Cinema brasileiro atinge melhor arrecadação desde a pandemia com R$ 220 milhões em 2024

Leis de incentivo e sucesso de filmes como "Ainda Estou Aqui", "Minha Irmã e Eu" e "Auto da Compadecida 2" impulsionaram o setor

Instagram/Selton Mello

Crescimento do cinema nacional

O cinema brasileiro alcançou em 2024 seu melhor desempenho desde a pandemia, com arrecadação de mais R$ 220 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) atualizados com as últimas bilheterias do ano. O setor foi impulsionado por uma combinação de investimentos culturais, leis de incentivo e produções de destaque como “Ainda Estou Aqui”, “Minha Irmã e Eu” e “O Auto da Compadecida 2”.

Leis como a Lei Paulo Gustavo, que destinou R$ 3,8 bilhões para o setor cultural — dos quais 55,3% foram direcionados ao audiovisual —, e a renovação das cotas de tela para 2025 ajudaram a reverter o cenário de desmonte vivido nos últimos anos.

Impacto da política cultural

Em 2024, 11 milhões de brasileiros assistiram a filmes nacionais, marcando um crescimento significativo em relação aos anos anteriores. Em 2023, foram apenas 3 milhões de espectadores, enquanto 2022 registrou 4 milhões e 2021 ficou abaixo de 1 milhão.

O crescimento reflete diretamente um aumento no apoio governamental, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destinando mais verbas para a Ancine, prorrogando a Lei do Audiovisual e destinando cotas de tela para a produção nacional, em franco contraste com o governo Bolsonaro, que deixou as cotas vencerem sem renovação e praticou um verdadeiro desmonte cultural como política de governo. As ações de Bolsonaro resultaram nas piores bilheterias do cinema brasileiro desde a Retomada dos anos 1990. Em contraste, durante o governo Lula, o país revive o clima da Retomada, assim batizada por refletir uma reação da produção cinematográfica após outro governo desastroso, o de Fernando Collor, que acabou com a Embrafilme.

Na semana passada, Lula garantiu R$ 300 milhões em renúncia fiscal para o setor cinematográfico em 2025. Segundo o governo, a medida faz parte de um esforço para corrigir as políticas culturais, ampliando os incentivos à produção nacional.

Fenômeno “Ainda Estou Aqui”

O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, foi o grande destaque do cinema nacional em 2024. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, o longa atraiu mais de 3 milhões de espectadores e arrecadou mais de R$ 63 milhões. Lançado em 7 de novembro, a produção liderou as bilheterias brasileiras, superando títulos internacionais como “Gladiador 2”, “Venom 3” e “Wicked”. Nas duas primeiras semanas, “Ainda Estou Aqui” faturou R$ 27,7 milhões, ultrapassando “As Marvels”, da Marvel Studios, que arrecadou R$ 19,1 milhões no mesmo período.

Com esse desempenho, o longa se tornou a maior bilheteria da carreira de Walter Salles, superando “Central do Brasil”, que levou 1,6 milhão de pessoas aos cinemas em 1998. Além disso, desbancou “Minha Irmã e Eu” como o filme nacional mais visto em 2024, consolidando sua posição entre os cinco maiores sucessos de bilheteria do ano.

Fenômeno “O Auto da Compadecida 2”

Para fechar o ano com chave de ouro, “O Auto da Compadecida 2” registrou a maior estreia nacional de 2024, atraindo mais de 1 milhão de espectadores entre o feriado de Natal e o último domingo (29/12). O longa estrelado por Matheus Nachtergaele e Selton Mello arrecadou R$ 19,6 milhões no lançamento estendido.

Para dar a dimensão da façanha, vale apontar que “Ainda Estou Aqui” demorou duas semanas para alcançar a marca de 1 milhão de espectadores, número atingido por “O Auto da Compadecida 2” já no seu lançamento.