Ariadna Arantes, primeira trans do BBB, acusa Globo de silenciá-la: “Fui cortada do documentário”

Ex-participante afirma ter gasto mais de R$ 24 mil com viagem ao Brasil para gravar sua participação e critica falta de explicações da emissora

Divulgação/Globo

Relato sobre o corte do depoimento

Ariadna Arantes, primeira mulher trans a integrar o “Big Brother Brasil”, acusou a TV Globo de excluir seu depoimento do episódio do documentário “BBB: O Documentário – Mais que uma Espiada”, exibido nesta quarta-feira (8/1). Em vídeo publicado nesta quinta-feira (9/1), Ariadna disse ter sido surpreendida com a notícia de que sua participação havia sido cortada.

“Quando eu acordei, abri meu WhatsApp e tinha uma mensagem escrita dizendo que o dia do meu episódio tinha sido mudado, que não passaria na quarta-feira à noite. Fiquei surpresa, fiz os stories avisando a vocês. Enquanto estava rolando o documentário, eu recebi uma outra notícia, que eu simplesmente fui cortada do documentário”, explicou.

Investimento pessoal e indignação

A ex-participante do “BBB 11” revelou que, ao aceitar o convite da produção, precisou interromper suas férias na Austrália para viajar ao Brasil e gravar seu depoimento. Segundo ela, os custos da viagem foram pagos do próprio bolso. “Me foi informado que não teria cachê, e que não teria [orçamento] pra pagar a minha passagem”.

Além das passagens, Ariadna destacou que precisou comprar roupas para a participação. Ela reforçou o motivo de ter aceitado o convite, mesmo sem compensação financeira. “Conversei com algumas pessoas próximas e vi a importância que seria participar desse documentário. Sendo assim, eu aceitei o convite e decidi pagar do meu bolso. A soma, que já fiz a conversão, foi R$ 24.593,53”, detalhou, mencionando despesas em dólares australianos, reais e euros.

Desabafo sobre invisibilidade

A ex-participante do “BBB 11” considerou a decisão da Globo um gesto humilhante e lamentou não ter recebido nenhuma justificativa oficial. “Isso é triste demais, me sinto humilhada mais uma vez. Janeiro é o mês da visibilidade trans. Seria muito importante e simbólico para mim estar neste documentário. Vejo que mais uma vez tentam me apagar ou me invisibilizar”, afirmou ao colunista Gabriel Perline após a repercussão de sua denúncia.

Ariadna também rebateu conselhos de amigos que sugeriram evitar manifestações públicas para não prejudicar futuros convites da emissora. “Meus amigos até me aconselharam a não me manifestar por receio de fechar portas com a Globo. Mas que portas são essas que nunca estão abertas para mim?”

Pedido de respeito

Ariadna disse ter recebido apoio de uma produtora que mencionou a possibilidade de ressarcir parte dos gastos, mas reforçou que sua intenção não era financeira. “Eu não estou buscando dinheiro, sabe? Eu queria apenas que me respeitassem. Nem ao menos uma justificativa para terem me cortado foi dada. Mais uma vez eu fico sem respostas e sou obrigada a ficar em silêncio?”, questionou.

Até o momento, a Globo não se pronunciou sobre o ocorrido. O espaço segue aberto para posicionamentos e atualizações sobre o caso.