Maurício Kubrusly desistiu de eutanásia após pedidos da esposa

Beatriz Goulart contou que buscou tratamentos alternativos para o repórter "conseguir lidar" com a demência

Divulgação/Memória Globo

Morte intencional

Beatriz Goulart, a esposa de Maurício Kubrusly, revelou que o jornalista pensou em fazer eutanásia após diagnostico de Demência Fronto Temporal (DFT), uma condição que afeta o humor e o comportamento. A arquiteta não concordou com o marido e conseguiu convencê-lo de desistir da morte intencional.

“Numa situação como a que estamos passando, a morte é um assunto. Maurício chegou a mencionar seguir o mesmo caminho escolhido por Antônio Cícero. ‘Não tenho mais o que fazer aqui’, disparou [ele] certa vez. Eu o demovi da ideia. Não vou ficar viúva, não. Mas estou me preparando para o dia em que ele esquecer meu nome”, disse Beatriz em entrevista à Veja.

A arquiteta confessou que sente falta dos diálogos que tinha com o marido, mas reforçou que nunca deixou de ter carinho por ele. “É tudo muito doído. Hoje, vivo com um Maurício diferente a cada dia, mas continuo o amando na mesma intensidade”, afirmou ela, aceitando a nova realidade.

Primeiros sinais da doença

Beatriz também comentou que procurou tratamentos alternativos ao notar os primeiros sintomas de Kubrusly, que já não conseguia ler jornal direito e foi esquecendo de histórias importantes. Os médicos acreditavam que o repórter estava com Alzheimer, mas ela continuou buscando respostas para os sinais.

“Passei a ajudá-lo em sua comunicação com as pessoas. Sozinho, não dava mais. Procurei terapias desesperadamente, para ele conseguir lidar com tudo isso. É difícil diagnosticar uma doença dessas”, lamentou a arquiteta. “Maurício manteve por muito tempo a consciência do que estava acontecendo.”

A esposa de Kubrusly ainda contou que ele notava o esquecimento: “No meio da pandemia, depois de quase duas décadas de um relacionamento em casas separadas, ele propôs: ‘É hora da gente morar junto. Estou esquecendo as coisas’. […] Não dá para prever a velocidade com que a doença avança. Com Alzheimer, a pessoa pode viver uns vinte anos. Já com essa demência, dizem que a média é de quatro anos. Maurício já está há sete nessa luta”, disse.