Impedimento no acesso à Casa Branca
Maior agência de notícias do mundo, a Associated Press afirmou nesta terça-feira (11/2) que foi barrada de cobrir a assinatura de uma ordem executiva do presidente Donald Trump na Casa Branca. Segundo a agência, a restrição ocorreu porque o veículo se recusou a alterar suas normas editoriais para adotar a nova nomenclatura imposta pelo republicano para o Golfo do México, que ele rebatizou como “Golfo da América”.
Julie Pace, editora-executiva da AP, classificou a decisão do governo como uma violação da liberdade de imprensa. “Hoje fomos informados pela Casa Branca de que, se a AP não alinhasse seus padrões editoriais com a ordem executiva do presidente Donald Trump renomeando o Golfo do México como Golfo da América, seríamos impedidos de acessar um evento no Salão Oval. Nesta tarde, nosso repórter foi barrado da assinatura da ordem executiva”, declarou.
Reação da AP e entidades jornalísticas
A Associated Press, cuja cobertura jornalística é reproduzida por jornais de diferentes países, incluindo o Brasil, manteve sua posição de continuar usando a nomenclatura tradicional do Golfo do México em seu manual de estilo, amplamente seguido pelo setor de imprensa. No entanto, a agência informou que acatou outra mudança imposta por Trump, alterando a denominação da montanha Denali, no Alasca, para Monte McKinley.
Pace criticou a tentativa do governo Trump de controlar a imprensa. “É alarmante que a administração Trump puna a AP por seu jornalismo independente. Restringir nosso acesso ao Salão Oval com base no conteúdo do nosso discurso não apenas impede severamente o acesso do público a notícias independentes, mas também viola claramente a Primeira Emenda”, afirmou, em referência à proteção constitucional à liberdade de imprensa.
O presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA), Eugene Daniels, também repudiou a medida. “A relação entre a imprensa e o Escritório do Presidente deve respeitar a independência editorial de cada organização. A Casa Branca não pode ditar como os veículos noticiam os fatos, nem penalizar jornalistas por decisões editoriais. Impedir um repórter da AP de cobrir um evento oficial aberto à imprensa é inaceitável. A WHCA se solidariza com a Associated Press e exige que a administração reverta imediatamente essa decisão”, declarou.
Entidades condenam ataque à liberdade de imprensa
O caso gerou repercussão entre defensores da liberdade de expressão. Aaron Terr, diretor de advocacia da Fundação para os Direitos Individuais e Expressão, apontou o caráter inconstitucional da atitude do governo Trump. “Punir jornalistas por não adotarem terminologia imposta pelo Estado é um ataque alarmante à liberdade de imprensa. Isso é discriminação de ponto de vista e é inconstitucional. O presidente Trump tem autoridade para determinar como o governo dos EUA se refere ao Golfo, mas não pode punir uma organização de notícias por usar outro termo”, declarou.
Terr reforçou que o papel da imprensa é fiscalizar o poder, não se tornar porta-voz de governos. “Nosso livre jornalismo existe para responsabilizar aqueles que estão no poder, não para agir como porta-voz deles. Qualquer tentativa governamental de enfraquecer essa liberdade fundamental merece ser condenada”, concluiu.
A Casa Branca ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações.