Nego Di pode voltar à prisão após postagem de advogadas

O MP está avaliando se a aparição do ex-BBB nas redes sociais violaria as medidas cautelares da liberdade provisória

Instagram/Nego Di

O Ministério Público do Rio Grande do Sul está analisando se o humorista Dílson Alves da Silva Neto, mais conhecido como Nego Di, violou as medidas cautelares impostas pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) ao lhe conceder liberdade provisória. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (29/11) pelo colunista Ulisses Campbell, do jornal O Globo.

O ex-BBB conseguiu a liberdade provisória por meio de um habeas corpus na quarta-feira (27/11), após passar mais de quatro meses na Penitenciária Estadual de Canoas, no Rio Grande do Sul. Contudo, o STF determinou algumas regras: como o comparecimento periódico em juízo, proibição de mudança de endereço sem autorização, recolhimento do passaporte e restrição ao uso de redes sociais.

A última exigência teria sido violada pelas advogadas Tatiana Vizzoto Borsa e Camila Kersch Rodrigues, que publicaram uma foto no Instagram brindando a soltura de Nego Di com taças de espumantes. O humorista apareceu sorrindo no fundo da imagem, algo que motivou a investigação do Ministério Público.

Procurada pelo colunista, Tatiana justificou que viu a proibição judicial como sendo restrita aos perfis de Nego Di. “As fotos estão no meu perfil. Por isso, não vemos problema”, avaliou ela. Apesar do argumento, as advogadas apagaram todas as publicações em que o humorista aparece nas contas de terceiros (esposa e diversos amigos) para evitar interpretações desfavoráveis.

Fora da internet

Nego Di foi proibido judicialmente de aparecer nas redes sociais devido aos crimes que teria cometido, lesando seguidores de seus perfis. A Justiça também levou em consideração o possível constrangimento das vítimas ao se depararam com o acusado.

Vale mencionar que o humorista conseguiu a liberdade provisória sob justificativa de que não teve nenhuma intenção de prejudicar terceiros. Ele ainda afirmou que ressarciu as vítimas do suposto esquema fraudulento.

Acusações e investigações

Nego Di foi preso em 14 de julho na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, acusado de estelionato e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Civil, a loja virtual Tadizuera, administrada por ele, permitia a compra de produtos como televisores e aparelhos de ar-condicionado, que nunca eram entregues.

A investigação apontou que, mesmo ciente da impossibilidade de cumprir as entregas, Nego Di continuava a realizar vendas e prometia aos clientes que os itens seriam enviados. A Tadizuera operou de 18 de março a 26 de julho de 2022, período em que movimentou mais de R$ 5 milhões em contas vinculadas à loja.

Em outubro, a defesa de Nego Di já havia solicitado um pedido de soltura, que foi negado pela 2ª Vara Criminal de Canoas. Na ocasião, a juíza Patricia Pereira Krebs Tonet justificou que “os indícios de autoria e materialidade identificados ainda na fase investigativa continuavam inalterados, impedindo que se concluísse pela eficácia de medidas mais brandas diversas da prisão”.