Claudia Leitte volta a substituir Iemanjá por Yeshua e enfrenta denúncia de racismo religioso

Cantora altera letra de "Caranguejo" novamente, provocando reações de lideranças afro-brasileiras e investigação do MP-BA

Instagram/Claudia Leitte

Alteração na letra da música

Claudia Leitte voltou a modificar a letra da música “Caranguejo” durante sua apresentação no pré-Réveillon no Recife, na noite de sábado (28/12). No trecho onde originalmente se canta “Saudando a rainha Iemanjá”, a cantora optou por “Eu canto meu Rei Yeshua”, uma referência a Jesus em algumas tradições cristãs. Desde 2014, Claudia se identifica como evangélica.

Essa mudança já havia sido realizada em Salvador, no último dia 14, e gerou críticas de lideranças religiosas afro-brasileiras, que consideram a alteração um desrespeito cultural.

Denúncia por racismo religioso

Após o show em Salvador, a yalorixá Jaciara Ribeiro e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) formalizaram uma denúncia de racismo religioso contra Claudia Leitte. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) acolheu a denúncia e abriu uma investigação para avaliar se a modificação pode ser enquadrada como uma forma de discriminação. Os denunciantes argumentam que a substituição do nome de Iemanjá descontextualiza a música e demonstra desprezo às religiões afro-brasileiras.

Em suas redes sociais, Pedro Tourinho, secretário de Cultura de Salvador (BA), lamentou o episódio. “Quando um artista saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo.”

A resposta da cantora

A cantora se pronunciou sobre o assunto numa coletiva de imprensa antes de sua participação no Festival da Virada de Salvador. Claudia afirmou que “esse assunto [racismo] é um assunto muito sério”. Em resposta às acusações, a cantora destacou a importância de tratar o tema com profundidade. “De meu lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial”, declarou.

Ela também enfatizou valores como respeito e integridade. “Eu prezo muito pelo respeito, pela solidariedade, pela integridade. A gente não pode negociar esses valores de jeito nenhum, nem colocar isso dessa maneira, jogado ao tribunal da internet. É isso”, concluiu.

Sem se aprofundar mais, ela não comentou sobre a continuidade das mudanças realizadas nas apresentações ao vivo da música.

O espaço segue aberto para declarações e atualizações por parte da cantora ou de sua assessoria.