na lista dos 10 melhores filmes de 2024 do American Film Institute (AFI).

 

AOS PEDAÇOS

 

O drama de 2020 chega aos cinemas cinco anos após sua premiação no Festival de Gramado, onde Ruy Guerra venceu o Kikito de Melhor Direção. Atualmente com 93 anos, o cineasta fundador do Cinema Novo e autor dos clássicos “Os Cafajestes” (1962) e “O Fuzis” (1964), já rodou outro filme desde então, “A Fúria”, exibido no Festival de Brasília do ano passado. Enquanto “A Fúria” segue sua vertente conhecida de denúncia social, “Aos Pedaços” explora um cinema mais experimental, com uma estrutura similar a uma peça teatral, fazendo uso expressivo de fotografia em preto e branco, luz e sombra para refletir o estado psicológico do protagonista.

A narrativa acompanha Eurico Cruz, interpretado por Emílio de Mello (“Psi”), que divide seu tempo entre duas casas idênticas: uma situada no deserto e outra à beira-mar. Em cada casa, ele vive com uma mulher diferente, chamadas Ana (Simone Spoladore, de “Cidade Invisível”) e Anna (Christiana Ubach, de “A Garota da Moto”). Certo dia, Eurico recebe um bilhete anônimo, assinado apenas como “A”, anunciando sua morte iminente. A partir desse momento, sua vida mergulha em uma espiral de paranoia e desconfiança, onde espaços, personagens e emoções se entrelaçam, confundindo realidade e obsessão.

Além da projeção premiada no Festival de Gramado, o filme foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema, na Holanda.

 

AS CORES E AMORES DE LORE

 

O documentário de Jorge Bodanzky, diretor do clássico “Iracema – Uma Transa Amazônica” (1975), explora os últimos anos da pintora alemã Eleonore Koch, única discípula de Alfredo Volpi. Radicada no Brasil desde a 2ª Guerra Mundial, Koch destacou-se por suas composições com formas reduzidas e cores profundas, utilizando a técnica da têmpera aprendida com Volpi. O filme é construído a partir de uma série de encontros entre Bodanzky e Koch, nos quais a artista compartilha reflexões sobre sua vida, arte, sexualidade, feminismo, amadurecimento e solidão. A narrativa busca compor um retrato sensível e contemporâneo dos pensamentos de Koch ao final de sua vida, revelando uma mulher que viveu livre e intensamente, dedicando-se à arte. A artista faleceu em agosto de 2018, em São Paulo.

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Marcel Plasse

Marcel Plasse é jornalista, participou da geração histórica da revista de música Bizz, editou as primeiras graphic novels lançadas no Brasil, criou a revista Set de cinema, foi crítico na Folha, Estadão e Valor Econômico, escreveu na Playboy, assinou colunas na Superinteressante e DVD News, produziu discos indies e é criador e editor do site Pipoca Moderna.

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