Niels Arestrup, ator de “Um Profeta”, morre aos 75 anos

Astro francês foi vencedor de três prêmios César e um Molière por sua contribuição ao cinema e ao teatro

Divulgação/Canal+

O ator Niels Arestrup, que marcou o cinema francês com sua performance em “O Profeta”, morreu neste domingo (1/12), aos 75 anos, em sua casa em Ville-d’Avray, nos arredores de Paris. A notícia foi confirmada por sua esposa, Isabelle Le Nouvel, que declarou em comunicado: “Estou profundamente triste por anunciar a morte do meu marido, o grande ator Niels Arestrup, após uma corajosa batalha contra a doença. Faleceu rodeado pelo amor da sua família.”

Infância e origens

Nascido em 8 de fevereiro de 1949, em Montreuil, França, Arestrup era filho de pai dinamarquês, que se estabeleceu no país durante a 2ª Guerra Mundial, enquanto fugia do nazismo. Criado em um ambiente modesto na região de Bagnolet, nos arredores de Paris, o ator descobriu sua paixão pelo teatro em aulas da atriz Tania Balachova – “um acidente da vida”, ele costumava dizer.

Ao longo de cinco décadas de carreira, o ator permaneceu fiel às artes cênicas, rejeitando a fama. “Como se pode imaginar, sendo filho de um operário de Bagnolet nos anos 1950, o espetáculo, o teatro e o cinema não me passavam pela cabeça”, declarou ao jornal Le Figaro em 2021. Mesmo assim, tornou-se uma presença constante nos palcos e nas telas.

Parceria premiada com Audiard

Apesar de estreado no cinema em 1976, com “Se Tivesse que Refazer Tudo” de Claude Lelouch, Arestrup só se tornou uma figura emblemática das telas no século 21, graças às suas colaborações com o diretor Jacques Audiard, que lhe renderam dois prêmios César de Melhor Ator Coadjuvante em “De Tanto Bater Meu Coração Parou” (2005) e “Um Profeta” (2009).

“Um Profeta” acabou se tornando seu trabalho mais famoso. No filme, Arestrup interpretou o mafioso corsa César Luciani, um personagem central na narrativa, que conhece o jovem protagonista Malik El Djebena (Tahar Rahim) em meio à violência e jogos de poder dentro de uma prisão, numa relação de mestre e discípulo do crime.

Outros prêmios

A carreira de Arestrup foi repleta de personagens complexos e muitas vezes perturbadores, como os patriarcas de “De Tanto Bater Meu Coração Parou” e “Em Busca de uma Nova Vida” (2011), e principalmente o general nazista Dietrich von Choltitz em “Diplomacia” (2014), papel que desempenhou tanto no teatro quanto no cinema. Mas ele conquistou seu terceiro César por uma comédia leve, “Palácio Francês” (2013), dirigida por Bertrand Tavernier.

Junto de suas três vitórias no César, ele também foi indicado pelos filmes “Em Busca de uma Nova Vida” (2011), “Diplomacia” (2015) e “Nos Vemos no Paraíso” (2017), além de ter participado de produções internacionais de destaque, como “O Escafandro e a Borboleta” (2007) e “Cavalo de Guerra” (2011).

Já por seu trabalho no teatro, ele venceu o Prêmio Molière de Melhor Ator em 2020 pela peça “Red” e foi indicado outras vezes por atuações em “Copenhague” (2000), “Cartas a um Jovem Poeta” (2006) e “Diplomacia” (2012).

Apesar de ter ganhado maior notoriedade como coadjuvante, Arestrup sempre tratou seus papéis com a intensidade e a dedicação de um protagonista. Jacques Audiard, com quem trabalhou em seus filmes mais emblemáticos, o descreveu como um ator “exigente e absolutamente comprometido”.