Carreira marcada por sucessos e conflitos
Sam Moore, conhecido por ser a voz principal do duo Sam & Dave, morreu na sexta-feira (10/1) em Coral Gables, Flórida, aos 89 anos. A informação foi divulgada por seu agente, que confirmou que o músico morreu devido a complicações durante a recuperação de uma cirurgia.
Com hits como “Hold On, I’m Coming” e “You Don’t Know Like I Know”, Sam & Dave popularizaram um estilo que misturava o fervor dos corais gospel com a energia do soul e influenciaram gerações. Descrito pelo Rock and Roll Hall of Fame como “o maior de todos os duos de soul”, a dupla foi incluída na instituição em 1992, um reconhecimento pelo impacto cultural e musical do grupo.
Formado em 1961 em Miami, o duo contou com Moore, que já havia passado por grupos de música gospel, e Dave Prater, também com raízes no gospel. O encontro ocorreu no clube The King of Hearts, onde foram descobertos pelo produtor Henry Stone.
Ascensão e parcerias musicais históricas
Apesar de uma passagem discreta pela gravadora Roulette Records, a carreira da dupla deslanchou em 1965, quando passaram a integrar a Stax Records. Com produção assinada por Isaac Hayes, além do acompanhamento de Booker T & The M.G.’s e Memphis Horns, Sam & Dave lançaram uma sequência de dez músicas que chegaram ao Top 20 da parada de R&B, entre elas “When Something Is Wrong With My Baby” e o grande hit “Soul Man”, de 1967.
A relação conturbada entre Moore e Prater levou ao fim da dupla em 1970. Desde então, tiveram reconciliações pontuais e cantaram juntos pela última vez em 1981, em San Francisco. Prater morreu em um acidente de carro em 1988.
Carreira solo e ativismo
Moore seguiu carreira solo, gravando músicas ao lado de artistas como Lou Reed e Don Henley, além de participar de trilhas sonoras e projetos como os filmes e shows dos Blues Brothers – “Irmãos Cara-de-Pau” no Brasil – , que incluíam os músicos da banda Booker T & The M.G.’s e vários hits de seu repertório. Ele também foi destaque no filme “Tapeheads” e participou de documentários como “Only the Strong Survive”.
Um marco em sua vida pessoal foi a luta contra a dependência de drogas, com o apoio de sua esposa, Joyce McRae, com quem se casou em 1982. Após superar o vício, Moore se tornou um defensor ativo de programas de combate às drogas e militou em defesa dos direitos de artistas, incluindo ações para garantir o pagamento de royalties e combater grupos que usavam nomes de bandas sem membros originais.
Reconhecimentos e últimas apresentações
O legado de Moore foi constantemente celebrado. Além de ser homenageado com o Grammy Hall of Fame em 1999 por “Soul Man”, ele participou de apresentações marcantes, como o 25º aniversário do Rock and Roll Hall of Fame, quando dividiu o palco com Bruce Springsteen e The E-Street Band em 2009.
Seu último álbum solo, “Overnight Sensational”, produzido por Randy Jackson em 2006, contou com participações de nomes como Sting, Mariah Carey, Eric Clapton e Billy Preston. O trabalho rendeu uma indicação ao Grammy com a regravação de “You Are So Beautiful”.
Ele deixou sua esposa, Joyce McRae, e, segundo ele próprio estimava, entre 14 e 15 filhos de relacionamentos com fãs.