Promotoria aponta ausência de conduta criminosa
O Ministério Público de São Paulo arquivou a denúncia de injúria racial feita contra Ana Paula Minerato. O caso ganhou notoriedade em novembro do ano passado, quando um áudio atribuído à ex-Panicat foi divulgado, contendo falas racistas sobre Ananda, cantora do Melanina Carioca, durante uma conversa com o ex-namorado, o rapper KT Gomez. No trecho, a modelo proferiu frases como: “Você gosta de cabelo duro, KT? Você gosta de mina do cabelo duro, de neguinha? Porque isso ali é neguinha, né? Alguém ali, o pai ou a mãe, veio da África.”
O promotor Carlos Alberto Scaranci Fernandes justificou o arquivamento alegando falta de elementos suficientes para dar prosseguimento ao processo. “Não é possível vislumbrar a ocorrência de qualquer conduta criminosa. Examinando o expediente, tenho que não há justa causa para prosseguir”, afirmou o magistrado em trecho do documento oficial. “Somente resta providenciar o arquivamento, uma vez que não há justa causa para apuração de crime.”
Reação de Ana Paula Minerato
Ana Paula Minerato celebrou a decisão nas redes sociais, descrevendo o desfecho como “a vitória do bem contra o mal”. “É que no final… O bem sempre vence o mal! O bem e a verdade”, escreveu a modelo em seus stories no Instagram na última segunda-feira (13/1).
O tom atual contrasta com o discurso adotado logo após a denúncia. Na época, Minerato reconheceu o erro e fez um pedido público de desculpas em vídeo: “Estou muito mal, gente. Muito mal, muito mal. Sei que o que resultou nisso foi algo horrível. Até quero pedir desculpa para todo mundo que se sentiu atingido e ofendido, porque realmente foi uma ofensa a uma pessoa que eu nem conheço. Então, quero pedir desculpa para todo mundo: para a Ananda, de verdade. Está aqui registrado meu pedido de perdão.”
Posicionamento de Ananda
Na época, Ananda criticou duramente o pedido de desculpas de Ana Paula, considerando-o uma tentativa de se vitimizar. “Show de coitadismo”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo.
A cantora ressaltou que a questão não se limitava a um ataque pessoal, mas a um problema coletivo que envolve toda a comunidade negra. “Ela não me ofendeu. Ela feriu uma comunidade que é morta pela cor de sua pele, não se trata apenas de mim. Espero que a justiça seja feita. As pessoas querem ela presa, mas, pela impunidade acerca desses crimes de racismo, pode ser que não seja. Precisamos entender de que forma ela vai pagar. Não tem desculpa para crime”, declarou.
Ananda também comentou que nunca havia passado por situação semelhante e destacou a gravidade das provocações racistas. “A gente que tem traços negroides sofre provocações mais veladas. A impunidade está tão grande que não só as pessoas negras retintas estão sendo colocadas no discurso de ódio.”
Após o arquivamento e a celebração de Ana Paula, Ananda escreveu nos Stories do Instagram: “Quem seria o mal, Ana Paula Minerato? Podia ter ficado quieta, né?”
