Quincy Jones, lendário produtor de “Thriller”, morre aos 91 anos

Artista impactou do jazz ao pop e teve uma carreira de sucesso em Hollywood

Divulgação/Netflix

Despedida do produtor musical

O lendário produtor e arranjador musical Quincy Jones, conhecido por assinar os principais álbuns de Michael Jackson, morreu no último domingo (3/11) aos 91 anos. Seu assessor, Arnold Robinson, afirmou que ele faleceu cercado da família em sua casa em Bel Air, em Los Angeles.

“Com corações cheios, mas partidos, devemos compartilhar a notícia do falecimento de nosso pai e irmão Quincy Jones”, disse a família, em um comunicado enviado à imprensa. “E, embora esta seja uma perda incrível para nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”.

Carreira aclamada

Nascido em Chicago, Quincy Jones costumava citar hinos religiosos que sua mãe, Sarah Frances, cantava como suas primeiras memórias musicais. Quando ele tinha sete anos, a matriarca foi internada com diagnóstico de esquizofrenia, algo que deixou seu mundo “sem sentido”.

Jones acabou se envolvendo com gangues da cidade até começar a tocar piano na casa de um vizinho. Anos depois, ele se viu tocando trompete e sendo amigo próximo do então jovem músico Ray Charles e iniciou uma carreira bem-sucedida no jazz, lançando vários discos de jazz no decorrer da carreira.

Jones chegou a ter um hit nos anos 1960, “Soul Bossa Nova”, que entrou na trilha de vários filmes, com destaque para “Austin Powers”, onde virou o tema principal. A faixa também ficou marcada num comercial da Nike para a Copa do Mundo de 1998, que mostrava jogadores da seleção brasileira e outros times jogando na praia.

Sua ligação com o cinema ainda incluiu a composição de várias trilhas clássicas de Hollywood, incluindo os thrillers “O Homem do Prego” (1964), que popularizou “Soul Bossa Nova”, e “Miragem” (1965), dois clássicos de Sidney Poitier, “Uma Vida em Suspense” (1965) e “No Calor da Noite” (1967), o primeiro “true crime”, “A Sangue Frio” (1967), e o cultuado filme de assalto “Um Golpe à Italiana” (1969).

Realizações e premiações

Ele já estava com a carreira estabelecida no início dos anos 1960, quando se tornou vice-presidente da gravadora Mercury Record. E, em 1971, tornou-se o primeiro diretor musical negro de uma cerimônia do Oscar. Ele também recebeu títulos honorários de Harvard, da Berklee School of Music e de outras instituições. E por falar em títulos, conquistou uma extensa lista de premiações, com 28 Grammys e até um Emmy, pela trilha da minissérie “Raízes” (1977).

Jones ainda foi indicado a sete Oscars, três deles por “A Cor Púrpura” (1986), que ele produziu e musicou, e recebeu dois Oscars honorários pelas realizações da carreira.

Sua vida também serviu de inspiração para a série “Um Maluco do Pedaço” (1990–1996), que ele produziu. Foi o artista, por sinal, quem convidou Will Smith para estrelar a atração, transformando o rapper em ator.

Trabalho com famosos

Ele foi o mentor de vários talentos e ajudou a lançar os discos mais memoráveis de Michael Jackson, que ele arranjou e produziu: “Off The Wall” (1979), “Bad” (1987) e “Thriller” (1983), fenômeno mundial que vendeu mais de 20 milhões de cópias apenas no ano de lançamento. Como produtor, ainda assinou “We Are The World” (1985), a mais famosa gravação beneficente de todos os tempos, que reuniu dezenas de estrelas internacionais para arrecadar fundos para a África.

O músico teve trabalhos aclamados ao lado de diversos artistas de soul, pop e rock como Lionel Richie, Bob Dylan, Stevie Wonder, Cindy Lauper e Bruce Springsteen, além de ter produzido arranjos para ícones do jazz como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald e ter participado de turnês com lendas do gênero como Count Basie, Lionel Hampton e Billy Holiday.

Jones também era fã da música popular brasileira (MPB) e teve parcerias significativas com Milton Nascimento, Ivan Lins e Simone, além de ter desfilado na Portela em 2006, quando subiu no alto de um carro alegórico em defesa do enredo “Brasil, marca a tua cara e mostra para o mundo”.