Lucas Lucco revela preconceito que enfrentou em parceria com Pabllo Vittar

Cantor assumiu que a colaboração em 2017 o impactou emocionalmente e destacou avanços na diversidade musical e social

YouTube/Lucas Lucco

Parceria pioneira

Lucas Lucco recorreu às redes sociais para elogiar a recente parceria musical entre Pabllo Vittar e João Gomes, aproveitando para relembrar os desafios enfrentados quando gravou “Paraiso” com Pabllo em 2017. Na época, o cantor foi alvo de preconceito e críticas intensas, experiências que ele detalhou em seu desabafo.

“Eu fui dos primeiros artistas fora da ‘bolha’ a gravar com uma drag. Eu tinha total consciência de todo o meu propósito em gravar uma música com ela e ninguém sabia que eu conhecia o trabalho da Pabllo há muitos anos, antes de ela ser famosa, porque eu tinha amigos em comum com ela lá na minha cidade, em Uberlândia. Sempre achei ela talentosa ao extremo”, disse Lucas, revelando sua admiração pela artista.

Segundo o cantor, ele acreditava no potencial de Pabllo para romper barreiras no cenário musical. “Falei [pro meu empresário]: ‘Investe nisso, que vai dar muito bom no pop’. Aí ele acreditou. Desde o princípio eu sabia que ia ser uma explosão, que ia quebrar muitos paradigmas.”

Impacto e desafios enfrentados

A decisão de colaborar com Pabllo também teve um impacto significativo em sua carreira e na forma como era percebido. “Quando eu vi o trabalho dela sendo reconhecido, eu falei: ‘Sou um cantor estigmatizado como um hétero top, pelas músicas, que me davam a fama de pegador’. O cara heterozaço, sertanejo, e eu pensei: ‘Se eu fizesse um movimento de gravar isso com a Pabllo, eu acho que vou dar o primeiro passo em direção ao invisível, ao pioneirismo’.”

Lucas relatou que a colaboração não foi bem recebida por muitos e revelou o preconceito enfrentado. “Agora o João Gomes está gravando com ela e ninguém está chamando ele de v*ado igual fizeram comigo. Eu recebi muita crítica, porque nasci no sertanejo, foi como se o pessoal tivesse me cancelado. De fato, aconteceu isso.”

O cantor também comentou sobre o impacto emocional das críticas. “Entrei numa depressão braba, porque eu não conseguia lidar bem com a enxurrada de críticas, mas o que me ajudou e me ajuda até hoje é esse propósito, daqui 50 anos uma pessoa vai ver aquele clipe e vai entender a mensagem que eu quis passar.”

Mensagem visual e significado

Ao refletir sobre o clipe que produziu com Pabllo, Lucas explicou a simbologia do trabalho. “A gente tem dois ambientes: São Paulo, que é um lugar sujo, poluído, cinza, e Barra Grande, na Bahia, que é um paraíso, um lugar lindo, com mar e sol. A gente está nesse lugar sujo sem se tocar, mas, quando a gente se toca, é levado para um paraíso onde isso é absolutamente normal. Não seremos julgados por isso”, concluiu.