Agenda de eventos em São Paulo
A Paris Filmes confirmou que o diretor francês Jacques Audiard e a atriz Karla Sofía Gascón estarão no Brasil para promover “Emilia Pérez”. A dupla participará de eventos em São Paulo entre os dias 20 e 22 de janeiro, mas detalhes sobre a programação não foram divulgados.
A produção, considerada uma das principais rivais de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, na temporada de premiações, venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia ou Musical. O longa também conquistou os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante (Zoe Saldaña), Melhor Canção Original (“El Mal”) e Melhor Filme Estrangeiro, categoria em que venceu “Ainda Estou Aqui”.
Trama e elenco internacional
“Emilia Pérez” traz a história de um chefão do tráfico de drogas que busca realizar seu maior desejo: passar por uma cirurgia de redesignação sexual e viver como mulher. Zoe Saldaña interpreta a advogada encarregada de ajudá-lo, enquanto Selena Gomez vive a esposa da protagonista, interpretada por Karla Sofía Gascón.
Dirigido por Jacques Audiard, o filme teve première no Festival de Cannes do ano passado, onde conquistou o Prêmio do Júri e o de Melhor Atriz, dividido entre todas as protagonistas: Selena Gomez, Zoe Saldaña, Karla Sofía Gascón e Adriana Paz.
Polêmica sobre representatividade e cultura mexicana
Apesar das premiações, o longa tem enfrentado críticas na América Latina, especialmente no México, onde se passa a história. As principais contestações envolvem a representação cultural e a escolha do elenco, formado em sua maioria por atores americanos e europeus.
Audiard reconheceu que realizou pouca pesquisa sobre a cultura mexicana. “O que eu tinha que entender eu já sabia um pouco”, afirmou o diretor, que nem foi ao México filmar – rodou “Emilia Pérez” nos arredores de Paris. A declaração gerou reações negativas, incluindo a crítica do ator mexicano Mauricio Martínez: “Um México cheio de estereótipos, ignorância e falta de respeito, lucrando com uma das mais graves crises humanitárias do mundo – os desaparecimentos em massa do país.”
A diretora de elenco Carla Hool também foi alvo de críticas ao justificar que as atrizes americanas de ascendência latina foram selecionadas por serem “as melhores para encarnar as personagens”. A declaração foi considerada desrespeitosa com o talento das atrizes mexicanas, com comentários nas redes sociais destacando a qualidade de artistas locais que poderiam ter sido escolhidas.
Em artigo publicado pelo “El País”, o filósofo e cineasta espanhol Paul B. Preciado, diretor de “Orlando, Minha Biografia Política”, ainda argumentou que a narrativa do filme perpetua representações patologizantes e colonialistas de pessoas trans, ao associar a transição de gênero à criminalização e exotização. Ele também criticou o uso do espanhol mexicano por atrizes estrangeiras que não dominam o idioma com fluência. “Carregado de racismo e transfobia, ‘Emilia Pérez’ reforça a narrativa colonial e patologizante não só da transição de gênero, mas também da cultura mexicana”, concluiu.