Perfis de direita pedem boicote de “Ainda Estou Aqui”

Apesar do pedido, o filme já arrecadou mais de R$ 8,6 milhões em bilheterias nos cinemas brasileiros

Divulgação/Conspiração Filmes

Boicote bolsonarista

Uma série de perfis que se posicionam politicamente à direita estão pregando um boicote ao filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata a brutalidade da ditadura militar. Desde antes da estreia, na última quinta-feira (7/11), os perfis dizem que os fatos seriam inverídicos e até que a protagonista Fernanda Torres teria “preconceito contra crentes”.

No X (antigo Twitter), um internauta compartilhou uma foto do encontro da atriz brasileira com o presidente Lula para reforçar a tese de que a produção deveria ser boicotada pelos espectadores. “Com medo de Boicote, Fernanda Torres, eleitora de Lula que já afirmou ter preconceito contra crentes, agora pede paz e diz que seu filme ‘Ainda Estou Aqui’ é para todos… Você vai boicotar o filme?”, escreveu.

Outro perfil ainda fez um trocadilho com o título do longa: “E Ainda Estou Boicotando”…. E Você?”. “Não vou assistir nem de graça”, garantiu o internauta, incluindo um selo de “Boicote sem dó” para reforçar que não teria interesse no filme dirigido por Walter Salles.

Como se não fosse suficiente, ainda há perfis bolsonaristas sugerindo que o filme não estaria tendo sucesso nas bilheterias nacionais, embora a realidade nos cinemas seja totalmente oposta às publicações dos internautas. Eles dizem que os atores estariam perdendo o prestígio do público.

“Curiosamente, os artistas brasileiros de esquerda não sabiam que grande parte do público que os apoiava e sustentava em sua maioria eram de direita, logo sua arrogância fez com que perdessem esse público e agora estão ficando em dificuldades”, comentou um perfil, sem comprovar a teoria.

Público abraça filme

Na realidade, o movimento de boicote não passa de um bolha que não vem dando resultados efetivos, já que “Ainda Estou Aqui” alcançou a liderança da bilheteria nos cinemas brasileiros em seu fim de semana de estreia.

Com uma arrecadação de cerca de R$ 8,6 milhões, a produção, que foi premiada no Festival de Cannes e representa o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar, atraiu 358 mil espectadores entre quinta-feira (7/11) e domingo (10/11), correspondendo a 27% do total da bilheteria nacional do período, segundo dados da consultoria Comscore.

Essa performance coloca “Ainda Estou Aqui” como a terceira maior estreia brasileira de 2024, ficando atrás apenas de “Nosso Lar 2: Os Mensageiros”, que somou R$ 12 milhões e 553 mil espectadores, e “Os Farofeiros 2”, com R$ 9,1 milhões e 447 mil ingressos vendidos em seus respectivos fins de semana de lançamento.

Sobre a trama

“Ainda Estou Aqui” narra a vida de Eunice Paiva (Fernanda Torres), mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e viúva do deputado Rubens Paiva (Selton Mello), morto pela ditadura militar em 1971. O filme explora a busca de Eunice por respostas após o desaparecimento de seu marido, que foi levado de casa no Leblon, Rio de Janeiro, e nunca mais voltou. A obra traz à tona uma história verdadeira de dor e resistência durante um dos períodos mais sombrios da história brasileira.

Com o boicote, a trama de denúncia aos horrores da ditadura militar acabou repetindo a trajetória de “Marighella”, “Medida Provisória”, “Ô Pai ô 2” e “Minha Irmã e Eu”, filmes que também enfrentaram campanhas de extremistas nas redes sociais e se transformaram em grandes sucessos do cinema brasileiro.